“O mundo está
perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa
dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
UMA
RELAÇÃO DE UNIÃO OU DE DISSENSÃO?
Segundo nos ensina
Idalberto Chiavenato, mestre em Teoria Geral da Administração respeitado mundo
afora, na sua edição compacta sobre Recursos
Humanos (Ed Atlas S.A. – São Paulo - SP, 1983) Capítulo 3 (As Pessoas e as Organizações), “o
relacionamento indivíduo x organização nem sempre é um relacionamento
cooperativo e satisfatório”.
Nem é preciso muito
aprofundar para sabermos que se trata de dicotomia corriqueira no mundo
capitalista, especialmente, claro, no mundo civilizado e democrático, mas que,
enfrentada e vencida em muitas organizações, ela está longe de ser posta na
mesa da PMERJ. E aqui indago: até que ponto a assertiva serve aos militares
estaduais? Fechando a mais e mais o zoom, repito a pergunta: até que ponto dicotomia
é reinante na PMERJ?
Ora bem, não há
resposta para as indagações porque a PMERJ, da última vez que resolveu indagar
numa pesquisa, com amostragem distribuída conforme os postos e as graduações,
qual a “qualidade que mais admirava em seus superiores”, oferecendo como
respostas fechadas diversos adjetivos positivos, como: inteligência, cultura, honestidade,
competência, educação etc., mas culminado com a resposta “nenhuma” como
complemento, esta ganhou com mais de 70% dos votos. A maioria dos entrevistados,
claro, era de graduados e praças, do que se infere uma preocupante dissensão
entre oficiais, graduados e praças.
Na época (1983), eu
era major e respondia interinamente pela chefia da 5ª EM, responsável por
Relações Públicas e Assuntos Civis. Ao assumir tal incumbência, dei com o
resultado da pesquisa encomendada ao IBOPE pelo então comandante-geral, Cel PM
Carlos Magno Nazareth Cerqueira, enfiada numa gaveta. Analisei-a e com ele
comentei o absurdo, depois de perscrutar ponto por ponto toda a pesquisa,
inferindo de cada pergunta e das respostas o pensamento predominante na tropa,
claro que colhido anonimamente.
Mas a questão da
“nenhuma qualidade” me espantou. Bem, nem tanto, mas fez com que eu me
reportasse ao comandante para saber dele que faria diante de tão absurda
constatação decorrente duma pesquisa de natureza científica. Ele reagiu me
mandando assinar para assumir individualmente a minha inferência e difundi-la
para todos os comandantes, chefes e diretores. Como quem diz: fez, então
assuma. Fiz e assumi.
E recebi dos
agraciados com uma cópia, curiosamente, a mesma reação anotada naquela pergunta:
“nenhuma reação”. Enfim, todos se lixaram para a pesquisa e seguiram em frente
utilizando os mesmos métodos tacanhos de relacionamento entre superiores e
subordinados, sendo certo que cada qual, dos andares de baixo, apenas torcia pelo
escorrer do tempo e pela chegada da inatividade, todos sonhando por ser verem
livres dos grilhões disciplinares. Já os de cima, apenas esperam, ainda hoje, o
seu momento de topo da pirâmide para maltratar aqueles do topo que antes os
ignoraram e/ou maltrataram-nos, não se cuidando aqui de amizades individuais,
porque não refletem a regra do círculo vicioso histórico, mas apenas exceção.
Como já fui soldado
PM, depois tenente-coronel comandante de Unidade Operacional, tendo passado por
todos os concursos e cursos, gozo por meu comportamento amistoso e solidário com
a tropa certa credibilidade individual e coletiva. Claro que não falo de
unanimidade, tive problemas insanáveis com alguns poucos subordinados, mas
enfrentei problemas especialmente com superiores. Daí não me ser difícil
apostar que atualmente o grau de credibilidade do superior em relação do
subordinado, — e me refiro a postos e graduações, — se insere como luva na
máxima de Idalberto Chiavenato.
Mas, para provar o
que afirmo, haveria de haver alguém, — que poderia ser uma entidade que se diz
“representativa” da tropa, tanto faz se de oficiais, de praças ou mista, —
alguém que se arriscasse a patrocinar uma pesquisa deste quilate sem temer o
resultado. Não precisaria de muitos desdobramentos, é fácil selecionar um rol
de perguntas e de respostas, mantendo-se o anonimato do entrevistado. Nem é preciso
autorização para tanto, pois a pesquisa pode alcançar a tropa de serviço nas
ruas em abordagens seguras e anônimas. Melhor seria difundir antes, via
imprensa, que a pesquisa seria feita, para que os PMs não se recusassem a
responder a medo de seus superiores.
Olha, gente, creio
que o desfecho seria assustador, e mais ainda o seria se a pesquisa percorresse
as residências dos PMs e seus familiares fossem a voz deles. Aí é que o bicho
iria pegar e a organização PMERJ teria de se enfiar num buraco para sair no
Japão. Isto no mínimo. Mas se a própria organização PMERJ ousasse repetir a
mesma pesquisa, que deve estar arquivada na 5ª EM, se não a jogaram no lixo, haveria
uma forte probabilidade de marcar o mesmo resultado avassalador (a
probabilidade aqui é sem plágio do uso corrente deste vocábulo junto com outro
– possibilidade – formando uma espécie de binômio avaliador de atentados
terroristas).
Aguardemos... A
provocação está no ar. Que os presidentes de entidades de oficiais e praças que
me leem pensem no assunto. Poderiam até indagar dos entrevistados o que eles
pensam das próprias entidades, além da PMERJ. Pode ser que o resultado seja tão
aterrador que seu destino mais uma vez seja a lixeira e o esquecimento. Mas se
for aterrador, é fácil concluir que tipo de homem está nas ruas para proteger
os cidadãos, mesmo morrendo como patos nas mãos assassinas dos impunes facínoras.
Quem vai pagar pra
ver?...
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