Geraldo Carneiro
Salgado Maranhão
O blog lembra o estilo antigo de escrever em folhetins, excluído o pejorativo de sua “baixa qualidade”. No blog, a periodicidade equivale à oportunidade do assunto, que muitas vezes foge ao controle de quem se propõe a comentá-lo. Não o fazendo de imediato, outro acontecimento assume o posto e a conveniência de abordá-lo supera o tema anterior. Daí, nem sempre a correção sai a contento ou a inferência atinge o cerne desejado. Cavacos do ofício. Quem se arrisca a manter um blog ativo obriga-se de antemão ao labor intenso. Com efeito, horas são consumidas, não se dorme, o lazer fica para depois ou nunca. Compensa-se o esforço em vista do prazer ou do compromisso social, para o qual basta haver apenas um leitor interessado. Quanto mais leitores, mais responsabilidade recai sobre os ombros do blogueiro de plantão.
A periodicidade da mídia impressa (jornal) é de 24 horas. Em se tratando de rádio e tevê, pode ser de minutos. É mais ou menos tentar pegar um gato pelo rabo em meio ao seu salto ou arrepanhar um peixe dentro d’água. Por isso, muitos assuntos não são percebidos ou comentados, o que resulta frustração para o blogueiro e seu leitor preferencial, usualmente denominado “seguidor”. Neste caso, interessa-me que o blogueiro deva ser o gato ou o peixe da alegoria supra; ele é a caça, e o seu seguidor, o caçador... Cá pra nós, gostar de ser caça a ser apanhada é coisa de maluco, mas não são poucas essas figuras dentre as quais me incluo. Que o caçador vença!
Justifico-me assim para falar que ontem à noite, 10/08, fugindo à regra da leitura de jornais, e revistas, e similares midiáticos, e sites, e blogs, fui ao Planetário da Gávea assistir a um evento especial: ouvir poemas pela fala de ícones do meio artístico e pela declamação exímia de algumas ilustres convidadas (Camilla Amado, Camila Pitanga, Ana Paula Pedro, Cissa Guimarães, Giulia Gam etc.). Dando um colorido especial ao espetáculo, inseriram-se nele os poetas Oswald de Andrade, encarnado por Orã Figueiredo, e Olavo Bilac, por Candido Damm. Enfim, momentos gloriosos para quem gosta da melhor arte: a poesia interpretada.
Parodiando a querida poeta, escritora e roteirista Sayonara Salvioli, que me acompanhou e também se deliciou do diferenciado espetáculo (“Em cena, palavras apenas”), eu diria: Em cena, dois poetas apenas: Salgado Maranhão e Geraldo Carneiro. Sim, dois poetas apenas, porém seleção em poesia de vanguarda. Salgado Maranhão, Prêmio Jabuti de Poesia, um craque; Geraldo Carneiro, “marginal da poesia marginal”, como ele gosta de se apresentar, mestre dos paradoxos, dos contrastes e das contradições poéticas, tal como seu parceiro de poesias e fraternidade. Dois, somente dois, porém capazes de reinventar a palavra como ninguém. Noite memorável! Claro que, por mais que tentasse, eu jamais poderia retratar aqui a emoção do espetáculo. Posso, sim, lamentar não haver sido num Maracanã lotado. Posso lamentar, também, por não ver nas vitrines principais das livrarias pátrias esses poetas e suas poesias em livros preciosos. Quem perde é o povo!...
Abriu-se a cortina em alto estilo. Surgiu em cena o magistral ator campista Tonico Pereira, dois anos mais velho que eu. Talvez, quem sabe, nos cruzamos naquele torrão onde eu por muitos anos vivi... De um modo peculiar (sensacional!), ele interpretou Moisés lendo “Os Desmandamentos”. Na verdade, um protesto dos poetas pela falta de espaço da poesia brasileira contemporânea, embora não se duvide de que ela está além dos paradigmas gramaticais, além do tempo. A poesia é a via principal de revitalização da linguagem escrita em sua máxima inventividade: a licença poética. Na prosa, creio que somente Guimarães Rosa logrou reinventar a linguagem pátria. Não é fácil revivificar uma língua. Esses dois o fazem como se caminhassem em terreno plano, como se fossem únicos donos da liberdade. E efetivamente são! Noite inesquecível! Visitem o site www.geraldocarneiro.com e saibam mais.
A periodicidade da mídia impressa (jornal) é de 24 horas. Em se tratando de rádio e tevê, pode ser de minutos. É mais ou menos tentar pegar um gato pelo rabo em meio ao seu salto ou arrepanhar um peixe dentro d’água. Por isso, muitos assuntos não são percebidos ou comentados, o que resulta frustração para o blogueiro e seu leitor preferencial, usualmente denominado “seguidor”. Neste caso, interessa-me que o blogueiro deva ser o gato ou o peixe da alegoria supra; ele é a caça, e o seu seguidor, o caçador... Cá pra nós, gostar de ser caça a ser apanhada é coisa de maluco, mas não são poucas essas figuras dentre as quais me incluo. Que o caçador vença!
Justifico-me assim para falar que ontem à noite, 10/08, fugindo à regra da leitura de jornais, e revistas, e similares midiáticos, e sites, e blogs, fui ao Planetário da Gávea assistir a um evento especial: ouvir poemas pela fala de ícones do meio artístico e pela declamação exímia de algumas ilustres convidadas (Camilla Amado, Camila Pitanga, Ana Paula Pedro, Cissa Guimarães, Giulia Gam etc.). Dando um colorido especial ao espetáculo, inseriram-se nele os poetas Oswald de Andrade, encarnado por Orã Figueiredo, e Olavo Bilac, por Candido Damm. Enfim, momentos gloriosos para quem gosta da melhor arte: a poesia interpretada.
Parodiando a querida poeta, escritora e roteirista Sayonara Salvioli, que me acompanhou e também se deliciou do diferenciado espetáculo (“Em cena, palavras apenas”), eu diria: Em cena, dois poetas apenas: Salgado Maranhão e Geraldo Carneiro. Sim, dois poetas apenas, porém seleção em poesia de vanguarda. Salgado Maranhão, Prêmio Jabuti de Poesia, um craque; Geraldo Carneiro, “marginal da poesia marginal”, como ele gosta de se apresentar, mestre dos paradoxos, dos contrastes e das contradições poéticas, tal como seu parceiro de poesias e fraternidade. Dois, somente dois, porém capazes de reinventar a palavra como ninguém. Noite memorável! Claro que, por mais que tentasse, eu jamais poderia retratar aqui a emoção do espetáculo. Posso, sim, lamentar não haver sido num Maracanã lotado. Posso lamentar, também, por não ver nas vitrines principais das livrarias pátrias esses poetas e suas poesias em livros preciosos. Quem perde é o povo!...
Abriu-se a cortina em alto estilo. Surgiu em cena o magistral ator campista Tonico Pereira, dois anos mais velho que eu. Talvez, quem sabe, nos cruzamos naquele torrão onde eu por muitos anos vivi... De um modo peculiar (sensacional!), ele interpretou Moisés lendo “Os Desmandamentos”. Na verdade, um protesto dos poetas pela falta de espaço da poesia brasileira contemporânea, embora não se duvide de que ela está além dos paradigmas gramaticais, além do tempo. A poesia é a via principal de revitalização da linguagem escrita em sua máxima inventividade: a licença poética. Na prosa, creio que somente Guimarães Rosa logrou reinventar a linguagem pátria. Não é fácil revivificar uma língua. Esses dois o fazem como se caminhassem em terreno plano, como se fossem únicos donos da liberdade. E efetivamente são! Noite inesquecível! Visitem o site www.geraldocarneiro.com e saibam mais.
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