quinta-feira, 20 de outubro de 2016

VIOLÊNCIA URBANA NO RIO DURANTE AS OLIMPÍADAS - ROUBOS AUMENTARAM


“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)



28 ago 2016 - Jornal Extra - Rafael Soares rafael.soares@extra.inf.br
Roubos aumentaram até em áreas de competição olímpica
Nem a presença das Forças Armadas conteve a explosão de assaltos em bairros da orla
Nem a orla do Rio e os bairros que abrigaram arenas olímpicas ficaram imunes à explosão de roubos no Rio durante os Jogos. Um levantamento feito pelo EXTRA, com base em dados da Polícia Civil, revela que todas as áreas da cidade que sediaram competições olímpicas registraram mais assaltos na Olimpíada, de 5 a 21 de agosto, do que no mesmo período do ano passado. Já em bairros turísticos como Copacabana e Ipanema — que foram patrulhados pelas Forças Armadas —, ocorrências de roubos a pedestres dobraram. 

  
As delegacias responsáveis pelas áreas do Parque Olímpico, do Maracanã, do Sambódromo, da Lagoa Rodrigo de Freitas, da arena de vôlei de Copacabana e do Complexo de Deodoro registraram 195 roubos nos Jogos. No mesmo período do ano passado, foram 140 assaltos. Todas as instalações foram patrulhadas pela Força Nacional. Já seus entornos receberam reforço da PM ou das Forças Armadas.
A presença de militares na Zona Sul não inibiu a ação de bandidos. Todos os bairros da orla da região apresentaram aumento no índice de assaltos. Copacabana e Ipanema, onde o crime cresceu, respectivamente, 141% e 100%, entraram na lista dos dez bairros da cidade que registraram maiores aumentos do crime.
Entretanto, quem mais sofreu com o aumento da violência foi a população que vive distante das arenas olímpicas. Guaratiba, na Zona Oeste, onde os casos triplicaram, apresentou a maior variação no período. Já Bangu, na mesma região, foi o bairro recordista de casos durante os Jogos: 125. 


COMENTÁRIO

A cada passo investigativo do Jornal EXTRA sobre as ocorrências policiais havidas durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro, mais se constata que de nada adiantou o espantoso aparato militar e policial colocado nos ambientes olímpicos. Nem falar sobre o que houve fora do perímetro das arenas olímpicas, pois a incidência de crimes aumentou espantosamente em tudo que é canto da cidade. E a difusão desses dados, só agora, mais perece ruptura de uma represa a jorrar suas águas em descontrole. E se indaga: “Por que será que tanta concentração de policiamento não funcionou para inibir os delinquentes?”

Lembra-me aqui a frase do Marquês de Maricá: “A ordem pública periga onde não se castiga.” Significa dizer que o aparato policial e militar não utilizou nenhuma ação prática no sentido de inibir efetivamente os criminosos. Sentindo-se impunes, eles agiram livremente em meio aos despreparados militares que faziam volume de jogo tal como uma árvore é capaz de ocultar uma floresta, como insinua o provérbio alemão (“A árvore oculta a floresta”). Nem quero lembrar sobre os fatos criminosos não relatados, que sempre são muitos e não vão às estatísticas (“cifra negra”). Mesmo assim (curioso...), a sensação que a Grande Mídia passou no período foi a de que a segurança era quase que absoluta, na contramão da realidade. Aliás, quando se trata de prevenção e de repressão a crimes no Brasil dos dogmas e das ideologias a realidade não pode ser alcançada. É, sim, proibida, pois, se alcançada, o sistema estatal será obrigado a admitir sua falência ante a expansão do crime e sua sofisticação além da tecnologia policial, tudo a caracterizar inegável inferioridade de forças do Estado ante o Poder Marginal. É o que basta! O resto fica por conta dos leitores...

Nenhum comentário: