domingo, 9 de agosto de 2015

RIO EM GUERRA CXXIII




“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

Henrique Coelho - Do G1 Rio

08/08/2015 21h53 - Atualizado em 09/08/2015 07h33
Quadrilha de Playboy planejava retomar territórios na Maré, diz PM

Tentativa ainda pode ocorrer, segundo a corporação.

Facções rivais à do traficante estariam estudando aliança.



Autoridades ofereciam R$ 50 mil de recompensa pelo traficante Playboy (Foto: Reprodução / Disque Denúncia)



Segundo a Coordenadoria de Inteligência da PM, a quadrilha de Celso Pinheiro Pimenta, o traficante Playboy, morto em operação das polícias federal, civil e militar neste sábado (8), pretendia tomar as áreas perdidas nos últimos anos no conjunto de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio.

Haveria até, segundo a PM, a facção de Playboy receberia apoio de outra mais antiga para retomar territórios da Maré para repartí-los. "Este ataque para tentar tomar o Parque União e o Conjunto Esperança pode realmente ocorrer", disse o coordenador de inteligência da PM do Rio, Antônio Goulart, durante entrevista coletiva após a morte do traficante. A informação teria chego à polícia através de denúncias.

Essas informações sobre ataques, segundo ele, chegaram ao conhecimento da inteligência há dois meses. "Pode acontecer a qualquer momento. Ele era uma figura muito agressiva, e gostava de retomar e até tomar territórios", afirmou o coordenador.
Encontro com pai de santo

A informação de que Celso Pìnheiro Pimenta, o Playboy, de 33 anos, iria se encontrar com um pai de santo neste sábado (8) foi essencial para que policiais federais levantassem a localização do bandido, morto em operação conjunta da corporação com a Polícia Civil e a PM.

Como mostrou o RJTV, o bandido levou um tiro no peito e outro na perna. Segundo a polícia, ele reagiu após ser encontrado na casa da namorada, no Morro da Pedreira, Zona Norte do Rio.

Playboy ganhou esse apelido porque foi criado em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, numa família de classe média. Ele tinha trinta e três anos. A polícia diz que, aos 16, já era bandido.

Delegados de diferentes corporações detalharam na tarde deste sábado (8) a operação que terminou com a morte de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, no Conjunto de Favelas da Pedreira, Zona Norte do Rio, neste sábado. Segundo Fabrício Pereira, da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, Playboy tentou resistir a tiros de pistola. Ele afirmou que uma pistola Glock foi apreendida na casa onde o traficante morreu e, na residência de sua namorada, foi encontrado um Fuzil 762.
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Segundo a polícia, a operação começou por volta de 12h. Ainda de acordo com Pereira, Playboy estava com quatro homens armados e reagiu no momento em que a equipe da Core chegou à casa de sua namorada. "Ele estava com quatro seguranças e tentou atirar", disse ele. Nenhum dos seguranças, entretanto, foi preso, embora a polícia tenha encontrado motos e quentinhas abandonadas por eles antes da fuga.

Durante a coletiva, o Comando de Operações Especiais (Coe) da PM anunciou que vai ocupar o Complexo da Pedreira por tempo indeterminado. A determinação é da Secretaria de Segurança junto ao Comando da Policia Militar. A ocupação já começa neste sábado (8).

"As ações visando a prisão de marginais e a apreensão de armas continuarão", afirmou Antônio Goulart, da inteligência da Polícia Militar. A ocupação já estava prevista desde ontem, em caso de sucesso na operação de captura do Playboy. "O complexo é bastante extenso. Uma estimativa de 400 homens, no mínimo, seria bom", disse o coronel.

A Polícia Federal afirmou que investiga Playboy e sua quadrilha há um ano. A corporação levantou locais onde o bandido poderia estar. "Outros serao presos em breve", afirmou João Luiz Araujo, delegado da Polícia Federal. A presença de policiais e agentes do estado na folha de pagamento de Playboy, segundo a PF e a PM, "não é impossível de ocorrer". "A investigação vai continuar", afirmou.

MEU COMENTÁRIO

Engana-se quem pensa ser fácil liderar no mundo do tráfico. Não se alcança este patamar senão por muito mérito de articulação no submundo e de crueldade no dia a dia. Sim, um líder marginal se constrói à custa de muito empenho no meio criminoso e de rara inteligência. E não se constrói por suas ações somente onde ele nasceu e se criou, mas também pelo reconhecimento dos tubarões de fora que mandam a droga em consignação, e só o fazem depois de muito confiar no escolhido.

O segredo desta liderança, além da audácia e dos serviços prestados ao crime, que incluem o assassinato de policiais e de dissidentes do bando, está também na capacidade de negociar, isto em todos os sentidos, para cima e para baixo. Quando o líder se vê cerceado principalmente neste campo de ação é sinal que seu fim se aproxima. E, se existe um meio de abalar as estruturas físicas e psíquicas de qualquer líder do tráfico, este se resume em forçar sua movimentação sem cessar. Incrível é que o excesso de mobilidade culmina permitindo à polícia alcançá-lo e prendê-lo, como se viu mais uma vez no caso do Payboy, apanhado quase que sozinho porque quando cercados pela polícia seus comparsas preferiram apostar no próximo líder. E ele, o líder, tombou morto, tal como veio ao mundo: sozinho...

Muita gente pensa que atacar a ponta da linha do tráfico é preciso. Isto porque gera notícia fresca para a imprensa sensacionalista, que não vive sem carne fresca e não gosta de carniça. A PMERJ então é viciada neste tipo de ação que, ao fim e ao cabo, não afeta o tráfico no seu todo. Faço a crítica antes de tudo como mea a culpa. Também cometi muito este erro de liberar a tropa para atuar na ponta da linha. Mas também agi com inteligência para aprisionar líderes do tráfico na área do batalhão que comandei, porém sempre contando com o apoio próximo das DREs da PCERJ e da PF, instituições para as quais eu repassava toda e qualquer informação sobre as andanças do mais importante traficante favelado da época: Cy de Acari. Mas como insisti nesta ideia de não lhe dar sossego, e depois de esgotadas as possibilidades de ele se ocultar em muitos lugares diferentes, ele culminou aprisionado na própria favela, seu nicho de origem.

Parabéns à PCERJ e à PF por mais esta vitória que em muito enfraquecerá o tráfico na capital do RJ e algures! Como eu disse antes, não se forma um líder de um dia para o outro, e aqueles que estão no topo não gostam de nenhuma sombra, preferem eliminá-las para se manter no poder máximo da quadrilha. Por isso haverá muita movimentação no submundo onde esse traficante liderava esbanjando crueldade. Muita disputa entre traficantes resultará na morte de outros considerados capazes de liderar a quadrilha. Facções diversas se aproveitarão para tentar conquistar o território temporariamente vazio de líder. Bom! Muito bom! Afinal, a humanidade não perderá nenhum cientista...




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