segunda-feira, 30 de março de 2015

RIO EM GUERRA XXXV

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

MISSÃO OU “BATATA QUENTE”?





O Jornal O DIA de 29/03/2015 antecipa-se e expõe a realidade do Complexo da Maré. AS FFAA completarão um ano de ocupação em cinco de abril. Informa O DIA que se trata do maior conjunto de favelas do RJ, somando 16 comunidades e 130 mil moradores, o que corresponde, salvo pequenas variações, à população do município de Maricá/RJ, ou a mais de seis vezes a população do município de Paty do Alferes, lugar do interior policiado por Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO), de efetivo menor que pelotão, comandado por subtenente. Também lá não há delegacia policial para lavrar ocorrências e investigar crimes, tudo se reporta ao vizinho município de Miguel Pereira.

Nem vou fazer comparações territoriais, mas é forçoso observar esta “lógica” da distribuição do efetivo, sendo certo que em Paty do Alferes há intenso tráfico de drogas, claro que proporcional ao número de usuários, este que é proporcional ao número de habitantes e visitantes, o que ocorre em todo o Brasil. Mas de quando em quando há homicídios vinculados ao tráfico, como o foram os dois últimos dos quais tomei conhecimento pela “boca do povo”, já que não há cobertura jornalística naqueles rincões a não ser que caia por lá algum avião.

Ademais, não se pode deixar de consignar outros eventos criminosos que guardam relação com o uso e o tráfico de drogas, como furtos em residências, assaltos a mão armada em fazendas e muitos outros crimes menores de fraude e de violência contra as pessoas. Mas nada disso interessa ao grande centro das atenções: a capital do RJ.

Ainda dentro da “lógica” da distribuição do efetivo, e segundo o jornal O DIA, os três mil militares federais que policiam diariamente o Complexo da Maré, - onde há sanguinolenta disputa territorial entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando (TC), - os três mil militares federais serão substituídos por “mais de 1,4 mil PMs”, não precisando o número exato de PMs, tal como o fizeram em relação ao efetivo das FFAA: 3000 por dia.

Não creio que esses 1.400 PMs o sejam diariamente, em escala, mas sim o efetivo total e ser empenhado na Maré. De todo modo, mais uma vez cabe sublinhar esse volumoso efetivo anunciado, eis que supera o somatório de PMs lotados atualmente em Niterói, São Gonçalo e Maricá, municípios que, somados, se aproximam de 2.000.000 (dois milhões) de almas humanas, e em cujos territórios proliferam centenas de favelas dominadas por facções criminosas, com preponderância do CV. E é claro que cada qual tem suas bocas de fumo, tais como as favelas da Cidade Maravilhosa...

Bem, os militares federais saem com pequeno saldo negativo (morte de um cabo), assim como foram negativamente afetadas as comunidades faveladas do Complexo da Maré, deixando de saldo negativo também as suas vítimas. E não estranho o desinteresse do jornal O DIA abrir espaço para a morte do cabo do Exército a não ser como estatística, ignorando a tragédia familiar decorrente do fato, diferente do que fez com as vítimas “do outro lado”, ou seja, parece que o Estado ali agiu contra a comunidade e não ao lado dela.

Cá entre nós, esta pitada ideológica não poderia faltar. Mas não vem ao caso, as notícias ruins se superarão depois que a PMERJ ocupar o Complexo da Maré com efetivo mui menor, sem falar na escassez dos meios materiais em comparação com os das FFAA.

Claro, também, que os bandidos torcem para chegar o dia da troca; e devem preparar alguma surpresa para a PM, esta que não é boba nem nada e chegará apta ao revide, isto se não se antecipar para não começar perdendo aquela guerra particular entre duas poderosas facções do crime organizado que contra a PMERJ se voltarão em consenso: o CV e o TC. Haja risco!

No meu caso, como integrante da PMERJ, só me resta torcer por ela como fazem os torcedores do Bonsucesso em disputa contra o Flamengo. Enfim, torcerei a favor do provável perdedor, mas, tal como o pequeno clube, que não deixará de existir, embora jamais vença o campeonato, a PMERJ igualmente resistirá a mais esta batalha em meio a uma guerra insana que tende a ser eterna.

2 comentários:

Anônimo disse...

Temo por ali se tornar um novo "complexo do alemão" à vida dos policiais .

Anônimo disse...

Emir disse:

Sem dúvida, haveremos de amargar mais mortes de PMs no contexto das UPPs.