sábado, 11 de março de 2017

RIO EM GUERRA – “TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES”



 “O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

“Na história da sociedade há um ponto de fadiga e enfraquecimento doentios em que ela até toma partido pelo que a prejudica, pelo criminoso, e o faz a sério e honestamente. Castigar! Isto parece-lhe injusto de algum modo, mas o  certo é que a ideia de ‘castigo’ e do ‘dever castigar’ lhe dói, lhe mete medo. ‘Não basta tornar o criminoso inofensivo? Para que castigar ainda? Castigar é horrível!’ Fundado nestas inquirições, a moral de rebanho, a moral do receio vai até as suas últimas consequências.” (Nietzsche, Friedrich – Para Além do Bem e do Mal – Martin Claret – São Paulo/RJ – 2004)

Mortes por intervenção policial no RJ se aproximam de patamar de antes das UPPs

Índice teve aumento de 120% nos últimos quatro anos. Janeiro de 2017 indica continuidade no aumento da violência no estado.


(Foto: Editoria de Arte/ G1)


O número de pessoas que morreram por intervenção policial no Rio se aproxima de forma cada vez mais veloz dos índices da época em que o estado não contava com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que esses números tiveram uma melhora na mesma época em que as UPPs começaram a ser implantadas. 

Na era pré-UPP, o Rio de Janeiro teve 1,3 mil pessoas mortas por policiais em 2007. Em 2008, ano em que a primeira UPP foi inaugurada, no Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, o número caiu para 1.137. A menor marca obtida pelo estado foi em 2013, com 416 mortes. 

Desde então, é possível observar uma ascensão no número de mortes em decorrência de intervenção policial: em 2016, foram 920, ou mais que o dobro de apenas três anos atrás. O número é semelhante ao de 2008, quando a UPP Santa Marta, foi inaugurada, no dia 19 de dezembro. 

Os dados de janeiro de 2017 mostram que continua o aumento de mortes, com 98 pessoas assassinadas por policiais. A última vez em que o mês de janeiro superou esse dado foi em 2008, com 109 mortos. 

O G1 questionou a Secretaria Estadual de Segurança do Rio sobre o aumento no número de mortes, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.

Cerca de 50 mortes por mês

Um levantamento realizado pelo G1, também com base em estatísticas do Instituto de Segurança Pública, mostrou que de janeiro de 2010 a agosto de 2016 houve 3.985 autos de resistência - antigo nome de registro da morte em decorrência de intervenção policial - no estado, o que dá uma média de 50 pessoas mortas por mês.
No dia 17 de outubro de 2016, quando tomou posse, o secretário de Segurança Roberto Sá afirmou que um dos objetivos de sua gestão seria a redução da letalidade policial. Na semana seguinte, o comandante-geral da Polícia Militar, Wolney Ferreira Dias, declarou que a corporação trabalhará para diminuir mortes de policiais e de civis.
"Estamos fazendo um estudo para diminuir a vitimização de policiais, como a de civis. Vamos ter o apoio da DH Divisão de Homicídios. O policial militar não pode morrer", disse ele. Ao ser perguntado sobre o aumento de mortes também de civis, Wolney respondeu: "Temos que ter em mente que quem enfrenta a polícia corre o risco de morrer".


MEU COMENTÁRIO

"Temos que ter em mente que quem enfrenta a polícia corre o risco de morrer". (Cel PM Cmt Geral Wolney Ferreira Dias)

Impressionante como os articulistas do Jornal O GLOBO (G1) confundem a mente coletiva quando se trata de noticiar ações policiais. Do modo como o fazem, ignoram o reverso da medalha. Seria mais ou menos dizer que a polícia do RJ sai matando indiscriminadamente pessoas inocentes. Fingem assim que o lado oposto: facínoras armados com fuzis assassinando quase que um policial por dia. Sim, essa mídia complacente, ou medrosa, insidiosamente desfocada da realidade, parece atender a algum propósito maior. Talvez seja o de desmerecer a instituição policial militar (principalmente) como forma de demonstrar ao respeitável público que durante o regime militar ela não o aplaudiu, mas o combateu tenazmente. Tentam assim mudar a imagem (nódoa) do passado, desmerecendo o quanto pode as instituições fardadas, no caso a PMERJ. Mas o mesmo ocorre em todo o Brasil e em instituições jornalísticas semelhantes (rádio, tevê, jornais, revistas, redes sociais etc.), não como regra, mas quase... 

Tal compostura, facciosa em todos os sentidos, acarreta graves prejuízos ao desempenho do policial, já que eles se sentem constrangidos ao serem rotulados com a pecha de “assassinos”, como, ao final, e nem tão singelamente, sugere o articulista: “Os dados de janeiro de 2017 mostram que continua o aumento de mortes, com 98 pessoas assassinadas por policiais.” Tal frase de efeito difere das anteriores: na própria matéria lemos que houve “pessoas mortas por intervenção policial” ou “pessoas mortas por policiais”. E, como não há espaço para explicar o detalhe, prevalece o geral, que, por sinal, e também nem tão singelamente, não aponta quantos policiais foram, aí sim, assassinados por bandidos.

Pena que esses articulistas, que provavelmente assim escrevem “mediante ordem superior”, não atentem para o grave prejuízo que produz no espírito coletivo de policiais militares que geralmente matam em legítima defesa de si e/ou de terceiros, ou morrem antes numa relação direta de causa e efeito (dentro e fora do serviço). Claro que há, de um lado, aquele que optou, como cidadão ordeiro, por vestir a farda para defender a sociedade até com o risco da própria vida, o que não significa que aceite “morrer se preciso for, matar nunca”, lembrando aqui o Marechal Rondon em suas andanças em territórios indígenas tupiniquins. Pois aqui no RJ a PM não cuida de índios armados com arcos e flechas, mas de facínoras perigosos, formados em bandos e armados com fuzis de última geração, tornando-se corriqueiras as imagens desses meliantes assaltando no asfalto com os mesmos fuzis que utilizam para ferir e matar policiais sistematicamente. 

Há um cenário de confronto bélico no RJ, porém ignorado por um governo nacional ilegítimo e interessado no caos, ao que parece. Ficam essas altas autoridades políticas como expectadores de aquário, vendo peixes em autofagia por falta de alimento. Um absurdo! Mas agem em acordo com a “mídia amiga” que os poupa em troca de muitos milhões ou bilhões em publicidade e outros tantos em “esquecimento” de suas dívidas tributárias, dentre outras conversações que acontecem na obscuridade para cegar uma opinião pública tendente a ser autista por vício de cachimbo. Quem paga mais caro por isso é o povo, já sofrido, que hoje é assaltado nas esquinas, dentro de lojas e bares, ou morrem de caminho ao trabalho ou ao colégio. Morrem os inocentes, morrem os PMs, e ficam na alça de mira do silogismo erístico desta mídia que a atua a serviço do mal em detrimento do bem.

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