sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobre a PMERJ e suas datas aniversárias









?




Eia! Eia!...


A PMERJ está em véspera de completar 200 anos... A PMERJ?... Não!... Quem completará 200 anos é a extinta Polícia Militar do Estado da Guanabara (PMEG), que antes foi Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que antes foi... Bem, a PMERJ começa a se dividir, antes mesmo de existir, a partir da junção da PMEG com ela própria (Muitos policiais militares que foram para a PMDF, na transferência da capital para Brasília, retornaram à PMEG. E não receberam as boas-vindas...).
Em seguida, houve a adesão forçada da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMRJ), criada em 1835 e que antes foi... E que agora, dia 14 de abril, completa 174 anos. Enfim, – e de parte a parte, – nada há a comemorar, mas ambas (PMEG e PMRJ) estarão a postos enaltecendo cada qual a sua data aniversária tal e qual antes o faziam: como se a PMERJ não existisse (esta foi criada a fórceps em 15 de março de 1975).
Pior é que os jovens oficiais, gerados a partir do útero doentio da PMERJ, há 34 anos, preferem fingir que não são filhos dela e se engajam na falsa ideia de que a sua data aniversária é também 13 de maio de 1809, legitimando a mentira histórica. Mas talvez tenham razão. Afinal, como aceitar o fórceps?
Nós, – os antigos ainda vivos, a maioria na inatividade, – teimosamente nos fixamos nas datas tradicionais, ignorando a verdadeira efeméride da PMERJ. Duas datas tristes, muito mais para nós, – joões-de-barro, – e bem menos para eles, – azulões, – porém mais ainda para os híbridos de dois pássaros que não se aninham. Contudo, foram impelidos a fazê-lo artificiosamente, gerando apenas teratogenias aladas. Por via de consequência, a passarada sem identidade ou reage à dura realidade sem comemorar ou opta por gauderiar em árvore alheia, como o vem fazendo...

Ninguém quer ser joão-de-barro?... Todos querem ser azulões?...

Muito bem, é possível que a verdade do “sim” esteja nas duas indagações que conformam o dilema. Porém, como os azulões são maioria, desde o início instituíram uma pedante cultura de menoscabar 14 de abril e enaltecer 13 de maio. Deste modo, impregnou-se a nova passarada da PMERJ de história errada.
Ah, aos vencedores as batatas, os joões-de-barro têm mais é que cantar seu hino, sem eco, na sede do antigo QG da PMRJ, em Niterói. Sem eco, não por falta de emoção, mas por distanciamento da idade varonil. Somos hoje um bando de saudosistas caindo aos pedaços. Sim, somos, mas é certo que no dia 14 de abril arrancaremos do peito um ganido se fingindo brado a relembrar grandes conquistas em terras brasileiras e paraguaias.
Temos história própria, sim! Também os azulões têm história própria, sim! Mas até então ninguém se preocupou em juntar as duas histórias numa só, de modo a apagar essa nódoa preconceituosa que, como um vírus bem plantado, vem contaminando os oficiais da atual geração, estes que nada têm a cantar: nasceram fracos e mudos. Apelam então para uma espécie de “karaokê”; estufam o peito e embarcam em hinos e canções alheias, o que lhes acentua a mais e mais a falta de identidade com uma pincelada de servilismo, posto não defenderem sua própria história.
Ainda bem que inventaram a Canção do Policial Militar, linda, por sinal, e catalisadora das emoções de lá e de cá. No fim de contas, não é hino, é música. Mas o Hino da PMRJ jamais será calado por nenhuma canção. Enquanto existir um João-de-barro no mundo, ele estará cantarolando ou assobiando o “vigilante obreiro”. Até que, depois de todos mortos, o hino se apague da lembrança da nova PMERJ. Nova? Não seria mais apropriado dizê-la “entulho autoritário”?
Muito bem, cabe aos jovens da PMERJ implantar uma realidade diferente, de repente lançando Brasão e Hino inéditos, trocando a cor da farda e pondo a tropa a cantar simultaneamente o Hino da PMRJ e a Canção do Policial Militar antecedendo-se ao cantar do novo hino: o Hino da PMERJ! Ou que enalteçam tão-somente o novo hino, mandando os demais ao museu da corporação, bom lugar para guardar coisas idas e vividas.
Deste modo, as duas histórias serão o alicerce da reconstrução de uma nova instituição a exaltar a bravura de seus próprios feitos, que são muitos nesta atualidade do tráfico sanguissedento a produzir mais vítimas que a Guerra do Paraguai, cujas vitórias são nostalgicamente cantadas pelos 12º e 31º de Voluntários da Pátria. Sim, hoje está mui pior, e não faltará inspiração a exaltar o ferimento e a morte de muitos companheiros vitimados pelo banditismo!
Quem sabe não é o que falta para se consolidar a tão almejada mudança na PMERJ como um autêntico “Projeto 35 anos”, a iniciar 2010 com novos ares nos quartéis e nas ruas? Pois não há como fugir da verdade histórica; gostemos ou não, a PMERJ nasceu de apressada “cesariana” em 15 de março de 1975, fruto de conúbio forçado entre dois Estados independentes e autônomos. Nasceu bastarda, mas poderá ser boa filha se se assumir como tal e trabalhar unida em favor da sociedade.

Nenhum comentário: