quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

REFLEXÃO DE NATAL



A vida é feita de encontros e lembranças cujo ponto de partida é dependente de alguma escolha. Comecemos então com o primeiro encontro: do casal namorado. E o casamento... O segundo momento é o da mãe abraçando o filho recém-nascido. E outros encontros se vão somando aos primeiros no transcorrer da vida: dos parentes, dos amigos, dos amores, dos filhos, dos netos, dos bisnetos... E o círculo aumenta, e o mundo se enriquece de gentes e lembranças, desde a primeira delas, até que seu acúmulo nos ofusca a memória. Mas eis que algumas lembranças aparentemente esquecidas retornam num filme ou numa foto antiga. Sim, numa foto antiga ou num filme caseiro preservados por algum parente ou amigo. E a visão inesperada dos entes queridos nos inunda de emoção. É assim quando deparamos com alguma lembrança fotografada ou filmada. Nela avistamos na tenra infância os amados que se foram ou envelheceram como nós; e percebemos a efemeridade da vida, talvez a pior das lembranças, pois chega o momento da reflexão e nos vemos ante a balança do tempo a nos apontar o dilema inevitável: num prato, os vivos nascendo, e crescendo, e envelhecendo em torno de nós; no outro, a lembrança dos que partiram muitas vezes sem dizer adeus. E ficamos divididos entre a saudade dos ausentes e a alegria de estarmos presentes em meio aos que florescem a nossa volta: filhos, sobrinhos, netos, bisnetos etc. Neste ponto, a emoção nos aperta o coração e nos espeta a alma. Vem-nos a certeza do fim que se encaminha tão rapidamente como as galáxias se expandem em direção ao infinito desconhecido. Começamos a pensar quem ou o que somos neste mundo passageiro. Tentamos a visão otimista e a crença no Bem, mas nos curvamos ante a realidade do Mal que nos assola desde os primórdios dos tempos. Devemos achar o mundo bom sabendo ser ele mau?... É difícil a resposta, porque, por melhor que seja ou tenha sido a nossa vida neste mundo, o final dela será o mesmo dos que se alegraram ou sofreram: o túmulo, para onde foram as gentes queridas que vemos nos filmes e retratos em sépia. E lá também seremos depositados para a vida continuar perseguindo a luz viva das estrelas mortas: prova da eternidade cósmica...

Feliz Natal!

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