Toda história costuma ter um desfecho que se amarra à primeira linha escrita. Assim é o Livro do Destino que nos comanda a vida; nós não podemos comandá-la, embora pensemos ser capazes de ditar regras para nossas existências futuras como se fôssemos deuses – infalíveis e inalcançáveis pela Foice da Morte. Mas nada levamos deste mundo em que vivemos como donos dele. Não somos donos de nada, tudo pertence ao Acaso ou à Divindade, que independem de nós, embora haja atualmente uma forte corrente de estudiosos garantindo que a força do pensamento positivo pode alterar isto.
Somos efêmeros; somos nada pensando ser tudo; não sabemos exatamente o que temos ou quem somos neste mundo de Deus, e Deus parece que se esqueceu de tudo e todos aqui. Este mundo é um nada, e a humanidade segue na ilusão de que um dia haverá um mundo melhor. Como haverá mundo melhor se as pessoas que o habitam são intrinsecamente ruins?... Eis uma indagação que deveria ser feita por todos nós ao acordarmos e nos sentarmos no vaso sanitário para jogar fora nossa ruindade acumulada. Sim, joga-se fora o dejeto, mas não se elimina o que vai dentro da cabeça: nossa maldade atávica, o desejo de sobrepujar nosso igual, de ter o que o outro tem, de viver a vida dele, de arrotar grandiosidade embora representemos apenas a voluptuosidade do nada.
Às vezes me preocupo com a limitação das pessoas, com a aceitação passiva, – da parte delas, – de falas alheias como verdades perenes: forma preguiçosa de viver... Não creio ser isto razoável. Sou questionador incorrigível, não aceito verdades de outrem, não sem antes analisá-las à luz do meu conhecimento ou da minha ignorância. Mas não aceito de antemão nada que me venha pronto e acabado. Rendo-me, porém, a comentários que não se encaminhem para a solução fechada e definitiva das coisas avaliadas. Quem somos nós para entender completa e definitivamente este mundo?
Vivemos numa sociedade que um dia emprestou seu poder a uma entidade chamada Estado, mas essa entidade nos devorou e hoje perdemos tempo a criticá-la sem substituí-la por outra entidade. Falta-nos imaginação e coragem.
Enquanto criticamos a entidade que criamos para nos organizar em “civilização”, ela nos devora com a avidez da faminta ave de rapina. E ainda conseguimos a proeza de culpar o Estado por nossos infortúnios. Mas ele segue indiferente aos nossos gritos, indiferente à nossa perplexidade, indiferente a nós, tal como o Universo.
O Estado é pura abstração na essência e realidade na sua existência cruel; sociedade é igualmente abstração. Temos como real uma individualidade abandonada e uma coletividade deturpada por conceitos e imposições do outro, pelo poder do outro acumulado em gerações sucessivas. Não somos mais micro-poderes de nada, não decidimos nada, distanciamo-nos definitivamente da Ágora de Péricles.
Continuamos reféns de uma falsa liberdade; a verdadeira liberdade não vence a barreira do sonho. Vivenciamos a derrota individual e coletiva para o micro-poder de alguns, aquele micro-poder que emprestamos um dia aos burocratas do Estado quando nos reunimos em sociedade. Não somos coletividade, não somos comunidade, não somos orgânicos, somos formais contra nós mesmos. Somos asnos; damos, sem pensar, armas a alguns poucos para nos dominar, somos asnos vestidos em pele de leões escapelados – pele morta. Somos uns derrotados pelo sistema que instituímos e insistimos em manter em nome de uma convivência coletiva que a mais e mais se deteriora.
Justificamos os males e os maldosos que contra nós se voltam cotidianamente; amamos os bandidos que nos assolam em vez de destruí-los em nome do nosso direito de viver em paz; quebramos o “Contrato Social” rousseauniano tanto como o quebram os malfeitores; eles agem, nós nos omitimos ou agimos em benefício deles. Somos efêmeros metidos a eternos. Não somos leões nem cães pastores. Somos ovelhas. Somos pó que voltará ao pó. Não somos nada mais que nada ante a tragédia cotidiana do banditismo que nos destrói – eis o desfecho da história.
Somos efêmeros; somos nada pensando ser tudo; não sabemos exatamente o que temos ou quem somos neste mundo de Deus, e Deus parece que se esqueceu de tudo e todos aqui. Este mundo é um nada, e a humanidade segue na ilusão de que um dia haverá um mundo melhor. Como haverá mundo melhor se as pessoas que o habitam são intrinsecamente ruins?... Eis uma indagação que deveria ser feita por todos nós ao acordarmos e nos sentarmos no vaso sanitário para jogar fora nossa ruindade acumulada. Sim, joga-se fora o dejeto, mas não se elimina o que vai dentro da cabeça: nossa maldade atávica, o desejo de sobrepujar nosso igual, de ter o que o outro tem, de viver a vida dele, de arrotar grandiosidade embora representemos apenas a voluptuosidade do nada.
Às vezes me preocupo com a limitação das pessoas, com a aceitação passiva, – da parte delas, – de falas alheias como verdades perenes: forma preguiçosa de viver... Não creio ser isto razoável. Sou questionador incorrigível, não aceito verdades de outrem, não sem antes analisá-las à luz do meu conhecimento ou da minha ignorância. Mas não aceito de antemão nada que me venha pronto e acabado. Rendo-me, porém, a comentários que não se encaminhem para a solução fechada e definitiva das coisas avaliadas. Quem somos nós para entender completa e definitivamente este mundo?
Vivemos numa sociedade que um dia emprestou seu poder a uma entidade chamada Estado, mas essa entidade nos devorou e hoje perdemos tempo a criticá-la sem substituí-la por outra entidade. Falta-nos imaginação e coragem.
Enquanto criticamos a entidade que criamos para nos organizar em “civilização”, ela nos devora com a avidez da faminta ave de rapina. E ainda conseguimos a proeza de culpar o Estado por nossos infortúnios. Mas ele segue indiferente aos nossos gritos, indiferente à nossa perplexidade, indiferente a nós, tal como o Universo.
O Estado é pura abstração na essência e realidade na sua existência cruel; sociedade é igualmente abstração. Temos como real uma individualidade abandonada e uma coletividade deturpada por conceitos e imposições do outro, pelo poder do outro acumulado em gerações sucessivas. Não somos mais micro-poderes de nada, não decidimos nada, distanciamo-nos definitivamente da Ágora de Péricles.
Continuamos reféns de uma falsa liberdade; a verdadeira liberdade não vence a barreira do sonho. Vivenciamos a derrota individual e coletiva para o micro-poder de alguns, aquele micro-poder que emprestamos um dia aos burocratas do Estado quando nos reunimos em sociedade. Não somos coletividade, não somos comunidade, não somos orgânicos, somos formais contra nós mesmos. Somos asnos; damos, sem pensar, armas a alguns poucos para nos dominar, somos asnos vestidos em pele de leões escapelados – pele morta. Somos uns derrotados pelo sistema que instituímos e insistimos em manter em nome de uma convivência coletiva que a mais e mais se deteriora.
Justificamos os males e os maldosos que contra nós se voltam cotidianamente; amamos os bandidos que nos assolam em vez de destruí-los em nome do nosso direito de viver em paz; quebramos o “Contrato Social” rousseauniano tanto como o quebram os malfeitores; eles agem, nós nos omitimos ou agimos em benefício deles. Somos efêmeros metidos a eternos. Não somos leões nem cães pastores. Somos ovelhas. Somos pó que voltará ao pó. Não somos nada mais que nada ante a tragédia cotidiana do banditismo que nos destrói – eis o desfecho da história.
6 comentários:
Amigo Larangeira,
hoje você despontou por demais trágico, ou, mais tecnicamente, acordou com a macaca! Imagine-se escrevendo esse mesmo texto, agora, na Noruega, na Finlândia, na Suíça, nas Ilhas Salomão ou na Papua-Nova Guiné, onde vivem tribos que se dizem os povos mais felizes da terra e chegaram a ser recebidos pela rainha e pelo príncipe Philip, o Conde de Edimburg, pois eles consideram-no o Grande Chefe deles, por desígnio divino, para exclusivamente entregarem, em mão, a receita da felicidade, a qual, uma vez elaborada e aplicada, fará todos felizes, naturalmente não tanto quanto eles, pois nisso consideram-se insuperáveis! Então, submetidos a esta relatividade contundente, podemos chegar à conclusão que 'amanhã certamente será um novo dia, certamente seremos mais felizes!'
Entretanto, para mim, particular e especialmente, estando em plena Sexta-Feira Santa, o dia 'D' para nós cristãos, o teu quase lamento serviu para uma meditação sobre a nossa realidade concreta...obrigado e um abraço.Monnerat
Caro irmão Monnerat
Às vezes, quando ponho na mesa uma afirmação, na verdade estou expondo uma dúvida minha que preciso sanar. Hoje comecei a ler um livro de Teologia (Teologia Sistemática), de Millard J. Erickson, exatamente para me ilustrar através de estudo da doutrina cristã e desvelar para mim alguma luz mais forte no contraste do estudo de Deus com as ciências naturais e comportamentais. Mesmo pondo a Bíblia acima das ciências, não creio que exista nada na natureza que não se origine de Deus. A questão é crer ou não crer, mas, mesmo crendo, não há como evitar hesitações ao percebermos que a maldade impera no mundo antigo e no contemporâneo, especialmente sob a forma de "injustiças perfeitas" ou de "falsidades verdadeiras" e outros tantos oximoros que nos entontecem e desanimam. Escrevi um pequeno texto sobre a instrução de tiro para demonstrar a incoerência de um integrante do BPCh estar desviado de finalidade na favela, sem essa de argumentar ser ele um "especial". É, sim, especial para controlar distúrbios no asfalto e conter manifestantes não-bandidos em protestos justos ou injustos, ou seja, situações totalmente diferentes da realidade favelada dos bandidos atirando em policiais. O integrante do BPCh é predominantemente não-letal em suas ações; daí não ser demais admitir que o cabo que perdeu a vida estava escalado em lugar errado. É essa agonia que me faz enveredar pelos caminhos tortuosos da dúvida, sem, entretanto, perder minha certeza de que Deus existe! Só não entendo por que Ele não vem logo pra acabar com toda essa desgraceira que assola a humanidade de cabo a rabo, excetuando-se os exemplos de "felicidade" de alguns povos ignaros (ou não), bem próximos do "homem natural" rousseauniano. Ah, dizem que em Brunei o povo é feliz porque nasceu sentado no petróleo, que brota feito nascente e vira dólar no ato. Ser feliz assim é mole, ainda mais contando com o “protetorado britânico” (não seria mais indicado o vocábulo “satânico” em vez de “britânico”?).
Obrigado pela força!
Caro irmão Larangeira,
comungo contigo, e parece que com quase todo mundo, nessa questão dos assaltos das dúvidas cruéis. Dizem que quem mais sofre com isso são os próprios santos. Imagine nós! Acho que será proveitosa essa leitura teológica, por isso compartilhe o que você achar de importante. Com relação à questão do crer ou não crer, isso é intrincado, pois dizem - a Igreja Católica, pois entre os evangélicos há muita controvérsia - que a fé é uma graça que você recebe e não diz respeito aos teus méritos. Olha só! Então, você não escolhe Deus, Ele é quem te escolhe! São Paulo mesmo, em uma de suas epístolas, toca diretamente neste ponto. Mas, ele pelo menos não teria que duvidar disso, pelo acontecido com ele de forma muito concreta, sendo derrubado do cavalo pelo próprio Cristo, quando buscava prender cristãos - "Saulo!Saulo! por que me persegues?" E, a partir daí, virou aquele vulcão que se tornou o principal motor da propagação do Cristianismo e responsável pela ortodoxia da Igreja frente aos Evangelhos, que não estavam organizados como hoje se encontram! Diante disso ficamos até sem nada para falar. Mas, ainda há pouco estava relendo a Paixão de Cristo, segundo São Marcos, e me fixei de repente numa passagem que muito sempre me impressiona, aquela que um dos ladrões crucificados junto a Cristo, admoesta e censura o companheiro que imprecava contra Jesus e, depois, vira-se e clama: "Senhor, lembra-te de mim quando entrares em seu reino!" E Jesus, voltando-se para ele, diz: "Em verdade te digo, hoje ainda estarás comigo no paraíso!" Isso é de arrepiar. Cristo faz, momentos antes de expirar, um santo (pois santo é quem conseguir chegar no céu, seja lá de que maneira for!, o primeiro após a sua agonia, a qual sofreu para salvar a toda a humanidade! Quanta coisa escondida para se meditar nesses acontecimentos que parecem simples componentes de um enredo! Que Deus te ilumine! Abração. Monnerat
Já percebi que o autor fixa-se em Paulo e Marcos até onde eu li. O interessante é a associação que ele faz, sem temor, da teologia como ciência, ou seja, disposta a enfrentar o cotejo científico tal como as ciências naturais e comportamentais (como ele as classifica). A forma de ele comparar é muito interessante, bem como as alegorias que ele constrói para exemplificar as Escrituras. Muito bom o livro (presente do Dudu), que não se prende a dogmas. Importante é o que ele fala sobre a fé, que mais ou menos passa pela percepção que você anotou, ou seja, da escolha de alguém por Deus, e não o contrário. Outra coisa: ele admite a dúvida como meio de buscar a interpretação dos textos bíblicos, de modo que a verdade do passado, dita de uma forma, seja a mesma do presente, dita de modo a alcançar uma só compreensão da essência que se embute na Palavra Bíblica, ontem e hohe, Palavra que não é dos homens nem dos santos, mas de Deus.
Belíssimo texto. Próprio para uma boa reflexão.
Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?
O que viemos fazer aqui? Por que uns acumulam tantos bens materiais enquanto seu irmão morre de fome?
E a mensagem nos deixada a mais de dois mil anos por Jesus? Acreditamos nela? Se acreditamos por que nos é tão difícil por em prática?
Quanto aos nossos mandatários; creio que para estes, a cobrança será maior, porque a dívida que eles deixarão já está enorme.
Uma boa Páscoa a todos! Paulo Xavier
ola velho amigo! perdoe a minha intromissão, apenas gostaria de esclarecer que a virgula no texto se substituida por dois pontos como é mais coerente, mostra a promessa futura de Jesus que todos nós poderemos alcançar.(Mateus.5:5)
Salmos.37:9,10,11. Forte abraço e se possível mande tel.para jicals@hotmail.com para que eu marque uma visita(perdi agenda)
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