(título de matéria
veiculada pelo Jornal O GLOBO de 25 de agosto de 2013)
No
domingo último a imprensa carioca relembrou a chacina de Vigário
Geral, que completa vinte anos em 31 deste mês corrente. E se por um
lado os mentores e autores das matérias se interessaram pela
primeira vez em retratar apenas parte da realidade obscurecida por muitos
trapaceiros que serviam ao brizolismo, rendendo-se à farsa passada, por outro alguns buscaram
sabê-la de alguma forma, mesmo que superficial, admitindo-a (a farsa) como realidade. Como sou parte do
problema, pois na época, na condição de deputado estadual defensor
intransigente da categoria policial militar, por ser um deles com
muito orgulho, fui a única voz que se insurgiu contra o sistema
brizolista, formado por xerimbabos da PMERJ e da PCERJ,
que, em vez de investigar o bárbaro crime por meio de técnicas
universais indispensáveis, partiu pelo caminho mais fácil: a prisão
disciplinar manu militari de centenas de PMs que
segundo a idiossincrasia deles poderiam ter participado da matança.
Critério simplório, aliás, pois bastou identificar algumas dezenas por fotos da
presença deles o sepultamento de um sargento assassinado por
traficantes de Vigário Geral para concluir que esses PMs eram os matadores. E
como não havia foto de presença ao sepultamento de mais três PMs
assassinados pelos mesmos traficantes, na mesma hora, e em iguais
circunstâncias (estavam os quatro na mesma viatura policial
caracterizada), nestes casos os que compareceram aos sepultamentos não foram incomodados. Sorte deles, azar
dos demais que por razões naturalmente pessoais optaram por
comparecer ao sepultamento do sargento.
Não é
caso de relembrar fatos e nomes, trata-se de assunto notório já
esmiuçado de todos os modos em processos judiciais. A questão que
aqui me interessa é jorrar luz sobre o comportamento dos
profissionais de imprensa que supostamente existem para retratar
verdades e não falsidades, obrigação que se inclui no que eles
mesmos designam como “investigação jornalística” em
contraposição às denúncias fáceis e falsas tão comuns a
profissionais que se reduzem a práticas ideológicas, tornando-as
mais importantes que quaisquer verdades a serem anunciadas em isenção
e ética. Mas não é assim, o comportamento dos jornalistas poderia
ser equiparado ao lugar comum dos diversos profissionais que não
primam pela verdade e pela ética profissional. Vão, em contrário,
pelos escaninhos do menor esforço ou da má-fé, preferem a perfídia
à verdade dos fatos e não têm pejo em danificar reputações,
desde que seus instintos ideológicos sejam atendidos. São, enfim,
cruéis, portanto são marginais posto a desserviço da verdade que
lhes deveria ser o único escopo profissional. Afinal, estão eles
formando opiniões quando transcrevem suas mentiras para leitura
pelas multidões.
Eu
poderia aqui nominar alguns maus profissionais que se resumem ao lodo
e dele jamais sairão devido à cegueira do corpo e da alma. Poderia
ainda sublinhar exemplos de matérias jornalísticas que não visam a
nada além de ideologias fanáticas, burrice ou preguiça. Realmente
identificar alguns desses maus profissionais seria premiá-los. Não
os citar nem comentar sobre suas mentiras para desmascará-los é o
melhor modo de alertar as pessoas para não acreditar em idéias que
lhes são vendidas em bancas de jornais e revistas como verdades, mas
que não passam de inverdades. Minha sugestão, portanto, é a de que
os leitores leiam sempre todas as notícias sobre um mesmo assunto
para concluir pela verdade e não aplaudir mentiras. Claro que esta
sugestão prende-se ao assunto inicialmente focado e que deve ser
observado, se possível, em cotejo com algumas singelas indagações:
a) Se dos acusados pelo bárbaro crime, que completa vinte anos, a
maioria foi inocentada por conclusão do próprio Ministério
Público, quem são os verdadeiros autores e culpados, estes, que
nunca foram investigados, identificados, processados e condenados
pelo que fizeram? b) Se a investigação se resumiu em trapaça, quem
e quantos são os trapaceiros que aprisionaram inocentes em vez de
investigar o crime segundo a técnica e a ciência? Por que os
jornalistas tão interessados em reclamar da impunidade não
investigam jornalisticamente a investigação policial, que não
houve, em vez de papagaiar vinte anos após as mesmas vozes que
trapacearam lá atrás?...
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