quinta-feira, 1 de outubro de 2015

RIO EM GUERRA – A “BANDA PODRE” DA PMERJ





“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

"1 out 2015 - O Globo
Banda podre compromete UPPs e a polícia em geral 

É preciso consolidar a pacificação e rever a política de pessoal da corporação, com novos critérios de arregimentação, formação e fiscalização dos agentes.

A gravidade do episódio em que PMs foram filmados alterando a cena de um crime, para atribuir a uma inexistente troca de tiros a morte de um jovem, vai além da particularidade de que eles procuravam encobrir provas de que a vítima fora, na verdade, executada. Por si, o ato de policiais forjar um auto de resistência (instrumento jurídico, previsto no Código de Processo Civil, que avaliza a ação de legítima defesa de um representante do Estado) já seria objeto de preocupação. Banalizado pelas polícias do Rio, esse tipo de registro tornou- se tenebroso eufemismo para dar anteparo legal a agentes públicos envolvidos em casos de execução sumária. Não por acaso, a polícia fluminense é tida como uma das que mais matam no mundo.

O que aconteceu no Morro da Providência extrapola todas essas circunstâncias porque a abjeta encenação de policiais da UPP local confirma, com a clareza de uma tomografia, que uma metástase da banda podre da polícia ameaça pôr em risco a credibilidade do programa de pacificação no estado. Tinham- se essas unidades como um corpo vacinado contra a degeneração moral de agentes públicos que, convivendo em promiscuidade com o banditismo, são responsáveis por comprometer o lado sadio da corporação.

No entanto, de algum tempo para cá acumulam-se inquietantes sinais de alerta para as autoridades. Caso, por exemplo, do episódio da morte de Amarildo, na Rocinha, e outras ocorrências desabonadoras envolvendo policiais que servem em favelas com unidades de pacificação. Desta vez, não se pode conceder à PM o benefício da dúvida, a presunção da inocência: ainda que se desconsidere o relato de testemunhas assegurando que o adolescente foi morto com tiros à queima-roupa, depois de se render, e que seja real a versão de que ele estava envolvido com o tráfico, é irrespondível a prova de que os cinco agentes forjaram a cena do crime. Pela primeira vez, filmaram-se com didática exatidão todos os passos da encenação de um “auto de resistência”.

Por todos esses aspectos, as autoridades fluminenses estão diante de um ponto-chave para o futuro da segurança no Rio. As UPPs são, por evidências estatísticas, um eficiente instrumento de combate à criminalidade e de resgate da cidadania de moradores de áreas conflagradas. Apesar de episódios recentes que têm colocado à prova sua blindagem contra a corrupção policial, e em que pese não ter executado por inteiro sua missão social, o programa não pode ser descontinuado, por óbvio.

Isso implica não só consolidar a proposta de pacificação, mas, em sentido mais amplo, rever toda a política de pessoal da PM fluminense. Ou seja, ter novos critérios de arregimentação, incrementar a formação e alijar o corporativismo dos mecanismos de fiscalização dos policiais. O Executivo precisará do apoio do Judiciário e do Legislativo nesta essencial empreitada. São cuidados cruciais para evitar que crimes como o da Providência se tornem um padrão, um caminho sem volta."

MEU COMENTÁRIO

A matéria me inspira a lembrança de uma sociedade como um imenso cesto de maçãs, onde, em meio a elas, algumas já apodreceram e contaminam as demais, não se sabendo em que proporção. O grande cesto é a sociedade, não sendo demais afirmar que as maçãs podres estão espalhadas pelo cesto de tal modo que se alguém as recolher decerto trará entre as maçãs sadias umas tantas apodrecidas em graus diversos, porém todas em condições de contaminar as maçãs sadias.

Por experiência de vida e de profissão, arrisco-me a dizer que há também entre os profissionais da mídia muitas maçãs podres, assim como em quaisquer segmentos que sejam extraídos daquele grande cesto, sem exceção. O que diferencia as maçãs em qualidade é a capacidade de alguns segmentos de se ocultarem nas fortes trincheiras do poder que exercem. Sim, o poder é capaz de manter muitas maçãs podres como se fossem boas, assim como é competente para pôr como visível o lado saudável das maçãs, de modo que seu lado podre jamais seja visto. E quando algumas maçãs apodrecem totalmente, elas vão para o fundo do cesto menor (segmentos sociais) e se tornam invisíveis.

Sim, do grande cesto saem os seus filhotes, cestos menores, mas todos com a tendência de mostrar suas maçãs sadias ocultando as podres. Enfim, a tal “banda podre” existe também, e bastante, em meio aos que acusam a briosa sublinhando sua “banda podre”, clichê antigo e indigesto, mas que os xerimbabos fardados engolem para garantir um pedaço da maçã, sem se importarem se sadio ou podre. Querem mesmo é carregar o cesto como um bastão na corrida de revezamento em que todos são vinculados umbilicalmente em torno do poder interno. Lá fora, que se danem os acusados de se integrarem à “banda podre”, isto serve de repasto aos abutres de sempre instalados na política e na mídia!... Todos, porém, com suas algibeiras recheadas.. Afinal, nesta sociedade apodrecida ninguém é santo, apenas aparenta ser!...

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