sexta-feira, 30 de março de 2012

Lição de Amor... Ou aprendizado.



O amor não consiste em fitar um ao outro, mas em olhar juntos na mesma direção.
(Antoine de Saint-Exupéry)




Não há como fracionar o amor em tipos, formas e cores. O amor é único: existe ou não existe. O amor é substantivo. Enganam-se os que partem, repartem e doam o amor como se fora bolo de festa aniversária. Se nos indagarmos que diferença há entre amor de pai, de mãe, de irmão, de filho, de avô, de avó, de neto, de namorado, de amigo, de esposa, de esposo, não saberemos explicar. Enfim, se nos indagarmos que diferença há entre os amores em geral cairemos no lugar-comum da explicação vazia. Pois amor é o que se sente dentro da alma; difere dos sentimentos efêmeros, difere dos hábitos, é profundo e eterno, nasce, cresce e se transmite somente aos capazes de amar; e não precisa pertencer a dois, não depende de simultaneidade ou de vontade.
O amor, quando é verdadeiro, por mais que se o tente minimizar, não se consegue. Em se tratando de homem e mulher, ele se consolida de diversas formas, mas a principal prende-se ao compartilhamento de problemas e sentimentos comuns. O amor ajuda a solidarizar, a aglutinar, a equilibrar e a acalmar. O amor garante lealdade, fidelidade e coerência. O amor resiste a tudo e todos. Se não for assim, não é amor. E não importa se o amor ocorre entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos opostos. Se for amor verdadeiro, haverá sempre a entrega mútua ou a renúncia em favor da pessoa amada. O amor independe de sexo; reduzi-lo a relações sexuais é estupidez animalesca, é desconhecer o valor espiritual do amor.
O amor é indiferente às diferenças, paira acima de tudo e todos. Quem assim ama, é feliz, não depende de ser amado para amar, pois a reciprocidade não é exigência absoluta do amor. O amor é único, íntimo, individual, não se coloca na balança. É egocêntrico sem ser egoísta. Ninguém ama alguém mais ou menos. Ou se ama ou não se ama. Contudo, os sentimentos vivem mascarados por interesses materiais e imediatistas; a inocência dá lugar ao artificialismo; o rosto se reveste da persona...
Não se ama com máscara, ama-se com a alma. O verdadeiro amor é a junção honesta e íntegra do inconsciente com o consciente. Por conseguinte, não se pode confundir amor com paixões deliberadas ou instintivas. Amor não é instinto, é espírito: eis o verdadeiro amor!... Não é fácil dedicar amor a alguém neste mundo hipócrita em que os seres humanos vêem-se como semideuses, até que suas carcaças efêmeras sejam consumidas pelos vermes. São os que confundem amor a alguém com “amor às coisas” e terminam o ciclo terreno sem ser verdadeiramente amados. É pena!...
Como falar de amor a não ser assim? Como saber se se ama ou não se ama alguém? Eis uma indagação que só o tempo poderá responder. Pois o amor, em quietude num ponto inato e latente, tende a evoluir sempre e ilimitadamente. Se não for assim, não é amor, é veleidade... Portanto, viver sem amor, não é viver, é vegetar, é negar o espírito e privilegiar a matéria. É negar-se para a vida, é viver a efemeridade física, é situar-se na ausência espiritual, é esquecer-se de Deus.
O amor é simples e complexo. É o mais grandioso sentimento humano. Contudo, a máscara social distancia-nos do amor. Fingimos amar mais que amamos. Misturamos instintos e interesses físicos em somatório a resultar falso amor. Quando adaptamos o amor aos nossos fins egoísticos, tornamo-lo complexo, impraticável, vivenciamos a mentira e morremos desamados. Contudo, ele é simples quando nos doamos sem cobranças. Eis como quero amar e ser amado pelas pessoas... Sem cobranças!...

2 comentários:

Paulo Fontes disse...

GIBRAN KALIL GIBRAN, IN O PROFETA

'Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como
o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim
ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para
vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia
vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no
seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós para que
conheçais os segredos de vossos corações e, com esse
conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.

Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a
paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
e abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações, onde rireis, mas
não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as
vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe
senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.

Pois o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga: 'Deus está no
meu coração', mas que diga antes: 'Eu estou no coração de Deus.'
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor
pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio
o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão o de atingir
a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam
estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o
êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o
bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança
Um forte abraço
Paulo Fontes

Emir Larangeira disse...

Amigo Paulo Fontes

Eis por que GIBRAN é eterno!

Obrigado pela contribuição!

Forte abraço.