A morte da recruta Fabiana Aparecida de Souza no Complexo de Alemão (UPP Nova Brasília) traz à tona uma aluvião de dúvidas sobre o real domínio policial em vista da pujança do tráfico naquele local. A novata, de apenas 30 anos de idade e um ano e pouco de polícia, foi abatida por uma arma de guerra (Fuzil 762.) ao tentar fugir dos tiros. Enfim, não soube se proteger nem reagir, apenas se pôs na linha de tiro e perdeu a vida. A morte dela, por demais gravosa, põe em xeque a aclamada ocupação da região pela força conjunta de militares federais, estaduais e policiais civis, com direito a imagens de bandidos em desesperada correria e a discursos jactanciosos de autoridades públicas no próprio local da vitoriosa ocupação. Vitoriosa?...
Na verdade, não há escapatória, o Complexo do Alemão não está dominado, e o assassinato de Fabiana não permite saídas enviesadas do tipo “caso isolado”. Não foi caso isolado, mas contextual, e deprimente, pois simboliza a derrota do sistema situacional ante o crime organizado do tráfico, que não é tão ficção como defendem os apologistas dos direitos humanos de marginais, que a mais e mais inibem a ação e a reação policial diante de um estado de guerra mui real e perigoso. Sim, uma derrota sem precedentes, sem explicação plausível, um xeque-mate!
Claro que os discursos oficiais minimizarão o fato. A jovem Fabiana, depois de sepultada, será não mais que estatística a engrossar a hipocrisia que sustenta essa falsa vitória do sistema estatal contra o crime. O que há, inegavelmente, é a consagração da impunidade, é a certeza do anonimato e, principalmente, e por interesse de ambos os lados da contenda, a certeza do esquecimento. E não importa que alguns bandidos sejam presos ou até mesmo o traficante que apertou o gatilho seja alcançado: a ação dos criminosos simboliza o fracasso da ocupação, seja por UPP ou por tropas federais. É emblemática demais a morte da recruta, da novata, da PM “purificada” por novos métodos de ensino no CEFAP. Talvez (quem sabe?) dentro daquela lógica do marechal Rondon que, por ironia, citei em outro artigo: “Morrer se preciso for; matar nunca!”.
Será que a novata, se fosse antiga, teria morrido? Será que a inexperiência dela lhe foi fatal? Como saber? Como pode um policial correr em direção ao oponente armado de fuzil? Será que a novata não avaliou a situação antes de sair correndo do bar para o container? Não lhe ocorreu que seria mais prudente proteger-se dentro do bar? Por que ela foi em direção da morte? Por que estava sozinha no bar?... Ora, não foi um gesto heroico, mas imprudência típica de quem não acreditava no perigo iminente, na possibilidade de a ocupação anterior ter sido fictícia! Porque, atingida frontalmente (não sei de que distância e não interessa muito o detalhe em virtude da arma que a abateu), a novata doou sua preciosa vida ao nada. Sim, ao nada, porque a morte dela pouco acrescentará à segurança genérica da sociedade, isto é pura falácia, que, decerto, será explorada.
Bem, fica aqui a minha continência para a jovem PM Fem Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, um ano e pouco de polícia (há quem tenha dito que ela estava na corporação há apenas quatro meses, talvez abatendo o período de formação de seis meses), morta gratuitamente ou pagando o preço do oba-oba estatal que um dia acabaria assim: em xeque-mate do sistema situacional. Sei, porém, que o sistema reagirá bem, empurrará com a barriga o problema, minimizando-o ao máximo, de modo que o dia de hoje empurre o dia de amanhã e os jornais se acumulem na peixaria, e da jovem morta não reste lembrança nem da alma, salvo seus familiares, que devem estar sofrendo deveras e assim permanecerão na dor familiar.
Na verdade, não há escapatória, o Complexo do Alemão não está dominado, e o assassinato de Fabiana não permite saídas enviesadas do tipo “caso isolado”. Não foi caso isolado, mas contextual, e deprimente, pois simboliza a derrota do sistema situacional ante o crime organizado do tráfico, que não é tão ficção como defendem os apologistas dos direitos humanos de marginais, que a mais e mais inibem a ação e a reação policial diante de um estado de guerra mui real e perigoso. Sim, uma derrota sem precedentes, sem explicação plausível, um xeque-mate!
Claro que os discursos oficiais minimizarão o fato. A jovem Fabiana, depois de sepultada, será não mais que estatística a engrossar a hipocrisia que sustenta essa falsa vitória do sistema estatal contra o crime. O que há, inegavelmente, é a consagração da impunidade, é a certeza do anonimato e, principalmente, e por interesse de ambos os lados da contenda, a certeza do esquecimento. E não importa que alguns bandidos sejam presos ou até mesmo o traficante que apertou o gatilho seja alcançado: a ação dos criminosos simboliza o fracasso da ocupação, seja por UPP ou por tropas federais. É emblemática demais a morte da recruta, da novata, da PM “purificada” por novos métodos de ensino no CEFAP. Talvez (quem sabe?) dentro daquela lógica do marechal Rondon que, por ironia, citei em outro artigo: “Morrer se preciso for; matar nunca!”.
Será que a novata, se fosse antiga, teria morrido? Será que a inexperiência dela lhe foi fatal? Como saber? Como pode um policial correr em direção ao oponente armado de fuzil? Será que a novata não avaliou a situação antes de sair correndo do bar para o container? Não lhe ocorreu que seria mais prudente proteger-se dentro do bar? Por que ela foi em direção da morte? Por que estava sozinha no bar?... Ora, não foi um gesto heroico, mas imprudência típica de quem não acreditava no perigo iminente, na possibilidade de a ocupação anterior ter sido fictícia! Porque, atingida frontalmente (não sei de que distância e não interessa muito o detalhe em virtude da arma que a abateu), a novata doou sua preciosa vida ao nada. Sim, ao nada, porque a morte dela pouco acrescentará à segurança genérica da sociedade, isto é pura falácia, que, decerto, será explorada.
Bem, fica aqui a minha continência para a jovem PM Fem Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, um ano e pouco de polícia (há quem tenha dito que ela estava na corporação há apenas quatro meses, talvez abatendo o período de formação de seis meses), morta gratuitamente ou pagando o preço do oba-oba estatal que um dia acabaria assim: em xeque-mate do sistema situacional. Sei, porém, que o sistema reagirá bem, empurrará com a barriga o problema, minimizando-o ao máximo, de modo que o dia de hoje empurre o dia de amanhã e os jornais se acumulem na peixaria, e da jovem morta não reste lembrança nem da alma, salvo seus familiares, que devem estar sofrendo deveras e assim permanecerão na dor familiar.
3 comentários:
Creio que não será difícil para a PM localizar e prender os bandidos que somente esperaram o Exercito se retirar para começar a agir, demonstrando que não estão preocupados com a reação da polícia, tamanha a ousadia; aliás, eles (os bandidos) provavelmente tentarão intimidar pelo terror, pelo fator surpresa e esse ataque foi um aviso que haverá mais confrontos. Quanto à jovem Fabiana, ela não tem culpa de nada; foi vítima de um sistema que precisa ser revisto a muito tempo, a começar pelas nossas leis arcaicas.
Amigo dileto,
belo texto, o teu, sobre o martírio da PM Fem FABIANA APARECIDA DE SOUZA. A inexperiência natural de uma novata colocada num altar de sacrifícios previsíveis como se apresentam as ditas UPPs,tábua de salvação de um certo estamento com interesses inconfessáveis, mistura de apoderamento político, financeiro e ideológico. No meio desse torvelinho ou, talvez, um ciclone ou, quem sabe, um furacão de interesses empurraram a PMERJ, instituição que atravessa hoje em dia uma das piores fases de toda a sua existência, com perda de identidade institucional, enfraquecimento acentuado de imagem e descaracterização estrutural. Até o seu Quartel General será vendido para uma petroleira e a corporação acha isso uma coisa natural! O conteiner para o qual a PM FABIANA APARECIDA correu para se abrigar, e logo onde, está se constituindo num símbolo da improvisação que assola todos os serviços do estado. Parece que tudo no Rio de Janeiro reflete o espírito janota, ridículo mesmo, do seu governador passeador e de aparência irresponsável. Nem é bom pensar o que pode ainda vir por aí. Enquanto morria a PM FABIANA o secretário beltrame 'vendia' a idéia da UPP em Nova York. Que coisa, hem? Pois bem, o que nos resta é nos unirmos na prece para que o Nosso Pai Eterno receba com honra a nossa irmã FABIANA APARECIDA, vítima da incúria dos incompetentes que se encontram de plantão neste estado desafortunado, como se não bastassem Garotinho, Rosinha e Benedita enfileirados...
Caríssimo Amigo,
Você sabe que sempre fui fã de seus textos. Esse não é diferente.O nosso erudito Monnerat sintetisou a minha opinião.As suas observações foram perfeitas.A idade e a experiência de vida foi cunhada em uma frase de Leonel Brizola. Quando ele ia comentar as políticas enganosas ele começava assim: "Nós que viemos de longe..."
Dessa forma, você, Jorge da Silva, Monnerat e outros que já viram muitos "filmes" semelhantes lamentam as enganações que rendem frutos políticos, porém, sem nenhuma efetividade para a população. Aliás, Jorge sempre chamou a atenção sobre as mortandades de um lado e de outro, onde brasileiros matam brasileiros de forma contínua semelhante ao que ocorre no oriente médio.Como as vítimas são sempre as mesmas, pois os pms também são tratados como peças de reposição, os donos do poder também continuarão com as suas viagens internacionais de luxo, as festas nababescas, as fazendas, etc. Já está tudo resolvido porque o que não tem solução já está solucionado. Um grande abraço.
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