domingo, 26 de junho de 2016

VIOLÊNCIA URBANA I

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

A violência no RJ



No país dos “especialistas” o maior tempo da mídia é ocupado por notícias sensacionalistas e acaloradas discussões sobre a violência e a criminalidade que assolam o Estado do Rio de Janeiro. A Região Metropolitana apresenta o quadro mais alarmante, fato que não exclui do problema outros recantos fluminenses antes caracterizados como refúgios de paz e tranquilidade.

Enquanto um precioso tempo é perdido em elucubrações, a síndrome da insegurança instala-se e se amplia como um vírus resistente. Os crimes episódicos e isolados são coisas do passado, pois há muito deram lugar à proliferação da criminalidade organizada, cuja violência está cada vez mais intolerável, destacando-se os crimes de sangue.

A organização empresarial e a sofisticação do crime, além de garantirem mais lucros, agradam aos marginais em virtude do menor risco e da comprovada impunidade. Seu principal elemento propulsor é o tráfico de drogas, que já absorveu a cultura internacional do narcotráfico.

A desvalorização da vida humana – resultado de inúmeros crimes de morte que ocorrem atualmente no estado – associa-se à indiferença popular; a sociedade, passiva e conformada, não reage em aversão à aflitiva e insustentável situação. E o que é pior: por absoluta irresponsabilidade da mídia, e em razão dos seus preconceitos político-ideológicos – que já se tornaram moda no Brasil –, o foco das discussões restringe-se à crítica ao aparelho policial, por ser ele mais visível e facilmente vinculado à ditadura.

Enquanto isso, a sociedade assiste ou é coadjuvante direta do dantesco espetáculo, que tem como enredo principal a violência e o crime: é bandido matando bandido; é bandido matando polícia; é polícia matando bandido; são grupos de polícia mineira ou de extermínio matando indistintamente bandidos, cidadãos e policiais; são quadrilhas sequestrando, assaltando e matando pessoas inocentes etc. Para completar esse nefasto e calamitoso espetáculo, tem-se a violência no trânsito, que fere e mata homens, mulheres e crianças numa absurda anormalidade que parece não mais estarrecer os sofridos cidadãos, pois tudo isto se tornou lugar comum no cotidiano da vida coletiva.

É hora de repensar esse drama – com total isenção, sem subterfúgios ou deturpações da realidade – e apontar alternativas pragmáticas para minimizá-lo e torná-lo pelo menos tolerável. É momento urgente de rediscutir esta aflitiva questão social, sem preocupação com o precioso tempo do rádio e da televisão ou com o espaço exclusivo da mídia impressa. Para tanto, é necessário que a sociedade se mobilize, através da universidade, da igreja, dos núcleos comunitários, das entidades de classe, das instituições públicas e privadas etc., para aprofundar a reflexão com seriedade.

Não adianta mais a manutenção da discussão no continente da mídia e do seu inevitável sensacionalismo, mas sim aprofundá-la para atingir seu verdadeiro conteúdo. É hora de convocar especialistas comprovados para que ocupem o espaço que lhes pertence, e, juntamente com a sociedade, busquem reencontrar os rumos norteadores da melhor providência. Caso contrário, ultrapassaremos o limite histórico da inércia e assistiremos, num futuro bem próximo, a prevalência e definitiva do crime organizado sobre a sociedade. 

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