“O mundo está perigoso para se viver!
Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de
conta de que não viram.” (Albert Einstein)
"G1 Rio
13/05/2015
06h50 - Atualizado em 13/05/2015 11h44
Sobe para 8 o número de mortos em confrontos no
morro no Centro do Rio
Novo tiroteio assustou moradores no Morro da
Coroa nesta terça-feira (12).
Em 5 dias, 8 pessoas morreram na região; confrontos começaram na sexta.
Um tiroteio na noite desta terça-feira (12) deixou mais dois mortos no
Morro da Coroa, no Catumbi, Centro do Rio. Em cinco dias, oito pessoas morreram
na região vítimas do confronto. Os moradores estão assustados com a violência.
As informações são do Bom Dia Rio desta quarta-feira.
A segurança seguia reforçada no Morro da Coroa na manhã desta
quarta-feira — carros da Polícia Militar estavam posicionados nos acessos da
comunidade. Segundo a Secretaria de Segurança, o patrulhamento ostensivo será
por tempo indeterminado.
As duas vítimas desta madrugada ainda não tinham sido identificadas até
o horário de publicação desta reportagem.
Tiroteio na região
Na noite da sexta-feira (8), criminosos do Morro da Fallet, em Santa Teresa, tentaram invadir o Morro da Coroa. Os dois morros têm UPPs, mas a presença dos militares não intimidou os criminosos, que iniciaram uma intensa troca de tiros. Durante todo o sábado (9), PMs circularam pelos acessos ao morro da Coroa. De acordo com a polícia, a Rua Itapiru, no Catumbi, foi um dos caminhos usados pelos bandidos para invadir a favela. Quatro pessoas morreram, três delas com passagens pela polícia, e cinco ficaram feridas.
Um novo tiroteio deixou mais duas
pessoas mortas na manhã de domingo (10). Um jovem de 22 anos, identificado como Diego Luniére, morreu após ser
baleado no pescoço. Ele estava na comunidade para visitar o pai. Um outro
homem, ainda não identificado, foi baleado no olho e também morreu.
UPP desde 2011
Os morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, todos na região de Santa Teresa, têm uma Unidade de Polícia Pacificadora desde fevereiro de 2011, com sede na Rua Navarro. A Polícia Militar informou que o policiamento na região foi reforça
G1 Rio
13/05/2015
12h40 - Atualizado em 13/05/2015 12h40
Suspeito é baleado em abordagem policial em morro
no Centro do Rio
Jovem de 19 anos é gerente do tráfico no
Morro da Providência.
Em cinco dias, oito pessoas morreram na região vítimas do confronto.
Um homem que segundo a polícia é suspeito de pertencer ao tráfico de
drogas foi baleado durante uma abordagem de policiais do Grupamento Tático de
Polícia de Proximidade (GTPP), por volta das 3h30 desta quarta-feira (13), no
Morro da Providência, Centro do Rio.
De acordo com a Polícia Militar, ao realizarem uma abordagem a moto com
dois ocupantes na região próxima a Pedra Lisa, os agentes observaram que o
homem que estava na garupa sacou uma arma e efetuou disparos contra a
guarnição. Ao revidar a agressão, o mesmo foi alvejado na altura lombar sendo
preso, em flagrante, portando 1 pistola calibre .40, 2 granadas, 720 papelotes
de cocaína, 274 de maconha e 240 de crack.
Vinicius Cláudio Silva de Abreu, de 19 anos, é conhecido como Nikito e é
gerente e braço direito dos chefes do tráfico na região, segundo informações do
setor de inteligência da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O suspeito
baleado foi levado para o Hospital Souza Aguiar.
De acordo com o comandante da unidade, capitão Valente, não há alterações
ou ameaças à policiais na área da UPP, mas um cerco está sendo realizado para
evitar possíveis retaliações.
Tiroteio na região Central do Rio
Um tiroteio na noite desta terça-feira (12) deixou mais dois mortos no Morro da Coroa, no Catumbi, Centro do Rio. Em cinco dias, oito pessoas morreram na região vítimas do confronto.
A segurança estava seguia reforçada no Morro da Coroa na manhã desta quarta-feira — carros da Polícia Militar estavam posicionados nos acessos da comunidade. Segundo a Secretaria de Segurança, o patrulhamento ostensivo será por tempo indeterminado.
As duas vítimas desta madrugada ainda não tinham sido identificadas até
o horário de publicação desta reportagem.
Na noite da sexta-feira (8), criminosos do Morro da Fallet, em Santa Teresa, tentaram invadir o Morro da Coroa. Os dois morros têm UPPs, mas a presença dos militares não intimidou os criminosos, que iniciaram uma intensa troca de tiros. Durante todo o sábado (9), PMs circularam pelos acessos ao morro da Coroa. De acordo com a polícia, a Rua Itapiru, no Catumbi, foi um dos caminhos usados pelos bandidos para invadir a favela. Quatro pessoas morreram, três delas com passagens pela polícia, e cinco ficaram feridas.
Um novo tiroteio deixou mais duas pessoas mortas na manhã de domingo
(10). Um jovem de 22 anos, identificado como Diego Luniére, morreu após ser
baleado no pescoço. Ele estava na comunidade para visitar o pai. Um outro
homem, ainda não identificado, foi baleado no olho e também morreu."
MEU COMENTÁRIO
Essas
comunidades denominadas Fallet e Coroa, ambas formadas em morros situados no
centro do Rio de Janeiro, capital, apresentam dificuldades desde o início da
implantação de UPPs.
Tais
dificuldades, no meu modo de ver, decorrem de um terreno íngreme e extenso e do
povoamento desordenado, o que em muito dificulta a ação policial preventiva e
repressiva de polícia administrativa.
Trata-se,
todavia, de situação que põe em “xeque”, mais uma vez, o programa de UPPs, na
medida em que os discursos oficiais são dissonantes em relação ao problema. Mas
não é ainda “xeque-mate”...
Vamos
por partes.
Ora,
é no mínimo paradoxal criar um “Grupamento Tático de Polícia de Proximidade”
(GTPP). Porque o conceito de “polícia de proximidade” é nitidamente preventivo.
Já o vocábulo “tático” pressupõe repressão, tanto que as guarnições de PATAMO
(Patrulhamento Tático Motorizado) são formadas para ações repressivas em apoio
ao patrulhamento normal.
Entendo
que a PMERJ embola em má hora, numa sigla já materializada, esses conceitos
naturalmente antagônicos. No fim de contas, as UPPs visam a atender exatamente
aos reclamos de “polícia de proximidade”, que, em síntese, é um ideal de
convivência pacífica entre cidadãos e policiais. Portanto, fica difícil
entender a sigla e seus fins belicosos desvirtuando na prática a teoria da
“polícia de proximidade”. Pois não há como negar que o GTPP é de natureza repressiva.
Talvez
a PMERJ devesse reestudar sua nomenclatura para evitar entrechoques conceituais
como este que se nos apresenta. Até me faz lembrar Kurt Lewin, citado por
Idalberto Chiavenato em sua magistral Teoria Geral da Administração (TGA):
“Nada mais prático que uma boa teoria.” O referido autor ainda reforça o
aforismo que atribui ao psicólogo alemão afirmando por sua vez que “a teoria é
terrivelmente instrumental”. Ora, a teoria que embasa a “polícia de
proximidade” é a da prevenção e da integração comunitária e não a da repressão.
Outro
ponto preocupante diz respeito ao fato de que há UPPs instaladas nas duas
comunidades cujos traficantes estão em disputa territorial, o que pressupõe um
papel coadjuvante da PMERJ nessas localidades onde ela, PMERJ, deveria ser
protagonista. Tal situação, acrescida do fato de que secretaria de segurança
reagiu ao problema anunciando que “o patrulhamento ostensivo será por tempo
indeterminado”, faz aflorar uma ideia de fracasso das UPPs, estas que, na essência,
significam um modelo de “polícia de proximidade” por tempo indeterminado, sendo
a repressão um acidente de percurso. Isto, claro, na teoria, pois na prática é
o que vemos diariamente no noticiário: confrontos armados em locais
“pacificados”. Afinal, onde está a “bandeira branca” da UPP? Só no Morro Dona
Marta?...
Há um ditado secular, creio que de Cícero (“O excesso de tudo é um
defeito.”), que parece definir bem o crescimento acelerado das UPPs para
atender às pressões da mídia em vista de eventos desportivos, o que muitas
vezes denunciei aqui. Creio que se ajusta às UPPs, pois elas se tornaram
“excessivas” a tal ponto que não estão dando conta do recado. Tudo porque estão
a ferir mortalmente os critérios de seletividade do uso da força, dentre outras
estratégias ignoradas pelos planejadores oficiais.
A verdade é que tudo se resume ao poder de dissuasão da PMERJ, que tem
sido fraco diante do poderio real do tráfico e de sua capacidade regeneração
pós-repressão policial. Porque não há como negar que os bandidos saem, sim, mas
retornam mais fortes que a PMERJ, salvando-se a pátria por algumas exceções de
favelas pequenas facilmente ocupadas pela PMERJ em superioridade de forças ante
os bandidos. Ou talvez a estes não lhes interesse comercialmente esses lugares
(exemplifico com o Morro Dona Marta) e eles preferem deixar o sistema estatal
vender seu peixe com tranquilidade.
Faço a crítica porque não consigo me conformar com a sutileza midiática,
que mais parece patada de elefante: “os dois morros têm UPPs, mas a presença
dos militares não intimidou os criminosos.” Enfim, sugerem, com razão, que em
muitos locais as UPPs não estão dando conta do recado, e a retaguarda chega
sempre atrasada, falhando a logística tal como falhou a retaguarda napoleônica
na Rússia, o que até hoje é festejado com direito a concerto sinfônico
destacando o compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) e sua principal
peça musical (1812).
Por outro lado, não creio que a briosa deva se entregar ao desânimo,
pois sua capacidade regenerativa está mais que comprovada, ela resiste a todas
as pancadarias e vai em frente errando e acertando. É assim há mais de 200 anos
e assim vencerá os tempos futuros e verá o sepultamento das pessoas que nela
vivem intramuros e daquelas que a criticam do lado de fora. Enfim, a briosa tem
mais de sete vidas e sempre mudará para deixar tudo como está... Só em “xeque”,
jamais em “xeque-mate”...
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