quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DIREITO DE DEFESA I



Este é o primeiro de uma série de artigos que postarei para devolver com palavras muitos atos injustos insidiosamente perpetrados contra mim por um sistema situacional viciado em inverdades e urdiduras sórdidas. A partir do segundo texto explanarei minuciosamente o tema, para que todos os leitores, em especial os amantes das Ciências Sociais e da verdadeira Justiça, e mais especificamente estudantes de direito e advogados formados, além de policiais e assemelhados, possam perceber como funcionam no RJ os bastidores de organismos públicos que deveriam existir para promover justiça com zelo e sanidade, mas não o fazem. Pelo contrário, usam o poder como arma para retaliar os que lhes são indigestos por alguma razão pessoal ou ideológica. Dito, vamos então ao primeiro texto de muitos que virão na sequência deste.

SOBRE A INJUSTIÇA DOS HOMENS

Não de agora, recebo muitos recados dando-me conta de que tudo que escrevo é censurado por alguns órgãos mui interessados em mim. Há até quem diga que sou invariavelmente anotado em alguns escaninhos como “perigoso”, “subversivo” e outras qualificações do gênero que tanto conhecemos e que se resumem ao famigerado “consta que”. Agradeço! Já quase no final da estrada da vida, faz-me sentir que existo. Sim, lembra-me que combati ferrenhamente o narcotráfico e obtive sucesso! Lembra-me que causei muitos estragos às trincheiras do Mal...

E mais afirmo: esta cultura do patrulhamento contra mim não é nova, vem de anos e não pertence a ideologias específicas. Resume-se a alguns insanos personagens que eventualmente ocuparam o poder e não quiseram largar o osso. Para tanto, ajustavam-se em subserviência de baixo para cima e na implantação do terror de cima para baixo. Esse terror, que ainda subjaz em muitos corredores obscuros do sistema situacional, manifesta-se de diversas formas, mas sempre com o objetivo de calar vozes contrárias.

É um terror sub-reptício, velado, furtivo, porém ameaçador, tal como cobra venenosa prestes a abocanhar a presa, não sem antes atacá-la de surpresa e envenená-la para que, morta, ela não reaja. E aqui ponho as indagações: “Como conter a ira dos que não admitem críticas e delas não sabem tirar proveito? Como aplacar a ira dos que se sentem semideuses e agem como se efetivamente fossem? Como vencer o Mal que eles protagonizam em nome do Bem?”

É difícil a resposta, pois esses maliciosos têm a mente obliterada e não se preocupam além das algibeiras que pretendem encher enquanto cuidam de destruir o que há de bom em torno deles. Porque são adeptos do Mal! Coleiam nas sombras do poder; não respeitam a Carta Magna e as Leis; ignoram os reais valores cultuados por aqueles aos quais deveriam servir e menoscabam anseios e frustrações dos que consideram seres inferiores (subordinados), até que o poder lhes fuja das mãos. Enquanto isso, os subordinados, revoltados, passam a igualar em círculo vicioso todos os superiores, vendo-os como emblemas permanentes dos males que lhes são dirigidos por pessoas com cara e nome, mas que desaparecem como cobras entre tábuas velhas e empilhadas.

Sim, eles vão à caverna e se protegem no escuro. São, porém, representados, – como objetos de indistinto desprezo, – por pessoas diferentes e justas, mas que, desgraçadamente, são confundidas com os injustos por carregarem os mesmos símbolos de um falso poder tão efêmero como a vida. Sim, sim, os injustos deste modo agem porque sabem que os emblemas da injustiça não resistirão ao tempo e se perderão na deslembrança. Sabem que seus nomes e caras não serão eternamente lembrados, como, por exemplo, é rememorado em admiração o mestre Machado de Assis, que num conto (O Espelho) resumiu esta sensação de poder a que me refiro como jamais outro escritor o conseguiria.

Assisto a tudo isso num misto de indignação e tristeza. E fico a lamentar o fato de a subserviência predominar em detrimento do respeito aos mais velhos, como nos ensinou Platão (“As pessoas idosas são como viajantes que percorreram um longo caminho, o qual talvez tenhamos que percorrer também; por isso devemos informar-nos se a estrada é lisa ou áspera e cheia de dificuldades.”). Qual!... Que nada!... Pois os mais novos, eventualmente içados ao poder, – mais por sorte que mérito, – situam-se acima de quaisquer avaliações. E em vez de pelo menos respeitarem os mais velhos, por questão de justiça, ignoram-nos, e até os execram. E não admitem reações. Sentem-se oniscientes, onipresentes e onipotentes, tais como os deuses do Olimpo

Será que são deuses, mesmo?..

Bem, até poderiam ser figuradamente considerados, se fossem justos e honestos. Mas geralmente não são nem uma coisa nem outra. São, sim, pobres-diabos a quem a rígida hierarquia social permite o alcance de um falso poder, distante do real, este que não lhes pertence. Porque o real poder, – do topo da pirâmide, – destina-se a outras pessoas por direito de bolso ou de casta. E essas privilegiadas pessoas apenas fingem abrir mão do poder ao rubricar delegações, isto porque, quando o fazem, exigem a contrapartida da subserviência, esta que, infelizmente, dá lucro enquanto perdura. E quanto maior a circunflexão moral, mais tempo para o desfrute material do poder e de suas vantagens, mantendo-se tudo desvantajoso para a maioria situada na base da pirâmide.

Sim, essas pessoas não se preocupam com o desprezo futuro; não ligam para o andar de baixo; somem de suas vistas; não são alcançadas pela indignação daqueles que prejudicaram ou ignoraram. Porque, de algibeiras lotadas, vão para longe dos olhos dos que oprimiram em troca de benesses, e não mais se mostram no ambiente em que exercitaram suas injustiças. Com efeito, ocultam-se nas trevas; buscam outros sóis para desfrutarem seus ganhos ilícitos e ilegais que passaram ao largo das leis e da justiça. Isto porque acreditaram e ainda acreditam piamente na hipótese de que o poder costuma punir os justos e acariciar os injustos (“Sempre que uma pessoa julga poder cometer impunemente uma injustiça, comete-a.” – Platão). Isto nos leva a outra reflexão platônica: “A vida do injusto é melhor que a do justo.”

Sim, a vida do injusto é melhor que a do justo. No fim de contas, o injusto não se assume nem expõe publicamente sua pérfida condição (“O injusto, para ser grande em seu mister, deve ser hábil em suas más ações e não ser percebido em sua prática” – Platão). Eis o que vemos no mundo desde seus primórdios. Portanto, não avalio pessoas e o poder de hoje, avalio a cultura forjada ao longo de anos. Como no dito popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.” Mas há os que se insubordinam e morrem defendendo suas posições contra os injustos, mesmo cientes de que nunca vencerão as injustiças.

Ainda bem que há no mundo esses teimosos, dentre os quais me incluo, porém sem a pretensão de ser dono de nenhuma verdade nem melhor que nenhuma pessoa, simples ou poderosa. No fim de contas, não tenho nenhum poder além do exercício da palavra e da possibilidade de sonhar com um mundo melhor, este, que se encontra na ilusão e não na realidade. Por isso invento mundos ilusórios, – assim como critico o mundo que entendo ser real e injusto, – para que o futuro seja melhor que o presente, já que não cuido do passado, é perda de tempo, não se desespatifa o ovo espatifado, não se desderrama o leite derramado, eis como deixo meu modesto recado aos anotadores de plantão, que, por óbvio, existem, embora muitos deles nem entendam meus recados, são idiotas.

Nada disso, porém, é fruto do acaso. Essa corja de malfeitores, liderada por ex-chefetes da intelligentia estadual fardada, mesmo já há anos fora de lá mantém ainda bons contatos com parte da imprensa viciada em sensacionalismo e com outra poderosa parte viciada em vedetismo. São todos amigos de longas datas, trocam figurinhas entre si e têm algo em comum: detestam-me por terem fracassado em tudo que fizeram até hoje contra mim, claro que sempre na calada da noite e na sombra da impunidade, como as serpentes já referidas. E não vem de pouco tempo esta sórdida manobra destinada tão-só a abalar a mais e mais a minha reputação em desrespeito à Carta Magna. Contudo, até hoje esses sórdidos personagens não lograram êxito, as mentiras por eles (e elas) elaboradas e repassadas para precipitadas publicações jornalísticas e para alimentar denúncias absurdas não conseguem prosperar: esbarram, ao fim e ao cabo, na verdade substancial que costuma nortear as justas e verdadeiras decisões judiciais, mesmo que demorem. Mas, enquanto isso, perturbam a minha tranquilidade jurídica...

Rogo a esses injustos que me deixem em paz! Se não, então que permaneçam na sombra de seus fracassos e engulam suas iras como se fossem dejetos! Porque eu continuarei seguindo a luz do meu sucesso pessoal e profissional, em especial na literatura que modestamente pratico, mas que ficará no mundo e na lembrança dos bons. Porque o fim de todos é a morte física, queiram ou não esses pérfidos que vivem ocultos nas sombras e no máximo conseguem enxergar e serem enxergados à meia-luz, como os “zumbis”. Porque não são seres humanos! São nada mais que coisas mortas...

3 comentários:

Anônimo disse...

Fortes palavras. Aguardo o direito de defesa 2. Mas não liga para eles não. Todo império ou potência um dia desmorona.

Anônimo disse...

esplêndido texto ! Seu trabalho e sobretudo seu caráter me inspiram em como transitar num ninho de víboras nomeada Estado.

Paulo Xavier Ex-PM disse...

Excelente! Esse texto me remete a um passado onde a ausência do direito de defesa era o prato preferido dos déspotas que detinham o poder. Não há necessidade de me alongar na narrativa porque está tudo muito bem textualizado.
-Mas quem são essas víboras? -Deixa pra lá, é melhor não cutucá-las; elas devem guardar ainda algum veneno.