quinta-feira, 27 de outubro de 2016

VIOLÊNCIA URBANA NO RJ – UM BALEADO A CADA TRÊS HORAS

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

G1 RIO

24/10/2016 12h08 - Atualizado em 24/10/2016 14h57

Hospitais do RJ atendem um baleado a cada três horas nas emergências

Mais de 1.500 pessoas foram vítimas de arma de fogo até junho desse ano.

GloboNews teve acesso aos atendimentos feitos em unidades públicas.

Entre os meses de janeiro e junho, um baleado foi atendido a cada três horas nas emergências dos hospitais públicos no Rio de Janeiro. Segundo informações da GloboNews, 1.533 pessoas foram vítimas de arma de fogo até junho desse ano. A média, 255 feridos por mês, ultrapassou a marca do ano passado, que foi de 217 vítimas por mês, 2.609 no total.

A GloboNews teve acesso aos atendimentos feitos em nove unidades da rede municipal e estadual. As vítimas não foram feridas em um local de guerra conflagrada: o 'front' é a própria cidade, onde a violência cresce a cada dia.

Em apenas três meses de funcionamento, o aplicativo 'Fogo Cruzado', criado pela Anistia Internacional, recebeu 1.611 notificações da população sobre tiroteios em diversos pontos da cidade - 505 apenas no mês passado.

Veja abaixo o número de ocorrências divididas pelos hospitais: 

Rede Municipal (Hospitais Souza Aguiar, Lourenço Jorge, Miguel Couto e Salgado Filho)
2016 = 554 casos até junho
2015 = 745 casos no ano todo

Rede estadual (Hospitais Azevedo Lima, Getúlio Vargas, Saracuruna, Carlos Chagas e Alberto Torres)

2016 = 979 casos até junho
2015 = 1.864 casos no ano todo

Total  (Rede Municipal + Estadual)

2016 = 1.533 casos até junho
2015 = 2.609 casos no ano todo

Dados de delegacias

Há duas semanas, os confrontos se intensificaram nos bairros de Copacabana e Ipanema, na Zona Sul do Rio. Criminosos trocaram seis horas de tiros com policiais das Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Pavão-Pavãozinho. Na ocasião, três policiais - entre eles, o comandade da UPP, capitão Vinícius Apolinário - passaram a fazer parte das estatísticas de baleados.

Nas delegacias, a quantidade de vítimas aumenta ainda mais: os registros feitos no ano passado mostram que houve 3.552 mortos por arma de fogo, sendo 2.818 homicídios e 645 autos de resistência - morte em decorrência de confronto policial, 87 como latrocínios e outros 2 como lesões corporais seguidos de mortes.

O maior número de casos foi registrado na Baixada Fluminense - 1.271. Em seguida, vem a capital, com 1.056 casos. O restante é dividido entre Niterói e São Gonçalo, que ficam na Região Metropolitana, e municípios do interior do estado.

ARMA DE FOGO: A CAMPEÃ DE MORTES

 JORNAL EXTRA/GLOBO

27/10/16 07:56 Atualizado em 27/10/16 07:56

Bala perdida mata jovem dentro de casa, na Zona Norte do Rio


Rafael Nascimento

Uma jovem morreu após ser atingida por uma bala perdida no Engenho da Rainha, na Zona Norte do Rio, na tarde desta quarta-feira. Bruna Lace de Freitas, de 21 anos, estava em casa, localizada na Rua Pereira Pinto, por volta das 17h30m, quando um disparo atravessou uma das janelas de seu apartamento e a feriu no rosto, conforme informou a família. A vítima chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão, também na Zona Norte, mas não resistiu. Este é o segundo caso de morte em decorrência de bala perdida na Região Metropolitana do Rio, em um período de cerca 24 horas: na terça-feira, uma adolescente foi baleada no momento em que chegava em casa no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

Foto de Bruna

Segundo a família de Bruna, ocorria um tiroteio no Morro do Engenho da Rainha no momento em que ela foi atingida. Um parente, que pediu para não ser identificado, contou que pessoas circulavam pelas ruas da região, inclusive alunos que deixavam suas escolas, quando os disparos começaram. De acordo com ele, acontecido um confronto entre policiais e criminosos na comunidade, que ficaria a cerca de um quilômtro da casa da vítima. A Polícia Militar, no entanto, ainda não confirmou a informação.

— O tiroteio aconteceu na hora em que muitas crianças saíam das escolas. A Bruna chegou a ser socorrida com vida, mas já estava desfalecida pelo impacto. Está todo mundo aqui sem chão. Ela era uma pessoa cheia de saúde e cheia de vida — afirmou o parente.

Bruna é descrita pela família como uma jovem séria e muito querida por quem a conhecia — ela realizava pregações em uma igreja evangélica. A vítima deixa uma filha que acabara de completar dois anos de vida na última sexta-feira.

— Destruíram a família. A gente nunca espera que esse tipo de coisa vá acontecer com a gente, com nossos entes queridos... — desabafou o parente.

Pelas redes sociais, internautas lamentaram episódio trágico: "Só quem passou por isso sabe como é a dor da perda. Mais uma vida se vai, somos nada nesse mundo. Engenho da Rainha pede Paz", escreveu uma mulher. " Meu Deus, tudo é feito na sua hora. Nada acontece sem a sua permissão, mas a tristeza fica no coração da gente, sim, e muita das vezes não compreendemos seus planos ... Muito triste mesmo", postou outra.

O caso está sob a investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DH).

Adolescente morta na Baixada Fluminense

Na tarde desta terça-feira, uma jovem de 15 anos morreu após ser atingida por uma bala perdida na cabeça, no bairro Santa Helena, em Belford Roxo. Daiane Brito Soares chegava em casa quando foi ferida pelo disparo, na Rua Doutor Felipe Caldas. Ao ouvir o barulho dos tiros, a mãe da menina correu para ver o que estava acontecendo e a achou caída no chão. A jovem chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos.

Parentes da vítima, que estiveram na unidade hospitalar, ficaram muito abalados quando a morte da adolescente foi confirmada. Uma irmã da jovem morta publicou, em seu perfil no Facebook, uma mensagem de despedida para Daiane:

"Eu pedi tanto pra Ele cuidar de você, pra Ele te trazer de volta pra mim, porém mais uma vez Ele não me escutou. E hoje arrancou um pedaço de mim, uma das alegrias da minha vida, um dos alicerces que me mantêm de pé. Você não foi só minha irmãzinha, foi minha melhor amiga, minha conselheira, cúmplice, companheira... Uma menina do sorriso fácil, e eu sei por que você sempre sorria: porque sabia que a gente te ama... Não sei quando vou voltar a estar junto de você, mas um pedaço do meu coração sempre estará com você...".

 Mais uma notícia correlata: http://extra.globo.com/casos-de-policia/rio-tem-mais-tres-casos-de-balas-perdidas-em-menos-de-24-horas-20368212.html

MEU COMENTÁRIO

Sem embargo, o dado mais importante sobre a criminalidade se concentra no suo indiscriminado da arma de fogo como a campeã dos crimes de sangue. Isto nos permite a conclusão de que é mais importante focar a arma de fogo do que a droga. E, neste foco, deve-se sublinhar em cores fortes o fuzil e seus equivalentes, de todas as origens, como os grandes vilões, por serem armas fabricadas com fins letais.

O fuzil, em especial, possui a capacidade de atingir alvos a longas distâncias, além de facilmente atravessar obstáculos como paredes, em especial sem reboco, algo comum em favelas. Por conseguinte, todo confronto entre bandos armados com fuzis e a polícia oferece graves riscos á população civil, assim como os tiroteios que esses bandos de traficantes travam entre si em disputa pelo rentável mercado das drogas.

Deste modo, não sei ainda por que o tema não é cuidado no Congresso Nacional por meio de PL à parte, para que bandidos portando armas de guerra sejam tratados como um perigo maior à sociedade, impingindo-lhes penas severas independentemente de idade, já que se tornou lugar comum o uso dessas armas por adolescentes, o que é notório. Porque esta situação não pode e não deve ser tratada num contexto geral da maioridade penal e já passou a hora de os parlamentares providenciarem uma lei destinada a coibir o porte e o uso de armas consideradas de guerra, incluindo agravamento de pena quando resultar em morte de alguém, seja policial, seja pessoa inocente, como o caso da vítima constante da matéria anexada – morte estúpida de uma jovem favelada dentro de casa, situação tão corriqueira que amanhã ninguém mais se lembrará dela além da família e amigos.


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