sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre o aniversário da antiga PMRJ

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Com a devida vênia por alguns lapsos... Humilhante, sem dúvida, porém melhor que nada?... Lembra-me os tempos de major, em que militei na PM.5, oportunidade durante a qual passei, praticamente sozinho, a questionar o sistema PMERJ por escolher a data de lá, 13 de maio, para comemorar a nova corporação nascida da fusão abrupta da PMGB com a PMRJ, esta, criada em 14 de abril de 1835, e aquela, em 15 de março de 1975 (data da transferência da Capital Federal para o Planalto Central, indo junto a antiga PMDF, criada em 13 de maio de 1809*). Enfim, a data de criação da atual PMERJ, gostem ou não os saudosistas de lá e de cá, é 15 de março de 1975, fato histórico não assumido pela antiga PMEG nem pela antiga PMRJ. Pior que nem pela oficialidade que a partir de 15 de março de 1975 passaria a formar o novo contingente de dirigentes da PMERJ que insistem em manter a errônea tradição de “PMDF” para não ficar sem história alguma além da inaudita fusão da GB com o RJ. Sim, inaudita, porque fluminenses e cariocas não foram consultados e muito menos os integrantes da PMEG e da PMRJ sequer foram ouvidos, assim como foram ignorados os servidores públicos em geral. Tal situação, típica de quem mandava pela força antidemocrática, instituiu uma teratogenia institucional que ainda mais se deformou com o retorno de oficiais que optaram por Brasília e tornaram ao nicho originário, isolando-se num novo (velho) grupo de poder. Como eram mais antigos e articulados, esses oficiais tomaram de assalto o poder interno, ficando a teratogênica instituição como uma “miscelânea 4 em 1” posta numa só lata, redonda, formando naturalmente um círculo vicioso por falta de cantos para que alguma parte se protegesse das demais. Sim, quatro quadros de oficiais, pela ordem: QE (quadro especial constituído pelos que retornaram de Brasília); Q1 (quadro de oficiais formados a partir de 1975); Q2 (quadro dos integrantes da PMGB); e Q3 (quadro dos integrantes da antiga PMRJ). Tornou-se então a PMERJ a síntese do “manda quem pode, obedece quem tem juízo” intramuros dos quartéis. Enquanto isso, o lado de fora ficou à mercê duma “operacionalidade” resumida à inusitada fórmula denominada “coeficiente de operosidade” (“quociente resultante da divisão entre o total das ocorrências atendidas e o efetivo pronto”). Eis como ditava ordens o Sistema Integrado de Informações Estatísticas (SIIE), aberração que, espero, não mais subsista hoje nos meandros da PMERJ. Estamos em abril de 2011. Dia 14 é data de humilhante solenidade levada a efeito pro forma pelo atual sistema PMERJ para fingir comemorar junto com os integrantes da antiga PMRJ uma data em que poucos se lembram do Hino da PMRJ, o dos “Vigilantes Obreiros”, que logo será letra morta. Se não bastasse, há uma estonteante notícia que os integrantes da antiga PMRJ fingem ignorar como o avestruz de cabeça enfiada na terra e o fiofó em posição de penetração: tudo indica que a histórica alcunha “treme-terra” pertence de direito e de fato ao 12º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, sediado no Sul, por sua destemida participação na Guerra do Paraguai, e assim fez jus ao título, e não o 12º de Voluntários da Pátria formado pela milícia fluminense, provavelmente em meio a escravos mandados à guerra em lugar dos seus senhores. Como festejar diante de dúvida tão tamanhona? Recuso-me, pois, a mais festejar data alguma. Assumo a humilhação com o garbo de quem também jamais aprendeu a Canção do Policial Militar, suposto “hino” da atual PMERJ por mera transferência de valores anteriores, ou porque o Hino da PMDF seguiu com ela para Brasília, ficando a antiga PMEG sem história para contar e cantar. Na verdade, não sei nem me interessa saber nada disso. Não sou parte daquelas frações primeiras; sou parte da última (Q3) como se fora o ponta-esquerda de um time pronto para ser retirado de campo. Afinal faço parte da procissão de joões-de-barro (apodo jocoso em razão da cor da farda da antiga PMRJ) que voejam sem rumo para encontrar a morte do seu tempo e sumir no vazio do nada a que nos reduzimos a cada ano que passamos fingindo que a PMRJ ainda é o “nicho dos treme-terras”... Ah, tínhamos a ensanguentada “Bandeira Centenária”, hoje oculta em lugar não visitado, lá na Capital, e talvez algumas outras lembranças vivas, poucas lembranças, de um passado que brevemente estará tão esquecido que o “Sargento Pardal” não mais será herói de guerra alguma: não passará de ave daninha e empestear os centros urbanos...



* "A Polícia Militar do Distrito Federal foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília, a nova capital da república. Em agosto de 1965, o diretor do Departamento Federal de Segurança Pública baixou normas para que o comandante geral da Corporação, naquela época sediada na cidade Estado da Guanabara, instalasse na nova capital uma unidade administrativa com efetivo orgânico de uma Companhia de Polícia Militar. A finalidade dessa companhia era executar o serviço de trânsito do DF. A PMDF foi instalada em Brasília somente em 1966, com profissionais vindos da polícia do Rio de Janeiro, oficiais do Exército Brasileiro e outros remanejados de instituições de segurança pública, em virtude da reorganização do Distrito Federal no Planalto Central." (Fonte: Site da PMDF)

Um comentário:

Paulo Xavier disse...

Guardo boas lembranças da antiga PMRJ, as más, vai se diluindo no tempo ou vou apagando da memória.
É impossível encontrar com algum companheiro daquele época e não relembrar fatos daquele tempo romântico e porque não dizer ingênuo.
Ainda guardo fotos da minha formatura do curso de sargentos de 1973 na Cia Escola de chão batido,que olho de vez em quando e me bate a saudade.
Infelizmente muita coisa mudou na PM, percebe-se pelos noticiários dos jornais, o povo já não confia mais como antigamente, mas o Brasil todo mudou e determinadas classes são mais atacadas porque dão mais Ibope.
Sobre o hino da antiga PMRJ, é mais bonito que o atual e pode passar 35,50, 60 anos que não vou esquecer.
"Somos nós vigilantes obreiros. Do progresso, da ordem e da paz"
Gostaria de aproveitar esse espaço e mandar um abraço a todos os companheiros daquele tempo, como já disse, romântico e ingênuo.
Meu e-mail:paulorxavier@gmail.com