“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que
fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não
viram.” (Albert Einstein)
"Coronel diz que, no mesmo
período, houve 13.735 feridos
POR ELENILCE BOTTARI E MÁRCIO MENASCE
03/11/2016 4:30 / atualizado 03/11/2016
8:54
RIO - Um levantamento feito pela PM mostra que 3.087 policiais militares
foram mortos de 1994 a 2015 no Estado do Rio. Segundo o chefe do Estado-Maior
do Comando de Policiamento Especializado, coronel Fábio Cajueiro, em termos
percentuais, o número de mortos na corporação é maior que o de baixas nas
Forças Armadas dos Estados Unidos em qualquer guerra de que o país participou,
incluindo a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.
— Nestes 22 anos, 90 mil homens serviram na PM e
morreram 3.087, uma taxa de 3,43%. Na Primeira Guerra Mundial, a taxa de
mortalidade dos militares americanos foi de 2,46%. Ou seja, é muito mais
perigoso ser policial no Rio do que fazer parte do Exército americano — diz
Cajueiro.
MORTES NA HORA DA FOLGA
MORTES NA HORA DA FOLGA
Segundo
a deputada estadual Marta Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil, os agentes
morrem mais quando estão de folga do que em serviço. Foi o caso do policial
civil Alexandre Corrêa, morto anteontem em São Cristóvão.
—
Quando o policial está de folga e presencia um crime, ou é vítima, ele precisa
intervir, não pode fingir que não vê. Isso está na natureza dele, na sua
vocação. Ele não é policial apenas no momento em que está na delegacia ou no
batalhão. Além disso, se ele deixar de intervir e alguém o identificar como
policial, com certeza ele vai ser cobrado — disse a deputada.
Para
a delegada Marta Rocha, é preciso que o governo do estado faça um estudo mais
aprofundado sobre o que provoca a morte de tantos policiais nas ruas do Rio:
—
Falta um estudo real para demarcar dias, horários e locais dessas mortes, para
que seja feito um mapeamento, uma análise mais completa sobre o que está
atingindo esses homens. É preciso conhecer melhor esse fenômeno. Apenas assim,
será possível tomar medidas eficazes para resolver o problema."
MEU COMENTÁRIO
Com todo respeito à deputada estadual e delegada de
polícia Martha Rocha, as razões para tantas mortes são mais que óbvias, assim
como se sabe com acerto onde elas ocorrem, é só acompanhar miudamente o
noticiário policial para se afirmar sem erro que o grosso das mortes situa-se
no Grande Rio, com predominância da Capital nesta sangrenta estatística. Também
sobre o que está atingindo esses policiais civis e militares é fácil
depreender: a violência impune de bandidos armados com fuzis de última geração
fabricados mundo afora. Também não é difícil traçar o perfil dos matadores: anônimos
quadrilheiros ligados a facções criminosas que traficam drogas em todas as
favelas do RJ, geralmente menores de idade e jovens que não ultrapassam os vinte
anos.
Dentro desta linha de raciocínio, também não é
difícil afirmar que, embora o esforço de investigação da PCERJ seja hercúleo, a
quantidade de assassinatos de policiais e de cidadãos civis não permite aos
investigadores alcançar todo o seu universo, ficando muitos crimes sem
elucidação e logo esquecidos, eis que atropelados por outros acontecimentos
criminosos que se lhes superpõem em tempo, modo e lugar. Quanto ao modo, nem
tanto, o que mais se vê é bandido matando quem não cumpre a sua ordem de parar
o veículo, como foi o caso da jovem dentista ocorrido na semana passada. Ou
quando um policial, sem alternativa, já sabendo que será executado, tenta como
medida derradeira reagir depois de surpreendido. Mais cruciante ainda é quando
o policial está acompanhado da família, o que naturalmente inibe sua reação,
tornando-se ele alvo mais fácil da sanha assassina desses malfeitores que se
lixam para punição legal e não temem a morte. Tais como soldados em guerra... Por
fim, como causa maior deste absurdo, basta lembrar aqui o Marquês de Maricá e
seu célebre aforismo: “A ordem pública periga onde não se castiga.”
Sim, o policial morre reativamente porque a polícia
em geral não consegue ser proativa, não se antecipa aos acontecimentos
criminosos desde quando as drogas e as armas penetram no nosso “queijo suíço”
denominado Brasil. Também responde pelo absurdo a facilidade com que um
assassino desses que infestam feito peste bubônica o ambiente social do RJ
entra e sai da cadeia mesmo sendo reincidente contumaz. Nem vou mais longe
porque, se o fizer, estarei reduzindo o meu discurso ao chavão “bandido bom é
bandido morto”, que bateu recorde em pesquisa de opinião junto à sociedade
brasileira há poucos dias. Não chego a tanto, mas não posso deixar de reclamar
que os formadores de opinião que ocupam largo espaço nos noticiários tendem a
se desviar da realidade por conta de ideologias baratas e de proselitismos que
agradam à mídia em geral divulgar para poder anunciar o absurdo sem sair da
coluna do meio, o que eles costumam chamar de “neutralidade”.
Em tempo:
"Querem prevenir os crimes? Fazei leis simples e claras, e esteja a nação inteira pronta a armar-se para defendê-las, sem que a minoria de que falamos se preocupe constantemente em destruí-las." (Cesare Beccaria, in Dos Delitos e Das Penas)
Em tempo:
"Querem prevenir os crimes? Fazei leis simples e claras, e esteja a nação inteira pronta a armar-se para defendê-las, sem que a minoria de que falamos se preocupe constantemente em destruí-las." (Cesare Beccaria, in Dos Delitos e Das Penas)
É o que basta!
http://oglobo.globo.com/rio/rio-teve-3087-mortes-de-pms-em-22-anos-20403440
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