“O mundo está perigoso para se viver! Não por
causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta
de que não viram.” (Albert Einstein)
JORNAL EXTRA
8 dez
2015 Extra Paolla Serra paolla.serra@extra.inf.br
COLABOROU Pedro Zuazo
A cada mês, um PM morre em
área de UPP
Média é dolorosa: todos estavam a serviço
Em 2015, traficantes mataram 12 policiais em comunidades ocupadas. Um dos
mortos no Jacaré tentou salvar o companheiro
Em 2015,
três PMs foram mortos em serviço na região da
UPP Jacarezinho
Avós não
deviam enterrar netos
Edilza
Afonso, de 75 anos, bate continência enquanto é levada pela alameda onde seu
neto, o soldado Marcus Santana Martins, foi enterrado. Ele e o soldado Inaldo
Pereira Leão, mortos no Jacarezinho, foram sepultados com meia hora de
diferença, em Sulacap, com direito a salva de tiros e à presença do secretário
de Segurança. Beltrame disse, novamente, que a polícia não vai recuar. O
Disque-Denúncia (2253-1177) aumentou a recompensa pelo bandido que teria
ordenado o ataque aos PMs. Desde o início da instalação das Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) no Rio, em dezembro de 2008, 28 policiais militares
morreram nessas regiões. O ano de 2015 concentra 43% das mortes: enquanto 16
PMs morreram nos seis primeiros anos do programa, 12 foram atingidos nos
últimos 12 meses — um PM morto, em média, por mês. Ontem, foram enterrados os
corpos dos dois últimos atingidos em áreas de UPPs: os soldados Inaldo Pereira
Leão e Marcus Santa Martins, que eram lotados na favela do Jacarezinho, na Zona
Norte, e foram executados na tarde de anteontem.
Moradores
da Baixada Fluminense — Inaldo cresceu em São João de Meriti e Marcus foi
criado em Duque de Caxias, os militares ficaram amigos quando foram trabalhar
no Jacarezinho. Faziam aniversário no mesmo dia, 25 de setembro — o primeiro
nasceu em 1989 e o segundo, em 1981. Morreram com intervalo de minutos, depois
que Inaldo foi atingido no pescoço e nas costas, e Marcus, baleado na axila. E
foram sepultados, lado a lado, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
— O
Martins foi baleado quando atravessou para socorrer o Leão, que tinha sido
baleado pouco antes — contou ao EXTRA um sargento da mesma unidade.
De acordo
com levantamento feito pelo EXTRA, a Zona Norte do Rio concentra oito dos
mortos em UPPs durante serviço, este ano. Na comunidade do Jacarezinho, além de
Inaldo e Marcus, Rodrigo Ribeiro foi morto na noite do último dia 25. As outras
vítimas que foram baleadas em serviço eram lotadas nas UPPs Fazendinha, Alemão
e Andaraí. Já a Zona Oeste, concentra dois dos mortos (ambos na Cidade de Deus)
e a Região Central do Rio outros três PMs atingidos (no São Carlos e na
Providência).
MEU COMENTÁRIO
Venho debatendo em voo solo sobre a necessidade de a PMERJ, como instituição militar estadual e como organização social, cuidar do emprego dos seus meios com base na ciência e na técnica.
Quem estudou
Ciências Administrativas sabe a importância da Pesquisa Operacional
(PO), surgida na Inglaterra durante a II Guerra Mundial (salvo engano
meu) para racionalizar o emprego dos seus meios navais, e depois
disseminada por todas as armas de todos os exércitos mundo afora.
São
simulações matemáticas e estatísticas que visam, em síntese, a encontrar
o emprego ótimo dos meios existentes e disponíveis, de modo a superar
os recursos bélicos dos inimigos com um mínimo de desgaste material e
humano, e, por via de consequência, evitar o desgaste financeiro.
Busca-se na PO
superar as forças adversas com meios de tal modo equilibrados entre si,
como subsistemas de um só sistema, que garantam a vitória em quaisquer
condições materiais, humanas e de tempo, mínimo ou máximo. Mas importa à
PO saber também calcular o poderio do inimigo e sua capacidade de
resistência no tempo e no espaço.
Traduzindo tudo isto para a PMERJ no
âmbito geral do RJ e em suas isoladas ações de UPPs em favelas apinhadas
de traficantes dotados de armas de guerra de última geração, de
mobilidade máxima de dia e de noite, de viaturas blindadas, geralmente
roubadas num ambiente social propício a tal finalidade, de homens e
mulheres treinados e bem remunerados, enfim de excesso de meios à
disposição, temos de admitir que as chances da corporação são NENHUMA.
E
nem se precisaria arriscar na utilização da UPP como modelo "salvador
da pátria"; bastava à corporação sentar-se numa sala e calcular, com a
ajuda da inteligência, tais variáveis, que estariam diante da cruel
realidade a enfrentar com fortes chances de derrota. E aí era só mandar
um rotundo NÃO às leigas autoridades de cima, fechando-se em guarda
alta, rechaçando as pressões demagógicas dessa turma e abominando os
interesses financeiros da grande mídia, desde o início interessada nos
lucros da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
Disso tudo resultaria, sim, a
demissão de alguns comandos-gerais; mas os seguintes, imbuídos na defesa
da mesma causa, fariam recuar o políticos-gestores inconsequentes que
advogam idiossincrasias inconfessáveis.
A vantagem desta postura técnica
e independente, que exigiria amor à corporação mais que amor ao
cargo por parte dos altos escalões, é que não estaríamos amargando
derrotas espantosas, execrações estonteantes, e a tristeza de vermos
tombar, diariamente, nossos valorosos soldados, como se tudo não
passasse de surreal videogame.
Mas não é videogame, é tudo vero!
E essas
mortes não podem se reduzir ao discurso oficial do tipo "não
desistiremos", pois os donos deste discurso não combatem, não são PMs e
as vidas perdidas não são as deles nem as dos parentes deles.
Esta insistência em mandar a PMERJ avançar manu militari para a morte, enquanto o tempo cuida de empurrar a realidade com a barriga, deveria ser questionada pelos organismos fiscalizadores, em especial pelo Ministério Público, que, pelo menos, tem o dever de zelar também pela vida do PM e não apenas pela vida de favelados que, afinal, são vítimas dos mesmos políticos e burocratas mandatários do Poder Público e dos bandidos mandatários do Poder Marginal.
Esta insistência em mandar a PMERJ avançar manu militari para a morte, enquanto o tempo cuida de empurrar a realidade com a barriga, deveria ser questionada pelos organismos fiscalizadores, em especial pelo Ministério Público, que, pelo menos, tem o dever de zelar também pela vida do PM e não apenas pela vida de favelados que, afinal, são vítimas dos mesmos políticos e burocratas mandatários do Poder Público e dos bandidos mandatários do Poder Marginal.
4 comentários:
Paz e saúde ao Sr!! Estamos sentindo falta de seus escritos e analises!!
Emir disse:
Obrigado. Estou refletindo sobre uma gama de problemas e devo postar uma série de temas correlatos focando a evolução do crime organizado do tráfico no RJ e as principais causas concorrentes, segundo a minha ótica. Penso que no blog não basta emitir uma opinião, mas antes devo historiar o assunto para que a opinião chegue a bom termo. Como é ano de Olimpíadas, o campos é vasto para exoplorar. Aguarde-me que logo estarei apertando o cerco sobre esses maus gestores do RJ num cenário pátrio ainda pior.
Sr Cel.... paz e saúde em 2016!!
Emir disse:
Obrigado, Luciana! Paz e saúde para você também.
Postar um comentário