terça-feira, 21 de setembro de 2010

DOIS TEXTOS LAPIDARES PARA REFLEXÃO

Todos os dias, de manhã cedinho, minha primeira providência ao me levantar da cama é correr ao portão para pegar o Jornal O Globo. Dependo dele para fazer muitas reflexões sobre os fatos imediatos do ambiente social. E muito reclamo quando noto certo exagero nas críticas (falhas de PMs) ou nos elogios (exaltação exagerada das UPPs). Devolvo as críticas assertivamente, reclamo delas, chio feito frigideira de óleo quente a receber água fria. Enfim, não posso viver sem as informações contidas no Jornal, goste ou não do seu teor, entenda-as ou não maniqueístas. Mas o que me permite a mim ativa participação (por vezes também corporativista) é a minha liberdade de expressão; do mesmo modo, é a liberdade de imprensa, da qual goza o noticioso, que lhe permite noticiar sem censura, e sem impedir aos supostamente ofendidos de ingressarem na Justiça contra os exageros do Jornal. São, portanto, situações isoladas e inevitáveis quando se exercita a crítica de algum sujeito ao objeto observado no cotidiano conturbado da convivência social. Há sempre erros e acertos. Em vista disso, não posso deixar de difundir no meu blog (o que também o farei na minha lista de e-mails) dois textos lapidares. Um se resume à OPINIÃO do próprio Jornal (LULA E A VISÃO AUTORITÁRIA DA IMPRENSA); o outro é do magnífico escritor, roteirista, cineasta e jornalista Arnaldo Jabor (LULA É UM FENÔMENO RELIGIOSO). Não o faço, porém, supondo que todos concordem com os teores destacados, mas pretendo que os conheçam e sobre eles reflitam ante suas próprias vivências.




3 comentários:

Luiz Monnerat disse...

Julgo o Lula como uma piada de mau gosto a ser ouvida até o final... Entretanto, o sr. Arnaldo Jabor que, sem dúvida, é um artista da boa crítica, deixa transparecer e consegue contagiar a todos como se estivéssemos todos num verdadeiro desespero, sem salvação, rasgando roupas e cobrindo a cabeça com pó! É um inferno ler esse cara. Nunca há luz alguma no fim do túnel, pô! Incomodado com isso, saí à cata de alguma explicação. Talvez faltasse a ele uma base (basiquinha mesmo) filosófica, talvez a educação pelos jesuitas tivesse levado o pobre à exasperação, talvez ele fosse incréu mesmo... E, aí, a porca torceu o rabo! O cara não acredita em nada! Leiam novamente o início do artigo e vejam se não tenho razão! Comparar Lula a um fenômeno religioso é ter a religião - qualquer uma - como algo para idiotas, analfabetos... Esse cara tem que ser um desesperado. Já não o leio há muito... como todo "cineasta" brasileiro, é um pobre coitado! Desculpem-me os fãs dele.

Paulo Xavier disse...

Sobre o texto do Arnaldo Jabor, creio que o Presidente da República, Lula, seja o retrato fiel da nossa sociedade. O problema é que ele incomoda pelo fato de ter vindo da base da pirâmide social e chegado ao topo e só chegou lá porque aprendeu bem a lição no dia a dia que a vida lhe impôs. Pouca instrução, sua formação foi a faculdade da vida, e quantos ardis diabólicos, quanta hipocrisia ele deve ter enfrentado e superado? Bom, ele aprendeu assim, ele foi vencendo assim, não podemos negar que é um líder ao seu modo, enfrentou poderosos em defesa do seu povo, da sua classe trabalhista, etc, e só chegou onde está porque foi mais ousado ou teve mais coragem que seus concorrentes.
Para a classe trabalhadora ou para o povão, Lula é um mito, um santo, quase um Deus. Ele conseguiu ser melhor que seus adversários. Sobre denúncias de desvios e escândalos, isso é outra história.

Emir Larangeira disse...

Prezado companheiro Monerat

Não li com os seus olhos o texto do Jabor. Entendi o título como ironia pura. Sobre a parte religiosa e a referência que ele faz aos "coroinhas", me parece "ato falho" dele, que, segundo sei, estudou em Colégio da Igreja Católica. Mas a crítica que ele faz à "massa" que garante 80% de popularidade ao Lula, malgrado o lamaçal em que ele e sua corja estão enfiados, mas se comportando como "deuses do Olimpo", lembra-me a "subalternidade das massas" (expressão de sua lavra) que infelizmente predomina na cultura nacional, o que os sociólogos gostam de denominar por "conformismo social". Até onde eu sei, o maior problema da filosofia reside na complexa relação sujeito-objeto, da qual não vamos aqui tratar. Mas sei que há mais de um século que a filosofia e a teologia se entendem mui bem, em especial pela obra filosófico-teológica de São Tomás de Aquino e Santo Agostinho (desculpe-me por algum engano nesta referência feita de memória). Não sei, mas só vi ironia no parágrafo primeiro do artigo do Jabor, artigo que, aliás, está associado a outro, com a intenção maior de defender a liberdade de expressão, como demonstro no meu intróito. Sou fã do Jabor, não nego, mas há coisa escritas por ele que não gosto e discordo peremptoriamente. Também sou fã do João Ubaldo e de sua sua obra "Viva o Povo Brasileiro". Tenho, porém, horror do romance dele "A Casa dos Budas Ditosos". Enfim, cada ideia é uma ideia, cada caso é um caso, e o interessante da discussão filosófica é fugir do senso comum, como estamos fazendo agora.
Outro dia, Lula citou Getúlio Vargas como "perseguido pela imprensa até se matar"... Curioso... Meu pai foi perseguido político no Estado Novo e depois, e mais ainda, com Getúlio presidente eleito, pela famigerada Polícia do Estado Novo, que se manteve na mesma linha de perseguição. Meu pai era líder sindical da Vidrobrás, em São Gonçalo. Teve de fugir com mulher e quatro filhos (Meu irmão mais novo, falecido, nasceu "na clandestinidade") para Santo Antônio do Imbé (Distrito de Santa Maria Madalena). Vivi numa palhoça de sapê durante longo tempo, e meu pai teve de trocar de nome. Passou de Emir a ser seu xará "Luiz". Morreu com 39 anos, doente e desiludido. Deixou a família na miséria, sem previdência social, por razões óbvias, tudo por conta do "guru" de Lula e Brizola e da "esquerda trabalhista". Você sabia que eu tive um "atestado de ideologia" negado pelo DOPS de Niterói, já tenente da PMRJ, porque o meu pai ainda constava lá fichado como "comunista"? É a vida, é a vida...
Obrigado pela contribuição, sempre eletrizante, do modo como gosto. Beijos no seu coração.