terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Mais baixas no Complexo do Alemão



Esta semana marcou-se por empolgadas declarações do governante eleito prometendo instalar UPPs no interior do RJ. Enfim, tornou-se a UPP uma espécie de panaceia para todos os males, sigla mágica a se superar na razão direta do interesse da grande mídia pelas Olimpíadas. Enquanto isso...
... Enquanto isso, o banditismo homiziado no Complexo do Alemão, de onde jamais saiu, dá novas (ou usadas) mostras de sua superioridade material, ferindo num só dia quatro PMs da UPP de Nova Brasília, uma dentre muitas comunidades daquele complexo favelado que também possuem suas UPPs fragilizadas diante de tantos ataques, ferimentos e mortes.
Por sorte, desta feita ninguém morreu. Mas poderia a PMERJ ter amargado mais uma derrota fragorosa no Complexo do Alemão, tornando aquela espetacular cena de conquista nada mais que piada de mau gosto.

Sim, piada de mau gosto!..

É como soou a referida promessa do governante veiculada esta semana. Porque o expôs como desinformado ou autista. Afinal, o discurso dele colidiu com recentes afirmações do secretário Beltrame no sentido de que o programa de UPPs carece de revisão, para consolidação, antes de se pensar em novas UPPs.

Assim fica difícil saber ao certo que acontecerá com as UPPs: se avançam sem retaguarda garantidora do oxigênio material e humano, ou se estacionam no tempo e no espaço para revisões em vista dos ferimentos e das mortes de PMs por conta de servirem em UPPs, sem essa de que alguns são mortos “fora do serviço” e que isto nada tem a ver com seus locais de trabalho ou com a missão. Isto é despropositado engodo neste andar da carruagem.

Bem, vamos ver como as autoridades se explicarão ante mais esse ataque frontal de bandos fortemente armados em locais “pacificados”. Que os bandidos lá existam, vá! No fim de contas, isto jamais foi negado pelo secretário Beltrame, que aposta no desarmamento dos meliantes, deste modo instituindo um ambiente de aparente paz. Até porque seria demasiadamente infantil alguém afirmar que o tráfico teve algum expressivo prejuízo. Que nada! Não é por aí a avaliação! O tráfico vai de vento em popa e assim permanecerá, pois os longínquos mananciais produtores da matéria-prima estão a pleno vapor no Cone Sul, sendo  certo que viciado não fica sem cafungar e o comércio ilícito das drogas possui mil e uma artimanhas para não cessar.

Esta é a realidade de antes das UPPs e de agora, com a ressalva de que em algumas comunidades os fuzis desapareceram do cenário e as UPPs vão bem, aqui reconheço para não me situar numa posição pessimista em termos gerais. Nem pretendo criticar o programa de UPPs como adversário político ou coisa que o valha. Faço-o como oficial reformado da PMERJ interessado no sucesso da corporação como um todo, o que incluiu a minha torcida para que as UPPs ao fim e ao cabo não parem na “Roda dos Enjeitados”. Prefiro, sim, que elas vinguem como boa ideia. Mas isto depende de muitos investimentos, o que não é tarefa governamental simples, as demandas de outras áreas vitais aí estão a pressionar por mais recursos.

Mas, cá entre nós, não se pode aceitar passivamente o governante sugerir o Sul enquanto o gestor da segurança pública propõe o Norte. Falta a ambos, portanto, afinar o discurso, para que não soem suas falas como quimeras ao vento...

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