Esta semana marcou-se
por empolgadas declarações do governante eleito prometendo instalar UPPs no
interior do RJ. Enfim, tornou-se a UPP uma espécie de panaceia para todos os
males, sigla mágica a se superar na razão direta do interesse da grande mídia pelas
Olimpíadas. Enquanto isso...
... Enquanto isso, o
banditismo homiziado no Complexo do Alemão, de onde jamais saiu, dá novas (ou
usadas) mostras de sua superioridade material, ferindo num só dia quatro PMs da
UPP de Nova Brasília, uma dentre muitas comunidades daquele complexo favelado
que também possuem suas UPPs fragilizadas diante de tantos ataques, ferimentos
e mortes.
Por sorte, desta feita ninguém
morreu. Mas poderia a PMERJ ter amargado mais uma derrota fragorosa no Complexo
do Alemão, tornando aquela espetacular cena de conquista nada mais que piada de
mau gosto.
Sim, piada de mau gosto!..
É como soou a referida promessa
do governante veiculada esta semana. Porque o expôs como desinformado ou
autista. Afinal, o discurso dele colidiu com recentes afirmações do secretário
Beltrame no sentido de que o programa de UPPs carece de revisão, para
consolidação, antes de se pensar em novas UPPs.
Assim fica difícil
saber ao certo que acontecerá com as UPPs: se avançam sem retaguarda
garantidora do oxigênio material e humano, ou se estacionam no tempo e no
espaço para revisões em vista dos ferimentos e das mortes de PMs por conta de
servirem em UPPs, sem essa de que alguns são mortos “fora do serviço” e que
isto nada tem a ver com seus locais de trabalho ou com a missão. Isto é despropositado
engodo neste andar da carruagem.
Bem, vamos ver como as
autoridades se explicarão ante mais esse ataque frontal de bandos fortemente
armados em locais “pacificados”. Que os bandidos lá existam, vá! No fim de
contas, isto jamais foi negado pelo secretário Beltrame, que aposta no
desarmamento dos meliantes, deste modo instituindo um ambiente de aparente paz.
Até porque seria demasiadamente infantil alguém afirmar que o tráfico teve algum
expressivo prejuízo. Que nada! Não é por aí a avaliação! O tráfico vai de vento
em popa e assim permanecerá, pois os longínquos mananciais produtores da
matéria-prima estão a pleno vapor no Cone Sul, sendo certo que viciado não fica sem cafungar e o
comércio ilícito das drogas possui mil e uma artimanhas para não cessar.
Esta é a realidade de
antes das UPPs e de agora, com a ressalva de que em algumas comunidades os
fuzis desapareceram do cenário e as UPPs vão bem, aqui reconheço para não me situar
numa posição pessimista em termos gerais. Nem pretendo criticar o programa de
UPPs como adversário político ou coisa que o valha. Faço-o como oficial
reformado da PMERJ interessado no sucesso da corporação como um todo, o que
incluiu a minha torcida para que as UPPs ao fim e ao cabo não parem na “Roda
dos Enjeitados”. Prefiro, sim, que elas vinguem como boa ideia. Mas isto
depende de muitos investimentos, o que não é tarefa governamental simples, as
demandas de outras áreas vitais aí estão a pressionar por mais recursos.
Mas, cá entre nós, não se
pode aceitar passivamente o governante sugerir o Sul enquanto o gestor da
segurança pública propõe o Norte. Falta a ambos, portanto, afinar o discurso,
para que não soem suas falas como quimeras ao vento...
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