quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Eleições na AME/RJ


Hoje, 17 de agosto de 2011, foi um dia histórico na AME/RJ por duas razões que valem a especulação que a seguir faço. A primeira delas, sem dúvida, resume-se à importância da chapa adversária (Chapa Verde), encabeçada pelo Exmo. Sr. Deputado Estadual e Major da PMERJ Paulo Ramos, que, por sinal, já presidiu a entidade. Ele, porém, não logrou êxito, a Chapa Azul sagrou-se vencedora. A segunda razão que me parece relevante foi o alto índice de abstenção. Num universo de mais de mil associados, somente 318 compareceram e votaram, sendo que 02 votos foram deliberadamente anulados. Deste modo, o somatório de votos úteis restringiu-se a 316. A Chapa Azul somou 175 votos (55,4%) e a Chapa Verde, 141 votos (44,6%).
Eu poderia estar aqui me vangloriando pela vitória, pois, afinal, integrei a chapa vencedora. Mas vejo o equilibrado resultado com grave preocupação, pois os votantes não representaram nem 40% do total de associados, salvo algum lapso meu. Significa o seguinte: nem se todos votassem numa só chapa a legitimidade eleitoral teria sido alcançada, o que demandará do presidente eleito e seus auxiliares um enorme esforço de reconstrução do ânimo geral de uma coletividade formada por oficiais PMs e BMs, a maioria na inatividade, o que por si só representa uma bandeira de luta a ser empunhada prioritariamente. Porque algo precisa ser feito para animar os associados, de tal modo que eles se tornem assíduos na AME/RJ. E, principalmente, é preciso conquistar novos sócios para engrossar as fileiras da histórica entidade.
Não sei ainda o que sugerir para vencer tão tamanhão obstáculo, pois ao nos situarmos nos sócios falamos de pessoas com idade avançada, muitas delas sem condições mínimas de deslocamento a não ser para hospitais e dependendo de acompanhantes. Sim, a AME/RJ vem envelhecendo a par e passo com seus associados, estes que se reduziram na data de hoje a uma quantidade mínima. Pior ainda é a ausência da jovem oficialidade no rol dos associados, além da evasão que a cada eleição ocorre. Porque é de se esperar que muitos dos oficiais que hoje perderam o pleito abandonem a AME/RJ, o que a enfraquecerá ainda mais. Reverter tão aflitiva situação deve ser prioridade do novo presidente, porque em política a representatividade é sopesada também pela quantidade, ficando a qualidade em segundo plano.
Creio até que, diante desta realidade, o primeiro passo da nova administração deva ser a discussão sobre a baixa representatividade da AME/RJ, o que a desqualifica como porta-voz dos militares estaduais. A própria designação da entidade não se coaduna com a realidade, posto não ser ela representativa de “militares estaduais”, como sugere a abreviatura; na verdade, ela estaria a representar os “oficiais militares estaduais”, porém a maioria já se encontra na inatividade, o que seguramente não é bom. Chamar a AME/RJ de “Associação de Oficiais Militares Estaduais” não me parece lógico. Afinal, ou a AME/RJ muda sua nomenclatura e se torna “AOME/RJ”, ou abre suas portas às praças para ganhar peso político, o que sabemos ser complicado num primeiro momento, mas pode ser útil num futuro próximo. Digo num futuro próximo porque as providências urgem para a AME/RJ não fechar as portas por carência de associados.
Saí da AME/RJ gratificado com a vitória, mas não em euforia, esta que não cabe numa situação como a que hoje assistimos e protagonizamos: a queda vertiginosa de eleitores indicando perigosa entropia. Daí me parecer prudente convidar os integrantes da chapa adversária para saber de antemão o porquê do seu meteórico surgimento, que foi bom, por um lado, mas por outro acendeu uma luz vermelha indicando a insatisfação de muitos com a atual política desenvolvida pela AME/RJ, não por culpa de nenhum presidente ou ex-presidente, mas por conta de uma cultura clubista a pôr sombra em todo o resto, a ponto de um Deputado Estadual, oficial da PMERJ e associado, decidir enfrentar as urnas para novamente presidir a entidade. Como se trata de político combativo, creio honestamente que ele se curvou aos reclamos dos insatisfeitos e se arriscou num processo complexo de escolha no qual culminou perdedor. Mas não no sentido pior de se perder uma eleição.
A derrota da Chapa Verde, a bem da verdade, sugere similitude com a derrota da Chapa Terceira Via, encabeçada pelo ilustre TCel PM Wanderby Medeiros, oficial da ativa, nas eleições passadas, em que houve três chapas concorrendo. Ou seja, a Chapa Verde, tal como a Chapa Terceira Via, provou antes de tudo ser um importante contrapeso na aparente derrota, o que obriga aos vencedores, dentre os quais me incluo, a repensar posicionamentos e tentar aglutinar todos esses abnegados eleitores que hoje se sacrificaram e compareceram para votar num belo exemplo de democracia. Para tanto, todavia, é necessário conhecer os reais anseios e valores que poderiam estimular a reconstrução da AME/RJ, que, sem menoscabo de ninguém, mas por mérito (ou demérito) de uma cultura clubista, quase que apolítica, está inegavelmente sob os escombros de um passado que precisa ser revisto.
De resto, peço desculpas aos colegas adversários por meus excessos durante a campanha, claro que consciente de que eu não poderia deixar de aproveitar suas distrações para avançar no sentido de vencer a disputa. Entretanto, faço questão de reiterar, não me sinto vencedor de nada. Tento ir além do resultado do pleito para manifestar minha sincera preocupação com o futuro, certo de que a AME/RJ pode chegar ao próximo pleito sem quorum para deliberar quem será o novo presidente e o que ele fará... Em nome de quem?...

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