VERSUS
A insegurança pública insere-se nas discussões cotidianas tal como o apaixonante futebol. Discute-se do boteco periférico ao restaurante de luxo, do barraco à cobertura, do analfabeto ao doutor, e não se chega a nenhuma conclusão a não ser a da necessidade de se trocar o “presidente do clube” e o “técnico”, representando respectivamente o governante e os dirigentes do sistema de segurança pública: o time do bem.
Se, porém, as opiniões divergem e se desdobram em muitas “escalações”, existe um pensamento comum: o time do bem está perdendo jogos e mais jogos para o time do mal. E os torcedores se apavoram ante a possibilidade de o campeonato ser vencido pelo segundo. Afinal, no time do mal os jogadores são mais desenvoltos, recebem salários milionários e seus equipamentos são de última geração. Por outro lado, o time do bem permanece depauperado: as chuteiras são antigas, com travas de rodelas de couro superpostas, pregadas, e a espetar os pés dos jogadores; as bolas são velhas e costuradas a mão, e ambas, chuteiras e bolas, ficam logo pesadas e disformes, bastando chover. Com o passar do tempo então... Ademais, o treinamento não é sistemático, pois os jogos constantes e a falta de jogadores e material não dão tempo e condições para treinamento algum. Mesmo assim, alguns gols do time do bem acontecem, mas apenas para diminuir o resultado das goleadas irreversíveis a favor do time do mal.
Em meio a derrotas sucessivas, os torcedores do time do bem não mais comparecem aos jogos. Trancam-se em suas casas e apartamentos gradeados tais quais presídios. Distraem-se vendo pela tevê as derrotas do time do bem para o time do mal. Os cães latem do lado de fora a lhes sugerirem o perigo, a eriçar-lhes os cabelos e a lembrar-lhes a limpeza dos dejetos caninos no dia seguinte. E a despesa extra com ração...
Pior é que os apavorados torcedores assistem ao esvaziamento do time do bem, com seus jogadores, depois de treinados, sendo cooptados pelo time do mal. Bons jogadores, sim, porém barateados, famintos e desanimados; na verdade, eles recebem passe livre e, levados ao desemprego, vão jogar no time do mal com salários expressivos, se comparados com seus péssimos ganhos anteriores e com os salários irrisórios de seus colegas que ainda sobrevivem no time do bem. Afinal, eles não sabem fazer nada além de jogar...
Já os torcedores do time do bem, sócios-contribuintes, não mais creem em vitória nos jogos nem em conquistar campeonatos. Sonham com reforços vindos de fora, mas logo se rendem à evidência de que o time do mal contrata os melhores jogadores e possui sofisticadas estruturas físicas, tecnológicas e financeiras em tudo que é agremiação: PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL (PCC), TERCEIRO COMANDO (TC), TERCEIRO COMANDO JOVEM (TCJ), TERCEIRO COMANDO PURO (TCP), COMANDO VERMELHO (CV), COMANDO VERMELHO JOVEM ( CVJ), AMIGOS DOS AMIGOS ( ADA), TERCEIRO COMANDO DA CAPITAL (TCC) LIGA DA JUSTIÇA (L J), ESQUADRÃO DA MORTE (EM), PARAMILITARES ETC.
Há quem diga que o segundo pecado dos dirigentes e técnicos do time do bem (o primeiro pecado é pagar mal) é o de ignorarem as formalidades ou aplicá-las contra seus próprios jogadores depois de distorcê-las convenientemente. Não amam as leis nem as regras do jogo. São preguiçosos, incultos, aleatórios e arrogantes. São pecadores... Mas culpam os jogadores por tudo que é errado. Culpam até os torcedores... O nome desse segundo pecado é anomia. Mais que simples pecado, anomia é doença que se alastra entre jogadores e torcedores do time do bem, que nela começam a crer como possibilidade e a põem em prática imitando seus dirigentes e técnicos. Tornam-se todos, deste modo, arremedos de jogadores do time do mal, este que ganha força moral e material e se vai tornando o heroi da história segundo a ótica de que o bem é incapaz de triunfar do mal.
O terceiro pecado é quando jogadores e dirigentes são treinados pelo time do mal e enviados para jogar no time do bem. Chegam prontos e acabados e com habilidades bastantes para fazer gols contra sem chamar a atenção dos torcedores. E assim, aos poucos, o time do mal vai infectando o time do bem, até que ambos se confundem frente ao espelho da verdade. Pronto, o mal está feito! As discussões se igualam na ideia do quanto pior, melhor. E a desordem impera dentro e fora dos gramados...
Essa cultura do quanto pior, melhor, refere-se à espantosa permissividade do time do bem a contribuir para a legitimação da anomia – mola propulsora do time do mal. Por conta de eloquentes argumentos “econômico-sociais”, o time do bem ignora a quebra de regras nos campos de jogo e de treinamento – o ambiente social. Ou passa a igualmente quebrá-las, jogando (agindo) ou embromando no jogo (omitindo-se)...
Deste modo, tudo que deveria ser proibido é permitido: vendas ostensivas de piratarias pelas calçadas; distribuição clandestina de gás de cozinha; puxadinhas de moradias ricas e pobres; fios de gatonet percorrendo postes à luz do dia; vans piratas soltando fumaça e cortando vias urbanas e estradas em alta velocidade, geralmente com pneus vencidos e demais irregularidades impeditivas do seu tráfego; rádios comunitárias clandestinas; gêneros alimentícios e remédios vencidos nas prateleiras do comércio; mesas de bares ocupando calçadas; motos irregulares rodando em tudo que é canto e atendendo a todos os fins ilícitos; táxi fazendo lotada...
Enfim, se fôssemos listar toda a anomia alimentadora do time do mal, até chegarmos aos crimes de sangue e fraude, passando pelo péssimo sistema carcerário e quejandos, haja papel! E, já que inúmeros organismos públicos existentes para atalhar esses males e desafogar o labor policial, não o fazem, o jeito é a polícia mesma coibi-los, como agora começou a fazer, provando ser a seleção do time do bem, escalada do goleiro ao centroavante. É hora, então, de os torcedores aplaudirem a polícia representativa do time do bem a marcar gols sucessivos e a conquistar vitórias, e vaiarem freneticamente os apologistas do corpo mole ou da ação em favor do time do mal. Pois, com os torcedores solidários ao time do bem e abominando o time do mal, venceremos o campeonato. Que entrem em campo os lídimos torcedores: os cidadãos defensores do bem!
Se, porém, as opiniões divergem e se desdobram em muitas “escalações”, existe um pensamento comum: o time do bem está perdendo jogos e mais jogos para o time do mal. E os torcedores se apavoram ante a possibilidade de o campeonato ser vencido pelo segundo. Afinal, no time do mal os jogadores são mais desenvoltos, recebem salários milionários e seus equipamentos são de última geração. Por outro lado, o time do bem permanece depauperado: as chuteiras são antigas, com travas de rodelas de couro superpostas, pregadas, e a espetar os pés dos jogadores; as bolas são velhas e costuradas a mão, e ambas, chuteiras e bolas, ficam logo pesadas e disformes, bastando chover. Com o passar do tempo então... Ademais, o treinamento não é sistemático, pois os jogos constantes e a falta de jogadores e material não dão tempo e condições para treinamento algum. Mesmo assim, alguns gols do time do bem acontecem, mas apenas para diminuir o resultado das goleadas irreversíveis a favor do time do mal.
Em meio a derrotas sucessivas, os torcedores do time do bem não mais comparecem aos jogos. Trancam-se em suas casas e apartamentos gradeados tais quais presídios. Distraem-se vendo pela tevê as derrotas do time do bem para o time do mal. Os cães latem do lado de fora a lhes sugerirem o perigo, a eriçar-lhes os cabelos e a lembrar-lhes a limpeza dos dejetos caninos no dia seguinte. E a despesa extra com ração...
Pior é que os apavorados torcedores assistem ao esvaziamento do time do bem, com seus jogadores, depois de treinados, sendo cooptados pelo time do mal. Bons jogadores, sim, porém barateados, famintos e desanimados; na verdade, eles recebem passe livre e, levados ao desemprego, vão jogar no time do mal com salários expressivos, se comparados com seus péssimos ganhos anteriores e com os salários irrisórios de seus colegas que ainda sobrevivem no time do bem. Afinal, eles não sabem fazer nada além de jogar...
Já os torcedores do time do bem, sócios-contribuintes, não mais creem em vitória nos jogos nem em conquistar campeonatos. Sonham com reforços vindos de fora, mas logo se rendem à evidência de que o time do mal contrata os melhores jogadores e possui sofisticadas estruturas físicas, tecnológicas e financeiras em tudo que é agremiação: PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL (PCC), TERCEIRO COMANDO (TC), TERCEIRO COMANDO JOVEM (TCJ), TERCEIRO COMANDO PURO (TCP), COMANDO VERMELHO (CV), COMANDO VERMELHO JOVEM ( CVJ), AMIGOS DOS AMIGOS ( ADA), TERCEIRO COMANDO DA CAPITAL (TCC) LIGA DA JUSTIÇA (L J), ESQUADRÃO DA MORTE (EM), PARAMILITARES ETC.
Há quem diga que o segundo pecado dos dirigentes e técnicos do time do bem (o primeiro pecado é pagar mal) é o de ignorarem as formalidades ou aplicá-las contra seus próprios jogadores depois de distorcê-las convenientemente. Não amam as leis nem as regras do jogo. São preguiçosos, incultos, aleatórios e arrogantes. São pecadores... Mas culpam os jogadores por tudo que é errado. Culpam até os torcedores... O nome desse segundo pecado é anomia. Mais que simples pecado, anomia é doença que se alastra entre jogadores e torcedores do time do bem, que nela começam a crer como possibilidade e a põem em prática imitando seus dirigentes e técnicos. Tornam-se todos, deste modo, arremedos de jogadores do time do mal, este que ganha força moral e material e se vai tornando o heroi da história segundo a ótica de que o bem é incapaz de triunfar do mal.
O terceiro pecado é quando jogadores e dirigentes são treinados pelo time do mal e enviados para jogar no time do bem. Chegam prontos e acabados e com habilidades bastantes para fazer gols contra sem chamar a atenção dos torcedores. E assim, aos poucos, o time do mal vai infectando o time do bem, até que ambos se confundem frente ao espelho da verdade. Pronto, o mal está feito! As discussões se igualam na ideia do quanto pior, melhor. E a desordem impera dentro e fora dos gramados...
Essa cultura do quanto pior, melhor, refere-se à espantosa permissividade do time do bem a contribuir para a legitimação da anomia – mola propulsora do time do mal. Por conta de eloquentes argumentos “econômico-sociais”, o time do bem ignora a quebra de regras nos campos de jogo e de treinamento – o ambiente social. Ou passa a igualmente quebrá-las, jogando (agindo) ou embromando no jogo (omitindo-se)...
Deste modo, tudo que deveria ser proibido é permitido: vendas ostensivas de piratarias pelas calçadas; distribuição clandestina de gás de cozinha; puxadinhas de moradias ricas e pobres; fios de gatonet percorrendo postes à luz do dia; vans piratas soltando fumaça e cortando vias urbanas e estradas em alta velocidade, geralmente com pneus vencidos e demais irregularidades impeditivas do seu tráfego; rádios comunitárias clandestinas; gêneros alimentícios e remédios vencidos nas prateleiras do comércio; mesas de bares ocupando calçadas; motos irregulares rodando em tudo que é canto e atendendo a todos os fins ilícitos; táxi fazendo lotada...
Enfim, se fôssemos listar toda a anomia alimentadora do time do mal, até chegarmos aos crimes de sangue e fraude, passando pelo péssimo sistema carcerário e quejandos, haja papel! E, já que inúmeros organismos públicos existentes para atalhar esses males e desafogar o labor policial, não o fazem, o jeito é a polícia mesma coibi-los, como agora começou a fazer, provando ser a seleção do time do bem, escalada do goleiro ao centroavante. É hora, então, de os torcedores aplaudirem a polícia representativa do time do bem a marcar gols sucessivos e a conquistar vitórias, e vaiarem freneticamente os apologistas do corpo mole ou da ação em favor do time do mal. Pois, com os torcedores solidários ao time do bem e abominando o time do mal, venceremos o campeonato. Que entrem em campo os lídimos torcedores: os cidadãos defensores do bem!
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