sábado, 29 de abril de 2017

RIO VIOLENTO – IMPRENSA DE MÃO ÚNICA?



“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)



MEU COMENTÁRIO



O Jornal EXTRA de hoje, 29 de abril de 2017, bem retrata o abismo entre o sistema PMERJ e a mídia local, que se representa especialmente pelo jornal em sublinha. Nas redes sociais, os companheiros reclamam veementemente da "univocidade" do jornal, embora na sua primeira página haja também referência ao absurdo número de PMs mortos em apenas quatro meses: 60. Ou seja, uma média de 15 PMs mortos por mês, número absurdo, mas que, segundo a ótica dos profissionais de imprensa que geralmente se autointitulam “de esquerda”, nada significa e até lhes provoca certa alegria.

O disparate dos números me faz lembrar a frase que até pouco tempo ocupava o frontispício da Galeria de Heróis do Nono Batalhão, situado em Rocha Miranda, sempre recordista em perdas como em promoção de letalidade entre bandidos, ainda se considerando as vítimas que são surpreendidas por balas perdidas neste fogo cruzado que parece não ter fim. Eis a frase: “ONDE HÁ LUTA HÁ SACRIFÍCIO E A MORTE É COISA FREQUENTE.”
 




Este é o clima organizacional da PMERJ atualmente. Pois quem muito morre muito mata, círculo vicioso que parece também agradar a uma sociedade passiva e conformada, como se esta dura realidade não passasse de ficção ao modo Franz Kafka ou não retratasse o absurdo do “suicídio” denunciado por Albert Camus, ambos assim expostos na telinha da tevê. Pois ao ingressar na PMERJ o jovem cidadão de certo modo está aceitando a ideia do suicídio. No fim de contas, o que o faz aceitar tamanho risco de morte? A vontade de matar, talvez, como muitos jovens soldados norte-americanos admitem em documentários? Aceitar a morte como “coisa frequente” é normal? E se a mídia exaltasse a morte de policiais e ignorasse a morte de civis produzida pelos primeiros (policiais), isto aplacaria os ânimos? Ou apenas estimularia a que os PMs morressem mais e matassem mais?

Ora, já se sabe de antemão que nenhum dos lados desta contenda mudará de posição. A insistência no modelo operacional gerador de vítimas de parte a parte não sugere estar com os dias contados. Sim, a mortandade vai continuar, é espécie de paranoia estatal e social. Claro que tal situação, grave em todos os sentidos, é prato cheio para a mídia sensacionalista, porque é certo que não interessa aos profissionais a harmonia e a paz no ambiente social. Sem caos não há notícia nem alarde. Nem venda maciça de jornais... Portanto, o caos é necessário, de tal modo que a PMERJ insistirá em produzir notícias de “combate”, os leitores dos jornais continuarão a amar o clima de “bang-bang” e os mortos e feridos quedarão em esquecimento imediato, com os jornais de ontem cobrindo o rosto dos cadáveres de hoje.

Nem vou comentar sobre o fracasso das UPPs e a teimosia da corporação em não colocar o assunto sobre a mesa, intramuros, deixando para os acadêmicos e jornalistas a tarefa de concluir antes sobre este inegável insucesso operacional que nesta semana se consolidou a mais e mais com a instalação de uma cabine blindada no Complexo do Alemão. Ah, fico eu aqui imaginando como será se os traficantes tiverem a péssima ideia de incendiar com pneus o entorno da tal “cabine mágica”, tornado-a forno a assar PMs, o que não me parece tarefa difícil. Que os PMs fiquem atentos a isso!...

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