segunda-feira, 7 de março de 2016

RIO EM GUERRA – mais violência em áreas com UPP



“Devemos novamente fazer desaparecer do mundo a abundância de falsa sublimidade, porque é contrária à justiça que as coisas podem reivindicar! Por conseguinte, é preciso não procurar ver o mundo com menos harmonia do que realmente tem.” (AURORA - REFLEXÕES SOBRE OS PRECONCEITOS MORAIS - Friedrich Wilhelm Nietzsche)


G1 - 07/03/2016 06h50 - Atualizado em 07/03/2016 06h58

Áreas de UPPs no Rio têm fim de semana violento

UPP Santa Marta teve o primeiro registro de assassinato.

No Caju, policial foi atacado e moradores quebraram vidro de carro da PM.


 
O Morro Santa Marta, em Botafogo, recebeu a primeira UPP em 2008 (Foto: Instituto Pereira Passos / César Duarte)


Confusão e tiroteios assustaram moradores de, pelo menos, duas comunidades pacificadas do Rio neste fim de semana. A Unidade de Polícia Pacificadora do Santa Marta, na Zona Sul do Rio, considerada “modelo” do programa, teve o primeiro assassinato registrado desde a instalação da UPP. Na noite de sábado (5), policiais da UPP do Caju foram atacados quando realizavam patrulhamento na comunidade.

No Santa Marta, um homem morreu após policiais da UPP receberem informações de que bandidos estariam escondidos na mata. O local foi cercado e houve confronto. Além do suspeito morto, duas pessoas foram presas.

A Polícia Militar reforçou o policiamento e fez várias apreensões. Segundo a UPP Santa Marta, foram recuperadas 112 cápsulas de cocaína; oito tabletes e 298 sacolés de maconha; 328 pedras e 291 papelotes de pó de crack.

De acordo com a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, um homem, que estava na porta de um bar, teria arremessado garrafas contra policiais, que realizavam patrulhamento de rotina, por volta das 19h, na localidade conhecida como Parque Alegria.

Os agentes tentaram conter o agressor. Durante a ação, populares se aglomeraram no local e atiraram pedras e garrafas contra a viatura. Dois policiais ficaram feridos, foram assistidos no Hospital Central da Policia Militar, no Estácio, e liberados em seguida.

Segundo informações do comando, não houve troca de tiros. O Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) foi acionado. Dois homens foram detidos e encaminhados à 4ª DP (São Cristóvão). O policiamento está reforçado por agentes de outras UPPs.

MEU COMENTÁRIO

Desde mais de dois anos temos visto a UPP do Morro Santa Marta ser foco de muito ufanismo por parte dos gestores da segurança pública. Primeira a nascer, por mero acaso, como confessou o secretário Beltrame no livro em que conta a sua vida, por isso servindo de paradigma do sucesso do programa de pacificação (“a árvore serve para ocultar a floresta” – provérbio alemão), vê-se agora que a UPP mais badalada cai na vala comum da realidade inocultável. Porque não cabe mais afirmar pacificação naquela localidade, embora sejam poucas as ocorrências e muitas as ações comunitárias promovidas por bem-intencionados PMs, mas que deveriam ser da iniciativa de outros organismos públicos. Mas como a PM é “Bombril de mil e uma utilidades”, é ela que vem suprindo todas as lacunas de inclusão social na comunidade, até se esquecendo de que sua principal tarefa, senão única, é ou deveria ser a prevenção e a repressão à contravenção e ao crime como polícia administrativa.

Pintar as UPPs (parece que são hoje 40 em meio a mais de mil favelas só na capital) como a grande descoberta na segurança pública, geradora inclusive de repercussão internacional, é, na verdade, “abundância de falsa sublimidade”. Pois a realidade é que muitos PMs, alguns moradores do interior, ou já pediram baixa ou vão fazê-lo, pois não conseguem conciliar o exercício profissional com o direito de gozar da convivência familiar, tais como se estivessem incorporados numa guerra em país distante. É fácil então imaginar qual estado de ânimo desses desinfelizes que, se não lhes bastasse o banzo hodierno a que são submetidos, – tais como o eram os escravos vindos a ferros de África, – ainda voltam para seus ambientes familiares dentro de caixões.

Impressionante é que a subserviência parlamentar ao desgoverno do RJ, – aliada à indiferença dos gestores da PMERJ e da SSP, – não permite que esse tumor maligno finalmente vaze e sobre ele jorre a luz da verdade oculta, que é esta: mais de dois anos são passados e a promessa de reenvio dos “espartanos” aos seus lares não se efetivou e jamais se efetivará, a recessão não permitirá: a renovação deles por novos “espartanos” dispostos a enfrentar tudo pelo emprego neste país da imobilidade social e das guerras mortais entre traficantes de facções diversas, com a polícia no meio, como barata tonta. Tudo a indicar um desfecho a mais e mais trágico...

Um comentário:

  1. Sr Coronel Emir boa noite!!!! Feliz por ver análises e comentários no Blog....Força e Honra sempre!!
    Obrigado pelos ensinamentos aos Policiais Militares, inclusive de outros Estados da federação!!
    A partir de amanhã acredito que existam mudanças na sociedade brasileira.....dai a necessidade de acompanharmos quem tem experiência, sabedoria e "sangue de Polícia na veia", como o Sr!!!
    Comandante...não os deixe tanto tempo sem notícias!!!

    Saúde e Paz....Um PM de SP!!!!!!!!!!!!!!

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