quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sobre a nova gestão da AME/RJ




Na terça-feira, dia 13 do corrente, participei da solenidade de posse do novo presidente da Associação de Oficiais Militares Estaduais (AME/RJ) e de sua equipe, da qual modestamente faço parte. O ambiente acolheu uns 40 oficiais da velha-guarda, todos avelhantados, porém animados com o evento e dispostos a sonhar novos sonhos. Senti-me deveras feliz entre os companheiros, cada qual com sua característica trazida da juventude na caserna, e a solenidade transcorreu marcada por rápidos discursos e muita empolgação.
Eu me havia postado no fundo da sala, lugar privilegiado para observar sem ser observado, a não ser pela parede atrás de mim, que não ouve, não vê e não fala... Será?... Muito bem, em meio à satisfação, não pude deixar de sentir certo desalento ao ver que lugar tão amplo e bem localizado não possui muita presença de oficiais da PMERJ e do CBMERJ. E desses poucos que comparecem, menos ainda são os que estão na ativa, uma pena, pois a sede daria para abrigar milhares de associados simultaneamente.
Enfim, senti que falta algo na AME/RJ além da boa administração interna e dos assuntos que atualmente trata. Falta, talvez, alguma alavanca capaz de mobilizar os jovens oficiais da ativa, de envolvê-los numa participação saudável, que, decerto, não se compatibiliza com movimentos salariais e outros, não menos briguentos, geralmente antipáticos aos eventuais comandos-gerais e governos. Isto deve ser em hora oportuna, se for o caso, e esgotadas as negociações...
Esses movimentos, já muitas vezes encetados na sede da AME/RJ, não conseguiram unir a imensa categoria dos oficiais militares estaduais. Entendo que o desinteresse prende-se aos temas ou à falta deles. Insistir, pois, nesta continuidade, não me parece útil. Ao contrário, creio ser hora da descontinuidade, de mudança radical do rumo da entidade, de modo que ela se torne um celeiro de cultura geral e profissional. Quem sabe falte um programa de incentivo ao conhecimento começando pelos oficiais e alcançando seus filhos? Para tanto, a AME/RJ se deve voltar para o incremento de atividades culturais, não apenas de caráter técnico-profissional, mas abrangendo as artes em geral, naturais aglutinadoras de multidões.
Tudo é facilitado nesse sentido. Há um amplo ambiente interno e bom espaço externo de estacionamento, e é possível providenciar um policiamento a garantir segurança dia e noite. O que falta é evento capaz de atrair o público interno de modo permanente e duradouro. Penso em edição de livros técnico-profissionais e obras literárias, certo de que a PMERJ e o CBMERJ possuem um manancial de conhecimento produzido em cursos nivelados a mestrado e doutorado. Possuem também artistas de todos os naipes: cantores, músicos, pintores, compositores, poetas, escritores etc. Enfim, há um cabedal tão interessante que é capaz de vencer as resistências internas (hoje quase aversão), realidade que a AME/RJ não mais consegue enfiar debaixo do tapete. Sim, porque hoje a entidade mal ultrapassa a casa dos mil associados num universo quiçá maior que dez mil oficiais ativos e inativos nas duas instituições.
A AME/RJ deve, a meu ver, assumir um papel pioneiro. Deve liderar a aglutinação das entidades de oficiais e praças a partir de projetos de interesse geral, sendo evidente que mobilizações salariais e outras do gênero, incluindo a maior de todas (PEC 300), não atenderam a esse objetivo de mobilização. Na verdade, elas foram ou são eventuais, e, portanto, efêmeras. Também não têm sido produtivas as republicações de críticas alheias ao sistema de segurança pública atingindo direta ou indiretamente as instituições representadas pela AME/RJ. Isto há de ser urgentemente revisto pelo novo presidente para evitar atritos desnecessários e angariar apoio para as grandes causas institucionais.
Penso, sim, em interesses permanentes e salutares, claro que sem sepultar os assuntos polêmicos (que devem ser submetidos a uma ampla discussão entre os membros da nova direção antes de sua difusão nos meios oficiais de comunicação da entidade: site, revista e informativo). Mas entendo que a AME/RJ, prioritariamente, seja um firme alicerce a receber edifício tão grandioso, qualitativo e vencedor do tempo que atrairá a visitação de políticos e autoridades públicas também em caráter permanente. Eis o desafio, dentre outros, positivos, que me disponho a enfrentar como membro da AME/RJ, juntamente com o novo presidente, Coronel PM Fernando Belo, e sua eficiente equipe eleita democraticamente em 17 de agosto de 2011, com uma proposta de harmonia e paz como regra e muita luta como exceção. Assim sendo, todas as sugestões serão bem-vindas...

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