“O mundo está perigoso para se viver!
Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de
conta de que não viram.” (Albert Einstein)
MEU COMENTÁRIO
O Jornal EXTRA de
hoje, 29 de abril de 2017, bem retrata o abismo entre o sistema PMERJ e a mídia
local, que se representa especialmente pelo jornal em sublinha. Nas redes
sociais, os companheiros reclamam veementemente da "univocidade" do jornal,
embora na sua primeira página haja também referência ao absurdo número de PMs
mortos em apenas quatro meses: 60. Ou seja, uma média de 15 PMs mortos por mês,
número absurdo, mas que, segundo a ótica dos profissionais de imprensa que geralmente
se autointitulam “de esquerda”, nada significa e até lhes provoca certa
alegria.
O disparate dos
números me faz lembrar a frase que até pouco tempo ocupava o frontispício da
Galeria de Heróis do Nono Batalhão, situado em Rocha Miranda, sempre recordista
em perdas como em promoção de letalidade entre bandidos, ainda se considerando
as vítimas que são surpreendidas por balas perdidas neste fogo cruzado que
parece não ter fim. Eis a frase: “ONDE HÁ LUTA HÁ SACRIFÍCIO E A MORTE É COISA
FREQUENTE.”
Este é o clima
organizacional da PMERJ atualmente. Pois quem muito morre muito mata, círculo
vicioso que parece também agradar a uma sociedade passiva e conformada, como se
esta dura realidade não passasse de ficção ao modo Franz Kafka ou não
retratasse o absurdo do “suicídio” denunciado por Albert Camus, ambos assim
expostos na telinha da tevê. Pois ao ingressar na PMERJ o jovem cidadão de certo
modo está aceitando a ideia do suicídio. No fim de contas, o que o faz aceitar
tamanho risco de morte? A vontade de matar, talvez, como muitos jovens soldados
norte-americanos admitem em documentários? Aceitar a morte como “coisa
frequente” é normal? E se a mídia exaltasse a morte de policiais e ignorasse a
morte de civis produzida pelos primeiros (policiais), isto aplacaria os ânimos?
Ou apenas estimularia a que os PMs morressem mais e matassem mais?
Ora, já se sabe de
antemão que nenhum dos lados desta contenda mudará de posição. A insistência no
modelo operacional gerador de vítimas de parte a parte não sugere estar com os
dias contados. Sim, a mortandade vai continuar, é espécie de paranoia estatal e
social. Claro que tal situação, grave em todos os sentidos, é prato cheio para
a mídia sensacionalista, porque é certo que não interessa aos profissionais a
harmonia e a paz no ambiente social. Sem caos não há notícia nem alarde. Nem
venda maciça de jornais... Portanto, o caos é necessário, de tal modo que a
PMERJ insistirá em produzir notícias de “combate”, os leitores dos jornais continuarão
a amar o clima de “bang-bang” e os mortos e feridos quedarão em esquecimento
imediato, com os jornais de ontem cobrindo o rosto dos cadáveres de hoje.
Nem vou comentar sobre
o fracasso das UPPs e a teimosia da corporação em não colocar o assunto sobre a
mesa, intramuros, deixando para os acadêmicos e jornalistas a tarefa de
concluir antes sobre este inegável insucesso operacional que nesta semana se consolidou
a mais e mais com a instalação de uma cabine blindada no Complexo do Alemão.
Ah, fico eu aqui imaginando como será se os traficantes tiverem a péssima ideia
de incendiar com pneus o entorno da tal “cabine mágica”, tornado-a forno a
assar PMs, o que não me parece tarefa difícil. Que os PMs fiquem atentos a
isso!...
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