Segundo o vernáculo pátrio, herói é “homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade”. A Revista ÉPOCA, em edição especial de fim de ano, destaca “os brasileiros mais influentes de 2011”, listando-os por motivos diversos. No caso do Sargento PM Márcio Alves, ele é merecidamente destacado como herói pela realização de algo incomum: provou total desapego à sua vida em prol da vida alheia.
Com muito respeito às ilustres personalidades igualmente classificadas nesta categoria, creio que o Sargento PM Márcio Alves nela deveria figurar sozinho, não por demérito dos outros, mas por não se lhes enquadrar na essência dos atos nenhum heroísmo. São, sim, diferenciados por feitos merecedores de efusivos aplausos, mas não por heroísmo. Que sejam meritórias ao extremo suas ações, vá! Porém, somente o Sargento PM Márcio Alves expôs sua vida ao risco extremo a tentar salvar da morte muitas crianças.
O Sargento PM Márcio Alves, ao adentrar o colégio, ouvia tiros, via crianças correndo, desesperadas; e, com sua experiência, sabia que não havia como aguardar reforços. Estava diante de situação de vida ou morte, alguém atirava nos escolares. Ele entrou de peito aberto intentando localizar o assassino, sem ter a mínima ideia de que se tratava de apenas um e sem noção de onde estaria o lunático no momento em que irrompeu colégio adentro, pelas escadarias, sem se preocupar com nenhum risco pessoal.
É possível supor que a experiência do Sargento PM Márcio Alves deu lugar ao reflexo condicionado, ao instinto puro, como sói ocorrer com qualquer guerreiro diante de oponente em nítida vantagem. Porque ali as cartas estavam nas mãos do matador: ele sabia onde estava, o que fazia, e de onde poderia surgir a reação: das escadarias. Ademais, sua frieza típica de psicopata é hoje pública e notória; frieza, aliás, que usou ao extremo de se matar depois de atingido pelo Sargento PM Márcio Alves, este que, mesmo cara a cara com o perigo (o oponente não fora atingido mortalmente), não desferiu rajadas contra o assassino, e até poderia fazê-lo ante as circunstâncias.
Não há como explicar o sucesso da reação isolada do Sargento PM Márcio Alves senão por reconhecer que muitos Anjos da Guarda o conduziram ao matador para interromper sua sanha assassina contra os escolares. Se o Sargento PM Márcio Alves não agisse rapidamente, hoje as famílias enlutadas seriam incontáveis. Mas há um detalhe que se ressalta na ação do herói: ele é policial-militar comum, atuante no policiamento ostensivo normal. Não é guerreiro do BOPE nem se destacou em ações coletivas de conquista e ocupação de favelas com UPPs, algo indiscutivelmente meritório, mas que não vai além da eficiência do planejamento operacional e da eficácia das operações, mesmo que no seu transcurso aconteça a morte de algum integrante da tropa especial.
Integrar-se ao BOPE faz parte de um sistema voluntário para o qual o PM, vencendo as primeiras etapas, é treinado à exaustão para suplantar o oponente por meio de técnica apurada em exercícios permanentes, reunindo todas as condições de segurança a serviço da preservação de sua vida. A morte dele, se houver, será fruto do acaso ou do descuido (raro). A vitória é o resultado esperado. Não há, portanto, neste caso, heroísmo a sublinhar, por mais bem-sucedida que seja a ação da tropa, podendo, em casos excepcionais, haver algum ato heróico em meio a alguma ação operacional cotidiana, embora arriscada.
O heroísmo do Sargento PM Márcio Alves mais ainda se valoriza por ser ele um componente da tropa normal, do dia a dia; por ser ele um “barriga azul” a pôr por terra a humilhação projetada na ficção “Tropa de Elite”: os “azuis” foram os vilões da história. Como contraponto, e por desavergonhada malícia, os produtores da obra situaram os integrantes do BOPE como “heróis”, porém matadores implacáveis (contradição), quase que justificando esta imagem em vista duma suposta “honestidade coletiva”, como se eles não fossem seres humanos sujeitos a tentações. Enfim, para endeusar o BOPE, os mentores da ficção “Tropa de Elite” satanizaram a tropa normal, tornando-a “coisa-ruim” mediante estrondosas mentiras.
Mais ainda se ressalta o heroísmo do Sargento PM Márcio Alves por seu equilíbrio ao lidar com o sucesso, dando mostras de invulgar sabedoria em todas as ocasiões em que foi instado a enfrentar os holofotes. Sim, extraordinário tem sido seu comportamento pessoal e profissional, espelhando o real valor de um sargento de polícia: sereno, sério, e preocupado com o retorno das crianças ao colégio momentaneamente destroçado pelo psicopata. O autêntico herói vem incentivando as famílias a resgatar o colégio, a não deixá-lo morrer junto com as crianças sacrificadas, a fazer da morte um ato de vida. Enfim, se não bastasse ter sido herói numa ação arriscadíssima, o Sargento PM Márcio Alves vai além e se torna duplamente herói. Por sua magnanimidade, ele poderia ter figurado em outras categorias indicadas pela Revista ÉPOCA. Porque o único herói foi ele, o Sargento PM Márcio Alves, a quem dedico minha respeitosa continência, extensiva a todos os policiais-militares que arriscam suas vidas no anonimato (e muitos deles morrem) para garantir a segurança dos cidadãos cariocas e fluminenses!
Com muito respeito às ilustres personalidades igualmente classificadas nesta categoria, creio que o Sargento PM Márcio Alves nela deveria figurar sozinho, não por demérito dos outros, mas por não se lhes enquadrar na essência dos atos nenhum heroísmo. São, sim, diferenciados por feitos merecedores de efusivos aplausos, mas não por heroísmo. Que sejam meritórias ao extremo suas ações, vá! Porém, somente o Sargento PM Márcio Alves expôs sua vida ao risco extremo a tentar salvar da morte muitas crianças.
O Sargento PM Márcio Alves, ao adentrar o colégio, ouvia tiros, via crianças correndo, desesperadas; e, com sua experiência, sabia que não havia como aguardar reforços. Estava diante de situação de vida ou morte, alguém atirava nos escolares. Ele entrou de peito aberto intentando localizar o assassino, sem ter a mínima ideia de que se tratava de apenas um e sem noção de onde estaria o lunático no momento em que irrompeu colégio adentro, pelas escadarias, sem se preocupar com nenhum risco pessoal.
É possível supor que a experiência do Sargento PM Márcio Alves deu lugar ao reflexo condicionado, ao instinto puro, como sói ocorrer com qualquer guerreiro diante de oponente em nítida vantagem. Porque ali as cartas estavam nas mãos do matador: ele sabia onde estava, o que fazia, e de onde poderia surgir a reação: das escadarias. Ademais, sua frieza típica de psicopata é hoje pública e notória; frieza, aliás, que usou ao extremo de se matar depois de atingido pelo Sargento PM Márcio Alves, este que, mesmo cara a cara com o perigo (o oponente não fora atingido mortalmente), não desferiu rajadas contra o assassino, e até poderia fazê-lo ante as circunstâncias.
Não há como explicar o sucesso da reação isolada do Sargento PM Márcio Alves senão por reconhecer que muitos Anjos da Guarda o conduziram ao matador para interromper sua sanha assassina contra os escolares. Se o Sargento PM Márcio Alves não agisse rapidamente, hoje as famílias enlutadas seriam incontáveis. Mas há um detalhe que se ressalta na ação do herói: ele é policial-militar comum, atuante no policiamento ostensivo normal. Não é guerreiro do BOPE nem se destacou em ações coletivas de conquista e ocupação de favelas com UPPs, algo indiscutivelmente meritório, mas que não vai além da eficiência do planejamento operacional e da eficácia das operações, mesmo que no seu transcurso aconteça a morte de algum integrante da tropa especial.
Integrar-se ao BOPE faz parte de um sistema voluntário para o qual o PM, vencendo as primeiras etapas, é treinado à exaustão para suplantar o oponente por meio de técnica apurada em exercícios permanentes, reunindo todas as condições de segurança a serviço da preservação de sua vida. A morte dele, se houver, será fruto do acaso ou do descuido (raro). A vitória é o resultado esperado. Não há, portanto, neste caso, heroísmo a sublinhar, por mais bem-sucedida que seja a ação da tropa, podendo, em casos excepcionais, haver algum ato heróico em meio a alguma ação operacional cotidiana, embora arriscada.
O heroísmo do Sargento PM Márcio Alves mais ainda se valoriza por ser ele um componente da tropa normal, do dia a dia; por ser ele um “barriga azul” a pôr por terra a humilhação projetada na ficção “Tropa de Elite”: os “azuis” foram os vilões da história. Como contraponto, e por desavergonhada malícia, os produtores da obra situaram os integrantes do BOPE como “heróis”, porém matadores implacáveis (contradição), quase que justificando esta imagem em vista duma suposta “honestidade coletiva”, como se eles não fossem seres humanos sujeitos a tentações. Enfim, para endeusar o BOPE, os mentores da ficção “Tropa de Elite” satanizaram a tropa normal, tornando-a “coisa-ruim” mediante estrondosas mentiras.
Mais ainda se ressalta o heroísmo do Sargento PM Márcio Alves por seu equilíbrio ao lidar com o sucesso, dando mostras de invulgar sabedoria em todas as ocasiões em que foi instado a enfrentar os holofotes. Sim, extraordinário tem sido seu comportamento pessoal e profissional, espelhando o real valor de um sargento de polícia: sereno, sério, e preocupado com o retorno das crianças ao colégio momentaneamente destroçado pelo psicopata. O autêntico herói vem incentivando as famílias a resgatar o colégio, a não deixá-lo morrer junto com as crianças sacrificadas, a fazer da morte um ato de vida. Enfim, se não bastasse ter sido herói numa ação arriscadíssima, o Sargento PM Márcio Alves vai além e se torna duplamente herói. Por sua magnanimidade, ele poderia ter figurado em outras categorias indicadas pela Revista ÉPOCA. Porque o único herói foi ele, o Sargento PM Márcio Alves, a quem dedico minha respeitosa continência, extensiva a todos os policiais-militares que arriscam suas vidas no anonimato (e muitos deles morrem) para garantir a segurança dos cidadãos cariocas e fluminenses!
Um comentário:
Na semana em que houve essa tragédia no Colégio Tasso da Silveira em Realengo, encontrava-me na fila de uma Loteria Esportiva da minha cidade e havia pessoas comentando sobre esse caso, quando alguém bradou cheio de "razão e conhecimento de causa".
-Esse puliça não fez mais que a obrigação dele.
Um policial meu conhecido há muitos anos e que faz segurança no estabelecimento e arredores, olhou-me de soslaio e seu olhar tinha um quê de reprovação sobre o que o cliente disse.
De onde eu estava perguntei ao cliente, se fosse ele o PM, agiria da mesma forma, se entraria de peito aberto à procura do assassino. O moço não me respondeu com palavras, mas no seu silêncio estava a resposta, ou seja, não entraria sozinho de maneira alguma.
Nesse pequeno detalhe está a diferença entre o comportamento de um bravo, um herói, para um cidadão comum, ou um covarde. Aliás, Nietzsche avalia muito bem essas diferenças e cá pra nós, como temos visto covardes por aí!
Parabéns Cel Larangeira pela lembrança desse fato, enaltecendo merecidamente o Sgt PM Marcio Alves. Se me permite, minha continência para o sr também. Paulo Xavier
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