domingo, 9 de outubro de 2011

Sobre a troca de comando da PMERJ

Atendendo ao pedido de Jorge Alves, postado no artigo precedente




Toda vez que acontece troca de comando-geral na PMERJ vem a reboque o troca-troca de comandos, chefias e direções. Mais parece carroça puxando burro ou burro puxando carroça, a ordem dos fatores não altera o produto... Curioso é que a defesa das mexidas é invariavelmente a mesma, ou seja, as peças mudam apenas de posição em meio a discursos ufanistas e derrotistas que se mesclam em imbróglio eterno, vencendo sempre o segundo em espaço e tempo midiáticos. Deste modo se conclui que na PMERJ a única verdade é a do poder transmudado de um para outro comandante, todos, porém, “salvadores da pátria”, como são exaltados por quem manda, até que outra desgraça atinja a corporação e novamente alcance o pico da pirâmide... Cá pra nós, a PMERJ é espécie de pirâmide construída a partir de base escrava, como sói ser o militarismo em geral desde o passado remoto até o presente. É modelo ideal para pôr “corpos dóceis” (M. Foucault) na linha de frente da morte quantitativa em vista da fácil reposição de suas carnes destinadas ao abate. Daí não se estranhar a manutenção desse modelo, que sempre existiu e existirá com a finalidade servir a imperadores, reis, príncipes, senhores feudais e eclesiásticos, e presentemente atender ao despotismo de ditadores ou à “ordem democrática” de mandatários eleitos, tanto faz, ela é sempre cumprida à risca por qualquer comandante. No fim de contas, “tropa” não existe para outro fim que não seja sucumbir entre vitórias e derrotas.
Tais considerações me obrigam a iluminar um pequeno texto de René Fülop-Miller in Os Santos Que Abalaram o Mundo: “... Que as alegres canções dos trovadores eram sufocadas pelo barulhento tilintar das armas, que as festivas passeatas com tochas eram substituídas por marchas guerreiras para os campos de batalha, e que os exuberantes jovens, no verdor da mocidade, eram chamados às armas pelo sino de guerra, para dar suas vidas pela Igreja ou pela coroa, pela honra do senhor feudal ou pelo orgulho dos burgueses.”
Ó “sino da guerra”!... Por que não desiste de ressoar conclamando os jovens à matança? Por que insiste em eliminá-los ontem, hoje e sempre?... Por que você não toca para generais e estados-maiores, pondo-os na linha de frente da morte?... Ora, como inverter a ordem histórica pondo o pico da pirâmide no lugar da base? Impossível!... A base da pirâmide esmagará o pico com seu peso. O jeito então é permanecer tudo como está enquanto o Universo de expande em sua viagem do desconhecido para o desconhecido... Cá entre nós, como ficaria o planetinha se não houvesse reposição maciça da base para a minoria do topo sobreviver espaçosamente? Sim! Sim! Há de ser eternamente assim! Daí ser absurdo cobrar da “pirâmide PMERJ” a inversão do seu pico para garantir a sobrevivência da base. Isto é loucura! É ilusão literária!...
Como demonstra o autor em sublinha, a realidade da pirâmide é imutável, pelo menos até que o sol se apague e a Terra desapareça do cenário universal, tamanha é sua insignificância. E talvez ela nem mesmo resista até o apagar do sol: sucumbirá ante o choque com algum astro errante, e a partir daí as teorias e as práticas dos “racionais” não serão nem lembrança. Ah, prezado Jorge Alves, diante desta invencível realidade, por acaso importa o troca-troca de generais ou a substituição de tropa dizimada por outra para a também o ser?... Afinal, - e efêmeros como somos, - não estaremos aqui para ver o final dessa história...

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