“O mundo está perigoso para se viver!
Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de
conta de que não viram.” (Albert Einstein)
AS MANIFESTAÇÕES DE 15 DE MARÇO DE 2015
Ainda não se sabe exatamente qual
teria sido o contingente que tomou as ruas e as praças públicas do Brasil neste
domingo de 15 de março de 2015. Sabe-se, porém, que em São Paulo/SP o contingente
de manifestantes ultrapassou a casa de um milhão de almas indignadas com o
atual governo do PT.
A medida do povo utilizada pela PM de
São Paulo foi a de cinco almas humanas por metro quadrado. Há, porém, controvérsias,
em muitos lugares do mundo a polícia costuma considerar a possibilidade de oito
pessoas por metro quadrado, desde que se trate de concentração, mesmo, ou seja,
de pessoas de pé e paradas.
Claro que em movimentos de multidão há
uma natural dispersão, os espaços entre as pessoas oscilam, e isto impede a
medição exata em vista do parâmetro usual, que são o comprimento e a largura
das vias públicas ou o espaço ocupado por praças públicas. Daí talvez a média adotada
pela PMSP.
Mas o processo de contagem não se
esgota assim tão simplesmente. Foi o que vimos lá mesmo, em São Paulo: contagem
simples de passageiros do Metrô descendo no local onde se deu a numerosa
concentração popular: a Avenida Paulista e adjacências.
Mas o movimento popular não se ateve a São Paulo: as manifestações explodiram em todo o
país, indo até à reunião de duas pessoas, totalmente isoladas, segurando
uma flâmula verde e amarela, em Bom Jesus do Itabapoana/RJ, como nos informa um
jornal local:
“Manifestação
contra Dilma em Bom Jesus
Urubatan Rabelo e o professor Ricardo Freire foram os únicos a protestarem contra a presidenta Dilma
Foram apenas dois os manifestantes que apareceram na Praça Governador Portela, na tarde deste domingo, para protestarem contra a presidenta Dilma Russef: Urubatan Rabelo e o professor Ricardo Freire.
Segundo o professor Ricardo, "isso significa que o povo está satisfeito com o governo. As pessoas falam mal pelas ruas, mas não comparecem. Tive informação, contudo, que um blogueiro teria avisado que o movimento teria sido transferido para as 18h, o que teria desarticulado as pessoas. Se isso for verdade, terá sido uma ideia infeliz, porque neste horário as pessoas estão se preparando para irem à missa. Quero registrar, contudo, que este movimento é também contra a prefeita municipal. Considero que as pessoas tiveram medo de mostrarem suas caras e isso também colaborou para que não viessem protestar", salientou.
Urubatan, por sua vez, registrou que "há falta de interesse, de conhecimento e de vontade de pressionar o governo. Continuarei, contudo, denunciando o que considero errado", no que foi acompanhado pelo professor Ricardo.”
Há de se aplaudir esses dois cidadãos, porque muitos são os que, como eles, protestaram em atos isolados, mas se
fosse possível somá-los talvez ultrapassassem o expressivo contingente paulista,
este que não se resumiu tão-só à Capital, mas foi deveras volumoso em muitas
cidades do Estado de São Paulo, assim como o somatório de todas as cidades
brasileiras deve alcançar muitos milhões de insatisfeitos.
Entretanto, e como esperado, vieram a público dois ministros da
presidenta Dilma, ambos eloquentes e sobremodo afinados com a ideia-força
preestabelecida de que tudo não passou de “manipulação política da oposição”. Insinuaram
em caradura que os manifestantes verdes e amarelos não mais fizeram que imitar
seus “vermelhos”, que dias antes passearam pelo Brasil, claro que gastando
muito recurso operacional saído não se sabe de que manancial financeiro, talvez
dos nossos desavisados bolsos...
Movimentaram-se antes como espécie de ameaça, como tentativa de
inibição que, de algum modo, deve ter funcionado, muita gente guarda medo
desses eufóricos, perigosos e quiçá armados “exércitos” do Lula. Mas não
lograram tanto sucesso. Afinal, o povo veio às ruas em dia de domingo,
diferente dos “trabalhadores”, manipulados pelo PT, que não trabalham a não ser
em mobilizações do gênero e não se nota algum dentre eles (ou elas) passando
necessidade de teto ou terra ou escola.
A verdade é que ninguém trabalha ou estuda, são sanguessugas da nação e
possuem impressionante mobilidade, lembrando táticas da guerrilha urbana.
Porque surgem do nada, de súbito, ocupando locais estratégicos em recado claro de
que poderão “virar a mesa” quando bem o quiserem.
Já os manifestantes de domingo são diferentes dos “vermelhos” porque se
mobilizam pelas redes sociais, não se conhecem, pagam passagem de seus bolsos,
e, na melhor hipótese, não devem favores ao PT, mesmo que haja entre os
manifestantes verdes e amarelos alguns arrependidos de votarem na presidenta
Dilma. São bem-vindos!
Mas na ótica dos porta-vozes presidenciais os milhões de manifestantes são apenas “eleitores
da oposição”, não são eleitores da presidenta, deste modo desmerecendo o
esforço de brasileiros que agora sabem que terão de ser mais assertivos em suas
manifestações, sem, porém, defender “golpes” ou coisas do gênero. Isto é arma
para o inimigo, e basta que entre milhões haja uma ou outra faixa empunhada por
um ou outro radical, para que os eloquentes bradem em rede nacional que a
manifestação teve cunho “antidemocrático", “golpista” e outras abobrinhas
do gênero a desviar o foco e minimizar a profunda indignação que move hoje
milhões de brasileiros que não querem nenhuma ditadura, em especial as do tipo
venezuelano, boliviano, equatoriano, argentino e congêneres, todas prosperando
ao modo gramsciano, algumas já descaradas, tais como a Cuba de Fidel ou a Rússia
de Putim. No fundo, esses eloquentes “vermelhos”
sonham para o Brasil uma “cortina de ferro”.
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