E quem é Cesar Benjamin, secretário municipal do Rio que se insurgiu contra a PMERJ antes de a balística confirmar quem matou a adolescentes na escola municipal.
Quem da geração policial recente, – ou
da sociedade jovem, – conhece a história do Comando Vermelho e seus conluios
com algumas facções políticas de esquerda? É certo misturar ideologias
políticas, tanto faz se de direita ou de esquerda, com uma criminalidade
protagonizada por facínoras contumazes? Afinal, os fins justificam todos os
meios, até os mais escusos?... Talvez poucas gentes saibam que esta
excrescência ocorreu no RJ. Demais disso, o tempo passou e os acontecimentos ontem
veiculados embrulharam o peixe no dia seguinte levando-os ao esquecimento, o
que implica a necessidade de relembrá-los... E como na vida tudo é contexto, – nem
tudo é jornal imediatista e fragmentado (ao contrário, os acontecimentos são
sistêmicos, mantendo uma relação permanente de causa e efeito), e como eu me
preocupo com a questão da criminalidade no ambiente social do RJ, lar dos meus
entes queridos, – como na vida tudo é contexto eu devo expor o polêmico tema às
gerações de agora e às vindouras num mínimo de minúcia que se possa comprovar.
É o que venho fazendo nos últimos dias e não hesitarei em perseverar, pois sei
que enquanto alguns rechaçarão o meu esforço por preconceito ou preguiça,
outros refletirão seriamente e poderão aprofundar o estudo do crime organizado
no RJ com o foco na sua histórica promiscuidade com importantes segmentos do
estado e da sociedade. Esperando, portanto, que o futuro seja mais sadio, vamos
prosseguir na nossa trilha cheia de espinhos e pedras e nenhuma flor...
Na sequência do raciocínio que venho
desenvolvendo sobre a violência no RJ, devo agora sublinhar William da Silva
Lima, prócer do CV, um dos personagens daquele discurso em tom de cobrança
feito na Ilha Grande aos representantes do PDT que com os líderes do CV se
reuniram para tratar de inconfessos interesses comuns... Eis o homem do
discurso na Ilha Grande a que o jornalista e escritor Carlos Amorim se reporta nos
termos grafados nos capítulos anteriores deste retrospecto sobre a violência no
RJ. Afinal, sobre esse personagem há muito que contar a partir dele próprio,
focalizando primeiramente uma declaração que ele deu a um policial civil (Detetive
João Pereira Neto, da antiga Divisão Antissequestro – DAS – da PCERJ), resgatada
por Carlos Amorim, e que poderia ser designada sem erro como profecia
William comenta que alguns intelectuais pretendiam usar o
Comando Vermelho na luta política. (...). ‘Alguns deles, pequeno-burgueses,
pretendiam usar nossas comunidades e nossa organização com finalidades
políticas. –
À medida que não deixamos usar, comprovamos, sem soberba, que conseguimos
aquilo que a guerrilha não conseguiu, o apoio da população carente. Vou aos
morros e vejo crianças com disposição, fumando e vendendo baseado. Futuramente
elas serão três milhões de adolescentes que matarão vocês (a polícia) nas
esquinas. Já pensou o que serão três milhões de adolescentes e dez milhões de
desempregados em armas? Quantos BANGU I, II, III, IV, V... terão que ser
construídos para encarcerar essa massa?...’
Há muitas
referências ao prócer do CV na obra de Carlos Amorim, mas interessa fechar
sobre ele o zoom a partir do título
do seu badalado livro Quatrocentos Contra
Um – Uma História do Comando Vermelho. O título não surgiu ao acaso,
trata-se de homenagem ao facínora tornado ícone do CV: Zé Bigode (José Jorge Saldanha). Um dos fundadores do CV, Zé Bigode foi morto em 03 de abril de
1981 durante intenso tiroteio que sustentou contra 400 policiais civis e
militares na Ilha do Governador. O episódio inspirador do título do livro de
William da Silva Lima tornou-se filme que retrata mais ou menos como se deu a
aproximação e o contágio de presos políticos e bandidos comuns no Instituto
Penal Cândido Mendes (IPCM), na Ilha Grande. Enfim, o livro em foco representa uma
incrível badalação do Comando Vermelho apoiada pela sociedade, por suas
representatividades políticas e por ONGs sustentadas pelo erário público.
As imagens do confronto que pôs
fim ao bandido Zé Bigode são
impressionantes e merecem destaque para inspirar esta reflexão:
É domínio
público que o facínora Zé Bigode
possuía vasta folha penal, ressaltando-se que sua especialidade era assalto a
banco, constando pelo menos doze em sua carreira de crimes. Ele estava
homiziado no Conjunto dos Bancários, na Ilha do Governador, exatamente por ser
um dos apartamentos local de reunião dos quadrilheiros e de guarda do material
bélico que eles usavam nos assaltos. Apanhado de surpresa, Zé Bigode fez uso do arsenal por quase um dia e uma noite, até ser
abatido pelo BPOPE, não sem antes ferir vários policiais, alguns mortalmente.
Este era o
ídolo de William da Silva Lima, autor do livro 400 contra Um – Uma História
do Comando Vermelho, que mereceu glamour típico de grandes escritores, só lhe
faltando dar autógrafo em Bienal neste país que mais parece a “República dos
Bruzundangas”.
A
militância de William da Silva Lima no crime e na política realmente lhe
empresta o direito à fama, na qual muitas gentes importantes (ainda hoje)
pegaram carona. E talvez por isso algumas dessas gentes sejam ainda hoje importantes,
menos o bandido, claro, que sempre se ferrou e assim permanecerá até queimar no
inferno.
Como antes
anunciei, e para dar consistência à história, repiso alguns trechos do livro de
Carlos Amorim (Comando Vermelho – A
História Secreta do Crime Organizado):
Sobre isso há um depoimento inquestionável: o primeiro e
mais importante líder do Comando Vermelho, William da Silva Lima – o Professor –,
diz que leu muitos livros na cadeia. Como nessa história todo mundo escreveu
memórias, William não ia ficar de fora. O fundador do Comando Vermelho publicou
QUATROCENTOS CONTRA UM – UMA HISTÓRIA DO COMANDO VERMELHO, pela Editora
Vozes.
Carlos Amorim reporta-se a alguns trechos do livro de
William da Silva Lima:
(...). Quando os presos políticos se beneficiaram da
anistia que marcou o fim do Estado Novo, deixaram na cadeia presos comuns
politizados, questionadores das causas de delinquência e conhecedores dos
ideais do socialismo. Essas pessoas, por sua vez, de alguma forma permaneceram
estudando e passando suas informações adiante (...). Na década de 60 ainda se
encontrava presos assim, que passavam de mão em mão, entre si, artigos e livros
que falavam de revolução (...). O entrosamento já era grande, e 1968 batia às
portas. (...) Repercutiam fortemente na prisão os movimentos de massa contra a
ditadura, e chegavam notícias da preparação da luta armada. Agora, Che Guevara
e Régis Debray eram lidos. Não tardaria contatos com grupos guerrilheiros em
vias de criação.
Palavras de
Carlos Amorim:
(...) O livro de
William da silva Lima foi lançado no auditório da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), no dia 05 de abril de 1991, durante seminário sobre
criminalidade dirigido pelo Instituto de Estudos de Religião, de orientação
católica. O texto final foi copidescado por César Queiroz Benjamim, um
ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), que trabalhou
sobre um original de mais de quatrocentas páginas.
Nota-se a perplexidade de Carlos Amorim diante das
constatações que fez em sua pesquisa de doze anos, o que torna sua obra a única
no gênero. Ele ainda afirma sobre o livro do prócer do CV, prefaciado pelo cientista
social e filósofo Rubem César Fernandes, presidente da ONG VIVA RIO:
As palavras do Professor dão bem a ideia do quanto ele se
desenvolveu nos contatos que manteve na cadeia. Dizem que, ao contrário da
maioria dos militantes da esquerda, ele leu O CAPITAL – conhecimento que ainda
hoje falta a muito comunista de carreira. (...) Duas semanas após o lançamento,
no dia 19 de abril, o fundador do Comando Vermelho, com autorização do DESIPE,
manteve um encontro com jornalistas estrangeiros no Hospital Penitenciário. Esta
foi a segunda vez na história do sistema penal brasileiro que um preso comum
deu entrevista coletiva à imprensa. Na noite de autógrafos na ABI, quem
assinava os livros era a mulher dele, Simone Barros Corrêa Menezes. (...) William
da Silva Lima, um pernambucano de cinquenta anos, se considera um guerrilheiro,
(...) Hoje ele está preso em BANGU I. (...) Na Ilha Grande, diante de toda a
imprensa, um acontecimento insólito: a autoridade pública é recebida por um dos
Vermelhos, um dos novos xerifes da prisão, Rogério Lemgruber, o Bagulhão. O
representante do Comando Vermelho veste bermudas, camisetas e sandálias
havaianas. Mete o dedo na cara do Secretário de Justiça e comunica a ele que os
presos estão cansados de ouvir o blábláblá do governo... Esperam medidas concretas e imediatas. A
visita ao "Caldeirão do Diabo" é cheia de incidentes. Os presos
desfiam um rosário de críticas e reivindicações. William da Silva Lima faz um
discurso de vinte minutos, interrompendo o promotor e deputado estadual Leôncio
Aguiar de Vasconcelos, que acompanhava o secretário de Justiça. O Professor é
aplaudido em delírio pelos presos. A coisa chega a ficar tão tensa que o
diretor do presídio cochicha no ouvido de Vivaldo Barbosa uma advertência: – Se
isso continuar assim, vamos acabar como reféns.
Lembrando
que foi no ano de 1982 que ocorreu o inusitado encontro no Presídio da Ilha
Grande, creio ser a síntese acima bastante para demonstrar a importância que
deram ao bandido comum tornado “político” por um sistema de interesses da esquerda
nacional, curiosamente por culpa da direita, que juntou bandidos com presos
políticos numa só caldeirada. Por outro lado, se é que o texto do livro do
“Professor” realmente saiu de sua mente à caneta que o escreveu, trata-se de
importante registro histórico. Mas, se não saiu, ou se somente uma parte a ele
pertence, vale especular se o livro foi cláusula de acordo entre sem-vergonhas da
política e bandidos do CV. De um modo ou de outro, o livro é poderoso carimbo
autenticador do conluio do PDT com o CV, envolvendo ainda outras personalidades
cooptadas, algumas engolindo ingenuamente a isca e outras, por óbvio, em troco
de fama, dinheiro e votos. Contudo, como vale o que está escrito e assinado, fica
aqui ajustado que houve o conluio para a conquista eleitoral e houve o
pagamento posterior com a inação da polícia contra o CV, este que prosperou
como nunca, aquecendo o caldeirão da violência até sua explosão em chacinas
perpetradas por policiais revoltados ou desviados para o crime em função da
mesma anomia beneficiadora do CV.
Vê-se,
portanto, que as chacinas nada mais representam que a luta do roto contra o
esfarrapado, e as retaliações consequentes aumentaram ainda mais a fama dos que
mereciam, na verdade, o demérito por suas más ações. Eu diria que houve um
crime perfeito por parte dos ocupantes do sistema situacional composto por
burocratas permanentes e políticos eventuais tentando a eternidade do poder.
Não foi outra coisa, bastando para a conclusão de que mais uma vez a elite usou
a massa e depois a descartou de muitas formas, ou pondo-a em conflitos e
confrontos, ou destruindo-a em “castigos-espetáculos” como forma de ampliar a
fama punindo supostos protagonistas de chacinas, espetáculo à parte resultante
da explosão da panela de pressão social fabricada pelo sistema situacional. E
pouco importa se da ralé policial tenham sido erradamente escolhidos os que
foram levados aos grilhões, à desonra e à morte, essa turma só tem direito ao
vai-volta, não tem voz ativa, é tudo rebanho enfileirado para ser abatido. No
caso dos PMs, as fileiras são mais simples, eles são foucaultianos “corpos
dóceis”; os demais, civis, não passam de massa de manobra por meio de dogmas e
ideologias plantadas através do culto à personalidade e de outros meios de
propaganda de massa que dispensam maiores considerações, todos sabem como
funciona. Pior é que, mesmo sabendo, se sujeitam!...
Feita a
digressão, tornemos ao foco: William da Silva Lima, cuja última prisão, salvo algum
reparo na informação por mim recebida, foi típica de bandido decaído: um
frustrado assalto a ônibus. Quem diria que o mais inteligente e famoso prócer
do CV, assaltante de bancos e sequestrador de primeira linha, mente elevada do
CV, cairia em esparrela tão insignificante?... Isto bem demonstra que no mundo
do crime o que importa é o poder de retaliação, ficando o romantismo para trás.
Vale quem manda mais no atacado do narcotráfico, esquema diferente dos velhos
tempos dos assaltos audazes.
Bem, “O Professor”
foi superado... Porque hoje o traficante há de ser inteligente e capaz de
atender às exigências do mercado de drogas, em especial às dos tubarões do
tráfico, que não estão nas favelas, mas nas coberturas de luxo daqui e de
outros países. São eles que determinam quem mandará na favela. São eles que
traçam o destino dos traficantes-mores, que só são mores porque cumprem com
primor as exigências capitalistas do asfalto. E Como somente estes conhecem a
fonte do ouro branco e marrom, toda a quadrilha favelada cai a seus pés em
submissão. E os que não se submetem, porque não entendem como funciona o jogo
pesado do tráfico, simplesmente morrem crivados de bala ou dentro de pneus
incendiados, sobrando somente fuligem para contar a história. E como muitos desses
incinerados nunca foram registrados ao nascer, e por isso inexistiram no mundo,
vão ao além-túmulo sem direito a nenhuma contagem oficial ou extraoficial...
Vamos
então ao livro de William da Silva Lima, a começar pelo prefácio de Rubem César
Fernandes:
PREFÁCIO
Rubem César Fernandes
A edição deste livro foi tarefa
arriscada. Não queríamos fazer a apologia do crime, é evidente, e muito menos
da sua organização. Não pretendíamos contribuir para o charme dos bandidos.
Foi-se o tempo para esse tipo de inocência. Mas tampouco queríamos nos deixar
possuir pelo furor acusatório que tem prevalecido nos meios de comunicação. A
reação enfurecida, com as propostas de pena de morte, os esquadrões, as
polícias privadas, as invasões armadas dos bairros populares, a imagem
diabolizante do ‘bandido padrão’, tudo isso obscurece o problema. A reação
enfurecida não é solução, é parte do problema.
O Instituto de Estudos da
Religião (ISER) decidiu há alguns anos interessar-se positivamente por esse
mundo da marginalidade. Partimos da preocupação pelos direitos humanos, herdada
das lutas contra a repressão política nos anos de ditadura, e chegamos a uma
nova percepção, mais própria aos dias atuais. A democracia não será confiável
enquanto o comum é mais fundamental que o preso político. O desafio maior está
nos direitos humanos para as pessoas comuns. O que se nota, no entanto, é a
deterioração das relações do sistema penal com a maioria pobre da população e o
crescimento das margens desviantes sobre as estruturas normativas. Não
pretendemos estar de posso das soluções, mas estamos convencidos de que este é
o problema a ser atacado. A organização do crime, de um lado, e as reações
enfurecidas, de outro, acirram os ânimos da polarização. Colocam-nos na lógica
do apartheid. É contra essa
tendência, estranha à cultura brasileira, que situamos o trabalho do ISER,
dentro do qual este livro se insere. Buscamos espaços de troca e de comunicação
entre a norma e o desvio, na esperança nem sempre vã de que do diálogo, como se
diz, nasça a luz. As artes e a literatura são dimensões privilegiadas para esse
tipo de exercício.
Que personagem, então, é este
que compõe a autoria e o objeto deste livro? Um tipo duro, com certeza, mas
curiosamente pouco afeto a bravatas. É como se não precisasse delas. Tampouco
faz o gênero messiânico de um lampião, nem passa a imagem de vítima inocente,
alvo de uma sorte infeliz ou de um destino maior. Não nasceu tão pobre assim.
Não se explica e, o que é mais grave, não se dá a julgamento. Por isso é duro,
mas não à maneira de alguém que pretenda estar acima de tudo e de todos. Ao
contrário. Faz questão de mostrar que conhece as suas limitações. ‘Não sei
quando nasci, nem quando morri’, diz ele ao iniciar sua história.
O público acostumado ao
romantismo do bandido-herói recebe uma surpresa. São vinte e tantos anos de
submundo penal, relatados em poucas palavras, quase sem adjetivos. Os fatos
falam por si. A narrativa se desenvolve retilínea, contida pelas rédeas curtas
de uma consciência que não se entrega. Esta vida é dura demais para o romance,
o autor-personagem não se permite deslizar para o sentimentalismo.
Além dos fatos, há os valores:
o respeito próprio, a lealdade para com os companheiros, a denúncia das
incongruências da ordem penal, o sentido da organização, a ação bem pensada.
Segundo o autor, a criação do Comando Vermelho representou sobretudo uma
mudança de atitude e de comportamento. Deixar de ser barata tonta e afirmar-se
como sujeito, senhor de direitos e poderes, mesmo no interior das execráveis prisões
brasileiras. No entanto, depois de múltiplas tentativas e de dolorosas
punições, quando enfim consegue escapar a primeira coisa que faz é assaltar um
banco! E volta à prisão.
O único refresco que o livro
nos dá vem de uma relação de amor. Em poucas páginas, com o mesmo pudor
orgulhoso que caracteriza o livro inteiro, revela-se a esperança em brasa de
uma solução. Ela acredita nele o bastante para se dar e, sendo advogada,
percebe ainda, e lhe promete, a possibilidade de uma saída legal. No entanto, é
ela, a estagiária de direitos humanos, que passa a viver na clandestinidade.
Entre fugas e processos, Nemo agressor nem a defensora da lei conseguem escapar
às malhas do sistema. Que sistema é esse?
Em meio à fantasmagoria da
violência, Quatrocentos contra um tem
algo positivo e diferente a nos dizer; apesar de tudo, é possível não perder a
cabeça e a crença no amor e no direito. Sem demagogia, sem cascatas. Parece uma
crença absurda, tal a desmoralização que o conceito da Lei tem sofrido entre
nós. Mas sem a crença não há lei que se sustente. Vem daí, a meu juízo, a
importância deste livro. A transformação do bandido em autor põe em palavras o
difícil e contraditório desejo de justiça.
MINHA IMPRESSÃO:
Ora bem, em primeiro lugar se deve reconhecer que o autor do prefácio é
homem culto e inteligente, bem acima da média nacional; portanto, quem sou eu
para criticar a sua escrita?... Creio, porém, que cada palavra dele recebeu
medição atenta. Não seria ele doido a ponto de desandar sua lógica para o
elogio puro e simples ao bandido. Até reconheço que o discurso dele, embora
pequeno, encerra milhões de conceitos importantes, com os quais concordo. O que
me impressiona, porém, é o fato de que o autor do livro fora um famigerado assaltante
de bancos e fundador do Comando Vermelho, sigla banhada em sangue de muitos
inocentes. Também discordo do prefaciador quando alega ser contrário a dar
charme ao bandido. Ora, foi o que ele exatamente fez, e não apenas doando seu
renomado nome ao livro, mas também compartindo do pomposo lançamento que só fez
dar glamour ao criminoso e ao CV.
Tivesse ele, prefaciador, escrito o seu texto em outro lugar, não me há
dúvida de que teria mérito maior. Contudo, ao grafá-lo corroborando as palavras
de um marginal da lei, o prefaciador pôs a sua imagem em jogo e se propôs a
receber bombardeios vários. Mesmo assim, incluo-me entre os que devem levar a
sério o prefácio, lembrando, porém, que se trata de livro suspeitíssimo até
quanto à autoria plena. E mesmo que o seja, talvez não coubesse prefácio de tão
importante personalidade nacional, malgrado suas cautelas, que mais parecem um
apanhado de oximoros em vista do objetivo de cultuar um bandido que feriu a lei
por vontade própria e foi justamente punido.
É verdade que o sistema carcerário pátrio era uma vergonha na época em
que trancafiava o autor do livro. Culpa da ditadura?... Bem, que o seja! Mas é
inegável que hoje, depois de tantos anos da aprovação da “Constituição Cidadã”,
o sistema carcerário está como dantes: continua desumano e representa não mais
que fábrica de marginais perigosos. E chega a ser hilariante a circunflexão do
sistema situacional atual ao transferir para longe de seus homizios os líderes
do tráfico em favelas, como se não fossem eles submetidos a alguma inalcançável
liderança superior, do asfalto, que dá as cartas na política e no poder. Cá
entre nós, a mesma que glamorizou o livro do bandido de todas as formas,
envolvendo uma poderosa instituição religiosa (católica – ISER), a Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), o MR-8 e o Poder Público (PDT) na sua confecção e
no seu lançamento. Ora!...
Também devo sublinhar a ira do prefaciador contra o sistema policial
(“as invasões armadas dos bairros populares”) no bojo de outras reclamações
indubitavelmente procedentes, desde que anunciadas por outros meios. Pôr essas
opiniões no livro do prócer do CV permite a inferência de que o recado era
necessário aos leitores da mesma laia do bandido-autor. No fim de contas, o
prefaciador é um dos mais expressivos cientistas sociais pátrios, e filósofo
graduado, dentre outras excelências acadêmicas de que é detentor, daí o
peso-pesado de suas palavras, pois é certo que o livro seria página em branco,
mera resma de papel, sem o seu concurso direto e a badalação do lançamento. Na
verdade, o lançamento é mais uma prova da anomia determinada pelo sistema
situacional da época, esta que em muito interessava à sigla CV-PDT.
Posso, porém, admitir em favor do prefaciador uma boa intenção levando
em conta sua forte história de vida, marcada por perseguições movidas pela
ditadura, o exílio, e o fato de que, surpreendentemente, o texto de William da
Silva Lima (?), com ressalva de minha dúvida, a meu ver possui inegável qualidade
literária. Creio também que a literatura em geral é um poderoso meio de
registro histórico desvinculado do poder reinante, este que geralmente faz história
pelo muque ou pelo ardil a contaminar com inverdades as gerações futuras. Vejo muitos
romances, mesmo apresentados sob o mando da ficção, como mais importante que
livros de história devido ao seu compromisso com a realidade, com minhas
desculpas aos muitos historiadores que são livres, só não sei em que grau em
vista da submissão aos grilhões capitalistas... Como, enfim, confessou o mestre
João Ubaldo Ribeiro no título de um de seus livros, mais especificamente de
crônicas, “O comendador come”... Eis como compreendo como normal um historiador
em circunflexão ante o poder dominante. Mesmo assim, no caso do livro do
bandido eu me recuso a achar normal, pois é o avesso de todos os meus
princípios. Ademais, tê-lo como obra literária seria total desrespeito aos meus
colegas policiais que doaram a vida combatendo o Comando Vermelho. Fico então
do lado de cá da trincheira, embora tenha sido também impelido, em cautela, ao
exercício de oximoros...
Quanto ao livro do bandido, que reli, devo alinhavar alguns pontos
relevantes e depois comentá-los segundo a minha ótica, não sem antes sugerir ao
leitor que busque um exemplar nos sebos para lê-lo todo. Em primeiro lugar
ressaltam-se as inúmeras citações ao longo da narrativa (grifos e itálicos
nossos):
Pág. 12:
“Acabou. Nada se perde, nada se cria.
Principalmente na prisão, tudo se
transforma.” (...) Longos anos de
prisão suprimem, em muitos, o desejo de ser livre. Mas, em outros, aumenta a
revolta e a vontade de reconquistar o que se perdeu.”; pág 13: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!”;
pág. 19: “(...) Como o operário da música de Chico Buarque, o menino apenas atrapalha o trânsito”; “Brás Cubas não sabia se iniciava suas
memórias pela cena de seu nascimento ou a de sua morte.”; pág. 23: “Maus tratos
e espancamentos faziam parte do dia-a-dia em Bangu, nivelando carcereiros e
massa carcerária numa mesma miséria moral.”; pág. 26: (...) o comando do
sistema exerce um papel inibidor sobre os que não se afinam com sua política em
cada momento.”; pág. 27/28: “Em 1964 começaram a chegar os primeiros presos
políticos atingidos pelo golpe militar (...) Aqui no Brasil, por exemplo, a massa carcerária extraiu muitas lições no
contato havido na década de 1930 com os membros da Aliança Nacional Libertadora
encarcerados na Ilha Grande. Quando os presos políticos se beneficiaram da
anistia que marcou o fim do Estado Novo,
deixaram nas cadeias presos comuns
politizados, questionadores das causas da delinquência e conhecedores dos ideais do
socialismo. Essas pessoas, por
sua vez, de alguma forma permaneceram estudando e passando suas informações
adiante. Sua influência não foi desprezível. Na década de 1960 ainda se
encontravam presos assim, que passavam de mão em mão, entre si, artigos e livros que falavam de revolução.
De vez em quando apareciam publicações do
Partido Comunista, então na ilegalidade. (...) Meu amigo Vadinho me passou Os Sertões: – se você quiser conhecer a
história do Brasil, não adianta ir à escola. Tem que ler Euclides da Cunha (...) Li cadernos de bispos do Nordeste, diversas
cartilhas, Jorge Amado, Osny Duarte Pereira. Adorei Lima Barreto.”; pág. 29: “ Para
sobreviver, resolvi assaltar, voltando a trilhar o caminho que me levaria de
novo – reincidente – à prisão, com mais seis anos pela frente.”; pág. 30: “O
entrosamento já era grande e 1968 batia às portas. Repercutiam fortemente na prisão os movimentos de massa contra a
ditadura, e chegavam notícias da preparação da luta armada. Agora, Che Guevara e Régis Debray eram lidos. Não
tardariam contatos com esses grupos guerrilheiros em vias de criação.”;
pág. 34: Sobre a Ilha Grande: “(...) Há muito tempo o destino do belo lugar
esteve associado ao sofrimento dos homens. Faziam-se ali, clandestinamente,
desembarques de escravos, mesmo depois da abolição do tráfico (...) para lá
foram enviados os sobreviventes da gloriosa
Revolta da Armada.”; pág. 36: “(...) Somos , simplesmente, assaltantes. Ou
estelionatários. Ou homicidas. Entre os direitos que perdemos se encontra o de
sermos conhecidos pela totalidade das nossas ações, boas e más, como qualquer
ser humano. (...) Desarticular a personalidade do preso é primeiro – e, talvez,
o mais importante, papel do sistema. (...) Piores que os guardas, esses presos
violentos eram ali colocados, estrategicamente, por uma administração que tinha
todo interesse em cultivar o terror.”; pág. 37: (...) Jogavam, na nossa frente,
uns para os outros, o ‘tubarão’ – um pedaço de pau – anunciando assim a morte
de mais um companheiro, enterrado
informalmente em alguma parte daquela imensa ilha. (...) Era visível um
cemitério nos fundos do próprio presídio. Os laudos cadavéricos – eu soube
depois – eram assinados por um antigo refugiado nazista que ali encontrara
acolhida.”; pág. 39: (...) Embora já tivesse consciência da situação política do país, não pensava em me ligar a
nenhuma organização revolucionária. (...) Saí da prisão resolvido a buscar nos
bancos, a mão armada, os recursos que não tinha e que não obteria por meio de
trabalho comum, meramente escravizante.”; págs. 40/41: (...) fui para o DOPS
(...) Na manhã seguinte, escutei passos e logo um rosto muito branco, com
cabelos lisos, se mostrou na portinhola, falando de forma amiga. (...) Ficamos
amigos (...) Chamava-se Januário Pinto de Almeida Oliveira – Janu – e sua
história impressionante merece atenção. (...) Janu e seu irmão Antonio Marcos
(...) Ingressaram na Juventude estudantil Católica e, em 1967, começaram a
participar do movimento estudantil que então se reorganizava. Em fins de 1969,
ficou preso dois meses, acusado de pertencer à Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (Var-Palmares); pág. 45: (...) Assaltáramos bancos, mas
sem vinculação com as organizações armadas, que faziam o mesmo num contexto de
luta contra o regime de exceção. (...) todos os rigores da Lei de Segurança Nacional,
instrumento de clara inspiração política.”; pág. 47: “(...) Concordei plenamente
e assumi o compromisso de apoiar o esforço para manter unidade e evitar qualquer manifestação de individualismo.
(...) Nas frequentes reuniões discutiam-se problemas internos e problemas
gerais, incluindo aí sessões de leitura coletiva. A história da riqueza do homem e Vietnã; a guerrilha vista por dentro eram dois dos livros que
tínhamos lá. Grupos pequenos conseguiam encontrar-se da seguinte maneira: na
hora de pegar o café, quando cubículos eram abertos, os companheiros que fossem participar de uma mesma reunião manobravam
na fila e entravam todos num mesmo cubículo, previamente combinado, onde
permaneciam trancados até o almoço, quando as portas novamente se abriam. A
unidade, no entanto, já não ultrapassava mais o portão de ferro que nos separava
das organizações armadas: eles não se misturavam, rompendo assim, talvez sem
saber, uma velha tradição das cadeias, em que revolucionários e presos comuns, ao compartilharem o mesmo chão e o
mesmo pão, cresciam juntos num mesmo ideal. (...) Para esvaziar a luta pela
anistia, a ditadura negava a existência de presos políticos no país.”; pág. 54:
“(...) O coletivo dos presos políticos nos ajudou a enviar o documento que,
divulgado no exterior, levou à punição de diversos guardas penitenciários e
integrantes da Polícia Militar. Foi um fato extraordinário, que provocou um
acirramento do ódio que os agentes da repressão nutriam contra nós.”; pág. 69:
“(...) Lembro-me apenas do que dizia Nelson
Rodrigues: sem sorte, você não consegue nem chupar picolé. Imaginem fugir
de Água Santa...”; pág. 76: “(...) Em pouco tempo, as regras do antigo Fundão
foram sendo adotadas nas cadeias: morte para quem assaltar ou estuprar companheiros. (...) Não era constatação
completamente nova para quem lera Euclides da Cunha: as tropas enviadas a
Canudos se perdiam no sertão. (...) navegar
é preciso, viver não é preciso.”; pág. 79: (...) Nunca deixou de pregar a
Bíblia, mas com um sentido de revolução social. (...) Não se pode falar em
tomada de consciência política, mas houver organização, ajuda mútua, respeito
pelos direitos humanos. Pudemos então permanecer concentrados em nosso ideal:
ir embora.” Pág. 82: “(...) Nunca houve
tal guerra, nem tal tipo de pacto, nem a anunciada ‘falange’, sua patrocinadora.”;
pág. 83: “(...) Na prisão, ‘falange’ quer
dizer um grupo de presos organizados em torno de qualquer interesse comum. Daí
o apelido de ‘falange da LSN’, logo transformada pela imprensa em ‘Comando
Vermelho’. (...) Após os assassinatos de setembro de 1979, quando foi quase
totalmente exterminada a Falange do Jacaré, a Falange da LSN ou Comando
Vermelho passou a imperar no presídio da Ilha Grande e a comandar o crime
organizado intramuros em todo o sistema penitenciário do Rio. Com isso, as
outras falanges ficaram oprimidas, passando a acatar ordens da LSN, sob pena de
morte.”; pág. 84: (...) Não tardou em chegar mais lenha à fogueira. Nanai,
Roberto da Silva e Saldanha (Zé Bigode
para a imprensa) fugiram da Ilha em agosto de 1980, pondo em prática um plano
lentamente amadurecido.”; pág. 85: “(...) Começamos a nos instalar em favelas,
por questão de segurança. Respeitávamos a coletividade e éramos bem-vindos. A
imprensa atribuía a nós – Comando Vermelho – todos os assaltos a bancos, e logo
o nome caiu em uso comum.” Pág. 86: “(...) O Jornal O Dia não perdeu a
oportunidade de apresentar Nanai como ‘o
primeiro organizador do Comando Vermelho’.” Pág. 87/88/89/90: (Depois da
operação que custou a vida de Nanai, Saldanha tornou-se o homem mais procurado
pela Polícia carioca: este antigo guarda de segurança era o principal líder
foragido do chamado Comando Vermelho. Começou a ser localizado por acaso, a
partir de algumas prisões efetuadas no morro do Adeus, em Bonsucesso, na
segunda quinzena de março de 1981, por agentes do serviço secreto do Batalhão
de Atividades Especiais (Nota: para quem desconhece, trata-se do atual BOPE). O
boato logo começou a circular, levando mais de cem pessoas – jornalistas,
policiais, curiosos – a cercar o camburão que no dia 30 de março estacionou em
frente ao prédio da Secretaria de Segurança. Lá dentro, dizia-se, estavam
diversos integrantes do famigerado comando. Não era verdade. Mas havia fumaça,
havia fogo. Os presos foram mantidos em completo isolamento e Deus sabe como
foram interrogados. Graças às informações obtidas, a Polícia chegou a uma casa
em Realengo, de onde conseguiram fugir, sob intensa fuzilaria, Baianinho e o
próprio Zé Saldanha, deixando para
trás quatro revólveres, cinco escopetas, uma winchester 44, três granadas de
mão, centenas de cartuchos e três automóveis. Mais importante: lá ficou o livro
de contabilidade que registrava as entradas e saídas de dinheiro do grupo.
(...) Não tardou, porém, a surgir nova pista: o apartamento nº 302 do lote 144,
bloco 7 do Conjunto dos Bancários, situado na rua Antinópolis nº 313, na praia
da Bandeira, Ilha do Governador. Para lá rumaram, em 3 de abril, os integrantes
do chamado Clube do Guri – policiais com aspecto de garotões – para fazer o
levantamento, tendo em vista uma possível invasão na mesma noite. A operação
foi precipitada porque Jairo Agostinho da Silva (Macarrão) reconheceu um dos
detetives e deu o alarme. Conseguiu escapar, mas seu companheiro – que era nada
menos que o próprio Saldanha – ficou encurralado no apartamento, com as saías
bloqueadas. Seguiram-se intenso tiroteio e chegada de reforços. A estrutura
montada para a repressão política estava na época com muita capacidade ociosa,
desejosa de encontrar serviço e mostrar-se útil. Só isso explica a desproporção
que se viu. (...) 400 policiais e contingentes
do Corpo de Bombeiros (...) Parecia que dois exércitos iriam iniciar uma
batalha. Na verdade, era mais ou menos isso. Um deles, porém, compunha-se
inicialmente de apenas dois homens: Zé
Saldanha e João Damiano Neto. Este último não tardou a ser morto. (...)
Restaram, nessa batalha sem glória, 400 homens contra um. (...) Às 17:30 horas
jazia o corpo de um policial. O encurralado não se rendia, confirmando sua
fama. Veio a noite e mais uma madrugada. No raiar de 4 de abril, entraram em
ação as bazucas. Às 08:30 horas, finalmente, caiu morto o Saldanha.”; (...)
Esse episódio acirrou os ânimos da Polícia contra os foragidos da Ilha Grande,
definitivamente transformados em inimigos públicos número um. Embora preso, eu
era do grupo. Fiquei oito meses em Água Santa, tendo como companhia dois
antigos companheiros e José Lourival
Siqueira Rosa, o Mimoso (...). Participara de mais de 20 assaltos, fora
condenado a 398 anos (...) Ficara famoso na quinta e mais recente prisão ao ser
apresentado por uma delegado: – A
organização Falange Vermelha nasceu da convivência entre assaltantes e presos
políticos (...) Mimoso é um dos líderes da Falange (...). – Não sou líder de
coisa nenhuma. Esta organização não existe. É invenção da Polícia e da imprensa”.
Não é fácil sintetizar um livro inteiro sem ser enfadonho. O ideal
seria sua leitura completa. No entanto, deve-se sublinhar a harmonia dos posteriores
discursos dos políticos afirmando veementemente que “o Comando Vermelho não
existe”, ou que “é um besteirol”, deste modo reforçando a afirmação de William
da Silva Lima no seu livro, tal como sabemos ser usual entre os membros de
alguns partidos se referirem a outros partidários como “companheiros”, denotando assim o apego a uma só cultura de
solidariedade mútua entre os “companheiros” ideológicos de esquerda e os
“companheiros” do CV.
Como eu reconheci desde logo, o livro possui certa dose de
verossimilhança em relação ao comportamento de políticos ditos “socialistas”.
Porque, embora o prócer do CV negue a existência desta organização criminosa, o
seu texto desmente-o literalmente, assim como confirma o interesse
político-eleitoral de partidos de esquerda com o CV para a conquista maciça de
votos em eleições, como ocorreu em 1982 e se repetiu em 1986, nas duas ocasiões
elegendo Brizola Governador do RJ, devendo-se considerar que muitos dos seus
partidários dele se desgarraram e em outros partidos alcançaram o poder tal
como antes.
Qual será o peso real a ser pago pela sociedade do RJ em vista desse
impressionante conluio entre o crime organizado e a política? Em que estágio de
bastidores essa contaminação seria hoje apontada? Seria uma contaminação
epidêmica ou endêmica? Por que até hoje, nos meios universitários ou jornalísticos,
ninguém se arriscou a clarear em pesquisa acadêmica, num só texto histórico,
toda essa barafunda da qual muitos políticos ainda hoje tiram proveito sob o
manto obscuro dos “direitos humanos”? E, se assim permanecer, qual será a
consequência futura dessas causas em pleno andamento?...
Deixo as respostas e outras indagações com os leitores para seguir em
frente na minha caminhada contra a hipocrisia social reinante no RJ...
Um comentário:
Meus parabéns pelo artigo, de excelente nível!
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