“O mundo está
perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa
dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
Banda podre compromete UPPs
e a polícia em geral
É preciso consolidar a
pacificação e rever a política de pessoal da corporação, com novos critérios de
arregimentação, formação e fiscalização dos agentes.
A gravidade do episódio em que PMs foram filmados
alterando a cena de um crime, para atribuir a uma inexistente troca de tiros a
morte de um jovem, vai além da particularidade de que eles procuravam encobrir
provas de que a vítima fora, na verdade, executada. Por si, o ato de policiais
forjar um auto de resistência (instrumento jurídico, previsto no Código de
Processo Civil, que avaliza a ação de legítima defesa de um representante do
Estado) já seria objeto de preocupação. Banalizado pelas polícias do Rio, esse
tipo de registro tornou- se tenebroso eufemismo para dar anteparo legal a
agentes públicos envolvidos em casos de execução sumária. Não por acaso, a
polícia fluminense é tida como uma das que mais matam no mundo.
O que aconteceu no Morro da Providência extrapola
todas essas circunstâncias porque a abjeta encenação de policiais da UPP local
confirma, com a clareza de uma tomografia, que uma metástase da banda podre da
polícia ameaça pôr em risco a credibilidade do programa de pacificação no
estado. Tinham- se essas unidades como um corpo vacinado contra a degeneração
moral de agentes públicos que, convivendo em promiscuidade com o banditismo,
são responsáveis por comprometer o lado sadio da corporação.
No entanto, de algum tempo para cá acumulam-se
inquietantes sinais de alerta para as autoridades. Caso, por exemplo, do
episódio da morte de Amarildo, na Rocinha, e outras ocorrências desabonadoras
envolvendo policiais que servem em favelas com unidades de pacificação. Desta
vez, não se pode conceder à PM o benefício da dúvida, a presunção da inocência:
ainda que se desconsidere o relato de testemunhas assegurando que o adolescente
foi morto com tiros à queima-roupa, depois de se render, e que seja real a
versão de que ele estava envolvido com o tráfico, é irrespondível a prova de
que os cinco agentes forjaram a cena do crime. Pela primeira vez, filmaram-se
com didática exatidão todos os passos da encenação de um “auto de resistência”.
Por todos esses aspectos, as autoridades
fluminenses estão diante de um ponto-chave para o futuro da segurança no Rio.
As UPPs são, por evidências estatísticas, um eficiente instrumento de combate à
criminalidade e de resgate da cidadania de moradores de áreas conflagradas.
Apesar de episódios recentes que têm colocado à prova sua blindagem contra a
corrupção policial, e em que pese não ter executado por inteiro sua missão
social, o programa não pode ser descontinuado, por óbvio.
Isso implica não só consolidar a proposta de
pacificação, mas, em sentido mais amplo, rever toda a política de pessoal da PM
fluminense. Ou seja, ter novos critérios de arregimentação, incrementar a
formação e alijar o corporativismo dos mecanismos de fiscalização dos
policiais. O Executivo precisará do apoio do Judiciário e do Legislativo nesta
essencial empreitada. São cuidados cruciais para evitar que crimes como o da
Providência se tornem um padrão, um caminho sem volta."
MEU COMENTÁRIO
A matéria me inspira a lembrança de uma sociedade
como um imenso cesto de maçãs, onde, em meio a elas, algumas já apodreceram e
contaminam as demais, não se sabendo em que proporção. O grande cesto é a
sociedade, não sendo demais afirmar que as maçãs podres estão espalhadas pelo
cesto de tal modo que se alguém as recolher decerto trará entre as maçãs sadias
umas tantas apodrecidas em graus diversos, porém todas em condições de
contaminar as maçãs sadias.
Por experiência de vida e de profissão, arrisco-me
a dizer que há também entre os profissionais da mídia muitas maçãs podres,
assim como em quaisquer segmentos que sejam extraídos daquele grande cesto, sem
exceção. O que diferencia as maçãs em qualidade é a capacidade de alguns
segmentos de se ocultarem nas fortes trincheiras do poder que exercem. Sim, o
poder é capaz de manter muitas maçãs podres como se fossem boas, assim como é
competente para pôr como visível o lado saudável das maçãs, de modo que seu
lado podre jamais seja visto. E quando algumas maçãs apodrecem totalmente, elas
vão para o fundo do cesto menor (segmentos sociais) e se tornam invisíveis.
Sim, do grande cesto saem os seus filhotes, cestos
menores, mas todos com a tendência de mostrar suas maçãs sadias ocultando as podres.
Enfim, a tal “banda podre” existe também, e bastante, em meio aos que acusam a
briosa sublinhando sua “banda podre”, clichê antigo e indigesto, mas que os
xerimbabos fardados engolem para garantir um pedaço da maçã, sem se importarem se
sadio ou podre. Querem mesmo é carregar o cesto como um bastão na corrida de
revezamento em que todos são vinculados umbilicalmente em torno do poder
interno. Lá fora, que se danem os acusados de se integrarem à “banda podre”,
isto serve de repasto aos abutres de sempre instalados na política e na mídia!...
Todos, porém, com suas algibeiras recheadas.. Afinal, nesta sociedade apodrecida
ninguém é santo, apenas aparenta ser!...
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