segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dê-me um belisco!

Quero me certificar desse agradável espanto


Não posso negar que necessito de um belisco. Afinal, cada passo audaz do novo Comandante Geral, – mirando o horizonte com olhos de lince, – significa um avanço histórico. Faz tempo que o Comando Geral não crê em seus comandados; faz tempo que o PM, – na condição de homem e profissional, – não é situado como basicamente bom e capaz de doar o melhor de si em benefício de si mesmo e da sociedade destinatária dos seus serviços; faz tempo que o PM vem sendo indistintamente tratado como um ente propenso à maldade e ao erro e por isso merecedor de punição sistemática e injusta; faz tempo que a PMERJ não iguala as mulheres aos homens em direitos; faz tempo que a PMERJ só avista o lado de fora e olvida seus volumosos problemas internos.



Agora não!



Agora o Comando Geral, – legitimado combatente urbano especializado e filósofo, – decerto é conhecedor da Teoria Geral da Administração, e, portanto, atento aos princípios administrativos que idealizam o homem fisiologicamente atendido, seguro em relação a si e à família, treinado e motivado para a missão e finalmente aplaudido. Esta é a resposta de uma equação complexa: a segurança pública. Complexa, sem dúvida, mas não por culpa das pessoas, e sim de um sistema que insiste na manutenção do statu quo como razão de sua existência institucional: um sistema com sobrevida de Avestruz...


Faz tempo que os OBJETIVOS INSTITUCIONAIS DA PMERJ estão dissociados dos seus MEIOS MATERIAIS E HUMANOS. A equação a que antes me referi poderia ser resumida em duas atividades formando uma igualdade: meio e fim (M=F), entendido o “M” como eficiência e o “F” como resultado ótimo e aplaudido (eficácia e efetividade).
Equilibrar meio e fim, todavia, não é tarefa simples. Não se trata de cálculo matemático a buscar a exatidão do resultado (M=F). Trata-se de sinergia, de globalismo, como no inspirado raciocínio de Caetano Veloso: “tudo certo como dois e dois são cinco”. Afinal, estamos nas ruas em combate constante e todos os acertos tornam-se erro drástico ante uma bala perdida... Morre uma criança e se recomeça do zero... E debaixo de críticas ferozes devemos seguir em frente sem perder de vista o ponteiro do azimute. Para tanto, porém, é preciso ter um rumo proativamente traçado, incluindo-se alternativas de desvios de rota para contornar obstáculos. Em não havendo essa visão prospetiva, emergirão o aleatorismo, o comportamento reativo, o círculo vicioso...

Agora, porém, há um Norte seguro. E vamos em frente porque somos uma pirâmide hierárquica rigidamente construída. Nosso alicerce é a tropa de graduados e praças; logo acima estão os oficiais assentados: as pedras. Somos todos, – ativos e inativos, – pedras de uma só pirâmide que se sustenta no alicerce. O topo da pirâmide é o Comando Geral, que, quer queira ou não, concentra a totalidade das atenções do Público Interno. Sim, todos nós, – alicerce e pedras, – miramos o topo: pedra lapidada que sustentamos em tristeza ou alegria. Foram muitas as sustentações tristonhas. Hoje a pirâmide se alegra por apoiar o Comandante Geral; hoje a pirâmide se orgulha a cada medida tornada real. Hoje é real a possibilidade de o alicerce ascender ao topo para ficar lado a lado com o Comandante Geral, após vencer todas as etapas da pirâmide de Maslow, degrau por degrau, nada impedindo saltar degraus ou até mesmo voar...
Às vezes a coragem é tida como inconseqüência, em especial pelos que desconhecem sua verdadeira motivação, esta, que se firma no Pensamento e no Idealismo cujo critério é a “Verdade da Tropa”. O Comandante Geral, antes de ser corajoso, crê no seu conhecimento, e, principalmente, – e em linguagem socratiana, – no seu não-saber, que se desvelará através do “outro”. Esse “outro” é primeiramente a pirâmide: o Público Interno formado por muitos sistemas e subsistemas complexos (físicos e conceituais). Por isso ele, – pedra última do pico, – sabe que está numa contraditória dualidade de “sujeito-objeto”, mesmo sendo ambos correlacionados. Ele sabe que a PMERJ tem de ser, – sem deixar de atentar para o seu “objeto externo”, – ele próprio se olhando ao espelho. É difícil...
Ao desdenhar os paramentos inventados para o cargo, mais para Luís XIV, ele nos informa ser igual aos demais que comanda; ao vestir a farda caveira e acompanhar o enterro do seu companheiro de lutas reais, um cabo PM, ele avisa ser irmão camarada, um de nós. E assim marchará à frente, à retaguarda e ombreado com o alicerce e as pedras da pirâmide viva. Sim, viva porque possui alma e espírito! É feita de alicerce-pedra-gente. Não é e não deve ser uma pirâmide de 200 anos coberta de entulho e limo! É uma pirâmide a ser renovada para ter utilidade social permanente. Eis o maior dos desafios: renovação em vez de tradição!
Que falar ao jovem oficial que se doa ao honroso destino, como o fez Aquiles, filho de Peleu e Tétis? Muito! Em especial, que a pirâmide abraça-se a si mesma em sinergia para lhe proteger o calcanhar. Abraça-se a si mesma a lhe agradecer por aceitar o repto; abraça-se a si mesma a afirmar que cumprirá seu destino de barreira contra a violência e o crime sob seu comando. Importa à pirâmide dizer-lhe que nesta luta ela é também sujeito da ação. E desse modo espantado, – e em belisco otimista, – dizer-lhe que a pirâmide será o “eu globalístico” a proporcionar ao RJ, – em mobilidade jamais vista, – a tão ansiada paz social.

Assinado: “deputado Cerejeira”

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