segunda-feira, 16 de março de 2015

RIO EM GUERRA XXVII

O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

AS MANIFESTAÇÕES DE 15 DE MARÇO DE 2015

Ainda não se sabe exatamente qual teria sido o contingente que tomou as ruas e as praças públicas do Brasil neste domingo de 15 de março de 2015. Sabe-se, porém, que em São Paulo/SP o contingente de manifestantes ultrapassou a casa de um milhão de almas indignadas com o atual governo do PT.

A medida do povo utilizada pela PM de São Paulo foi a de cinco almas humanas por metro quadrado. Há, porém, controvérsias, em muitos lugares do mundo a polícia costuma considerar a possibilidade de oito pessoas por metro quadrado, desde que se trate de concentração, mesmo, ou seja, de pessoas de pé e paradas.

Claro que em movimentos de multidão há uma natural dispersão, os espaços entre as pessoas oscilam, e isto impede a medição exata em vista do parâmetro usual, que são o comprimento e a largura das vias públicas ou o espaço ocupado por praças públicas. Daí talvez a média adotada pela PMSP.

Mas o processo de contagem não se esgota assim tão simplesmente. Foi o que vimos lá mesmo, em São Paulo: contagem simples de passageiros do Metrô descendo no local onde se deu a numerosa concentração popular: a Avenida Paulista e adjacências.

Mas o movimento popular não se ateve a São Paulo: as manifestações explodiram em todo o país, indo até à reunião de duas pessoas, totalmente isoladas, segurando uma flâmula verde e amarela, em Bom Jesus do Itabapoana/RJ, como nos informa um jornal local:



“Manifestação contra Dilma em Bom Jesus





Urubatan Rabelo e o professor Ricardo Freire foram os únicos a protestarem contra a presidenta Dilma

Foram apenas dois os manifestantes que apareceram na Praça Governador Portela, na tarde deste domingo, para protestarem contra a presidenta Dilma Russef: Urubatan Rabelo e o professor Ricardo Freire.

Segundo o professor Ricardo, "isso significa que o povo está satisfeito com o governo. As pessoas falam mal pelas ruas, mas não comparecem.  Tive informação, contudo, que um blogueiro teria avisado que o movimento teria sido transferido para as 18h, o que teria desarticulado as pessoas. Se isso for verdade, terá sido uma ideia infeliz, porque neste horário as pessoas estão se preparando para irem à missa. Quero registrar, contudo, que este movimento é também contra a prefeita municipal. Considero que as pessoas tiveram medo de mostrarem suas caras e isso também colaborou para que não viessem protestar", salientou.

Urubatan, por sua vez, registrou que "há falta de interesse, de conhecimento e de vontade de pressionar o governo. Continuarei, contudo, denunciando o que considero errado", no que foi acompanhado pelo professor Ricardo.”
  
Há de se aplaudir esses dois cidadãos, porque muitos são os que, como  eles, protestaram em atos isolados, mas se fosse possível somá-los talvez ultrapassassem o expressivo contingente paulista, este que não se resumiu tão-só à Capital, mas foi deveras volumoso em muitas cidades do Estado de São Paulo, assim como o somatório de todas as cidades brasileiras deve alcançar muitos milhões de insatisfeitos.

Entretanto, e como esperado, vieram a público dois ministros da presidenta Dilma, ambos eloquentes e sobremodo afinados com a ideia-força preestabelecida de que tudo não passou de “manipulação política da oposição”. Insinuaram em caradura que os manifestantes verdes e amarelos não mais fizeram que imitar seus “vermelhos”, que dias antes passearam pelo Brasil, claro que gastando muito recurso operacional saído não se sabe de que manancial financeiro, talvez dos nossos desavisados bolsos...

Movimentaram-se antes como espécie de ameaça, como tentativa de inibição que, de algum modo, deve ter funcionado, muita gente guarda medo desses eufóricos, perigosos e quiçá armados “exércitos” do Lula. Mas não lograram tanto sucesso. Afinal, o povo veio às ruas em dia de domingo, diferente dos “trabalhadores”, manipulados pelo PT, que não trabalham a não ser em mobilizações do gênero e não se nota algum dentre eles (ou elas) passando necessidade de teto ou terra ou escola.

A verdade é que ninguém trabalha ou estuda, são sanguessugas da nação e possuem impressionante mobilidade, lembrando táticas da guerrilha urbana. Porque surgem do nada, de súbito, ocupando locais estratégicos em recado claro de que poderão “virar a mesa” quando bem o quiserem.

Já os manifestantes de domingo são diferentes dos “vermelhos” porque se mobilizam pelas redes sociais, não se conhecem, pagam passagem de seus bolsos, e, na melhor hipótese, não devem favores ao PT, mesmo que haja entre os manifestantes verdes e amarelos alguns arrependidos de votarem na presidenta Dilma. São bem-vindos!


Mas na ótica dos porta-vozes presidenciais os  milhões de manifestantes são apenas “eleitores da oposição”, não são eleitores da presidenta, deste modo desmerecendo o esforço de brasileiros que agora sabem que terão de ser mais assertivos em suas manifestações, sem, porém, defender “golpes” ou coisas do gênero. Isto é arma para o inimigo, e basta que entre milhões haja uma ou outra faixa empunhada por um ou outro radical, para que os eloquentes bradem em rede nacional que a manifestação teve cunho “antidemocrático", “golpista” e outras abobrinhas do gênero a desviar o foco e minimizar a profunda indignação que move hoje milhões de brasileiros que não querem nenhuma ditadura, em especial as do tipo venezuelano, boliviano, equatoriano, argentino e congêneres, todas prosperando ao modo gramsciano, algumas já descaradas, tais como a Cuba de Fidel ou a Rússia de Putim. No fundo, esses eloquentes  “vermelhos” sonham para o Brasil uma “cortina de ferro”.

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