segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Oportuno alerta aos desavisados jovens de hoje!

Autor: RODRIGO CONSTANTINO

 
"O GLOBO reconheceu hoje que seu editorial de 1964, apoiando o golpe (ou contragolpe, dependendo do ponto de vista), foi um equívoco histórico.  O jornal reconhece que o contexto era diferente, que à época essa pareceu a coisa certa a fazer para a equipe, mas que, com o benefício do retrospecto, mostrou-se um erro ter apoiado os Militares.  Há controvérsias.

 
Diz o jornal hoje:

 
Os homens e as instituições que viveram 1964 são, há muito, História, e devem ser entendidos nessa perspectiva.  O GLOBO não tem dúvidas de que o apoio a 1964 pareceu aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento a atitude certa, visando ao bem do país.

 
À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original.  A democracia é um valor absoluto.  E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.

 
Será que não há mesmo como reconhecer, hoje, que o apoio foi um erro?  A democracia é um valor quase absoluto, muito valioso, mas ela é um meio acima de tudo, um instrumento para a liberdade em sociedade.  Não diria que é um fim em si mesma.  Regimes com cores democráticas podem levar a tiranias.  O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, que levou Hitler ao poder, foi eleito, assim como Chávez na Venezuela.

 
A democracia é desejável, como sabiam Popper, Mises e Churchill, pois é o pior modelo, exceto todos os outros;  é um meio pacífico de eliminar erros, sem derramamento de sangue revolucionário.  Mas e quando a própria democracia coloca no poder grupos que desejam destruí-la de dentro?  Salvador Allende fez isso, assim como Chávez e Kirchner.  Era o caso de Jango?  É o caso do PT hoje?

 
Não são respostas fáceis.  O que não podemos fazer, por pressão das minorias organizadas, é reescrever a história e pintar aqueles guerrilheiros comunistas como defensores da democracia.  Não eram !  Quando o ministro do STF elogia a trajetória de José Genoino, de sua luta pela democracia, isso é uma afronta aos fatos !  Essa turma queria implantar no país uma ditadura nos moldes cubanos.  O GLOBO pode até se sentir acuado com tanta pressão ideológica, mas não podemos ignorar a verdade.

 
Segue, portanto, um artigo meu que tenta resgatar um pouco alguns acontecimentos importantes da época.  Claro que o leitor pode continuar condenando os militares e o editorial do GLOBO da época, mas sem dúvida não é um ponto pacífico, uma conclusão trivial e óbvia.  Vejam:

 
O contexto de 1964

 
É sumamente melancólico   porém não irrealista —  admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções :  ‘anos de chumbo’ ou ‘rios de sangue’…  (Roberto Campos)

 
Muitos brasileiros pensam que os membros do PT e da esquerda radical sempre participaram de uma luta pela democracia no Brasil.  Na verdade, eles queriam uma democracia popular, eufemismo para ditadura da nomenklatura, como foi o caso de todos os países onde os comunistas tiveram sucesso.

 
Eles lutavam pelo modelo existente até hoje em Cuba, que de democrático não tem absolutamente nada.  Vale a pena voltar um pouco no tempo, para resgatar os fatos deturpados por esses que posam atualmente de defensores da democracia e recebem milhões de anistia do governo.

 
A chamada crise da legalidade foi deflagrada com a renúncia de Jânio Quadros, quando os ministros da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica não aceitaram a posse do vice-presidente João Goulart, herdeiro político do ditador populista Getúlio Vargas e acusado de ligações com os comunistas.  O país estava em sério risco de viver uma guerra civil.

 
Diante da estação da Central do Brasil, mais de cem mil manifestantes gritavam por mudanças, com faixas como Reconhecimento da China PopularPCB – Teus Direitos São Sagrados,Abaixo com as Companhias EstrangeirasTrabalhadores Querem Armas para Defender o Seu Governo e Jango – Defenderemos as Reformas a Bala.  A classe média teve uma reação em cadeia contra essa radicalização estimulada pelo próprio governo.

 
Leonel Brizola, cunhado de Jango, defendeu a substituição do Congresso por uma Constituinte repleta de trabalhadores camponeses, sargentos e oficiais nacionalistas.  Goulart assinou um decreto, em 1964, desapropriando todas as terras num raio de dez quilômetros dos eixos das rodovias e ferrovias federais para sua reforma agrária, assim como encampou as refinarias de petróleo privadas, em outro decreto.

 
Foi anunciado o tabelamento dos aluguéis.  O governo estava em crise, apelando para a intimidação, enquanto a economia afundava.  A inflação fora de 50% em 1962 para 75% no ano seguinte.  Os primeiros meses de 1964 projetavam uma taxa anual de 140%a maior do século.  A economia registrava uma contração na renda per capita pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.  As greves duplicaram entre 1962 e 1963.  O governo irresponsável acumulara um déficit equivalente a mais de um terço do total das despesas.  Jango nomeou o almirante Paulo Mário da Cunha Rodrigues, próximo ao Partido Comunista.

 
O Congresso mostrava-se disposto a bloquear os projetos de reforma.  Luiz Carlos Prestes, ligado ao Partido Comunista, chegou a defender a dissolução do Congresso.  Um golpede um dos ladosparecia iminente e inevitável.  Tancredo chegou a prever que os passos de Jango levariam a uma luta armada.  O governador pernambucano esquerdista, Miguel Arraes, declarou estar certo de um golpe, de lá ou de cá.  Brizola repetia que se não dermos o golpe, eles o darão contra nós.

 
Jango, na China, discursava sobre o socialismo no Brasil.  A famosa Revolta dos Marinheiros foi como uma gota no copo d’água lotado.  Ocorreu uma quebra de hierarquia militar.  O cabo Anselmo liderou a revolta, que resultou na demissão do ministro da Marinha, almirante Sílvio Mota, por tentar reprimi-lo.

 
O contexto internacional da década de 60 era marcado pela Guerra Fria, e Cuba, no continente americano, tinha sido o primeiro caso de sucesso dos comunistas.  O eixo da luta entre capitalistas e comunistas tinha se deslocado para a América Central, e os ditadores da União Soviética estavam investindo pesado no continente, enviando bilhões de dólares e agentes da KGB para diversos países.  Em 1962 ocorreu a crise dos mísseis nuclearesque os russos instalaram clandestinamente no território cubano.  Quase foi deflagrada uma guerra nuclear pela tentativa de avanço imperialista dos soviéticos comunistas.

 
O perigo do comunismo era real para todos os países, incluindo o Brasil.  Diversas nações caíram nas garras comunistas nesse período, entrando em ditaduras duradouras e caóticas,enquanto outras acabaram partindo para uma ditadura de direitatentando travar os avanços comunistas.  E era esse regime, responsável pela morte de cerca de cem milhões de pessoas no mundo todo, que as vítimas da ditadura queriam implantar no Brasil à força.  Grandes defensores da democracia !

 
Eis o contexto do golpe de 1964 pelos Militares, que, na verdade, foi mais um contragolpe.  O general Humberto de Alencar Castello Branco era chefe do Estado-Maior do Exército, e fora um respeitado chefe da seção de operações da Força Expedicionária Brasileira.  Assumiu o comando da nação, fazendo um governo decente.  Preparou as bases que permitiram omilagre econômico posterior.  Não vem ao caso analisar os anos da ditadura em si, que foram péssimos para o país, com a exceção desses primeiros comandados por Castello Branco,que pretendia inclusive anunciar eleições democráticas rapidamente.

 
A ditadura acabou sendo um exemplo do positivismo de Comte, com bastante interferência do Estado.  Geisel, não por acaso o ditador mais admirado pela esquerda, criou dezenas de estatais.  A ditadura não teve nada de liberal em economia, e a colocam à direita no espectro político apenas por ter combatido a esquerda radical dos comunistas.  Mas nenhuma similaridade pode ser encontrada entre os Militares e uma Margareth Thatcherpor exemploque representa a direita e que possibilitou enormes avanços para a Inglaterraque estava caminhando rapidamente rumo ao fracasso com medidas socialistas.

 
Como o próprio Roberto Campos reconheceu, o erro dos militares foi não terem feito a abertura econômica antes da política;  o erro dos civis foidepois da abertura políticapraticarem uma fechadura econômica.  O Brasil simplesmente não experimentou as graças do liberalismo.

 
Após a reação dos Militares, com forte apoio popular na época, que culminou no golpe de 64, os comunistas intensificaram alguns ataques.  Como os primeiros anos não foram nalinha dura, os radicais de esquerda perpetraram ações que incluíram assassinatos e seqüestros, como o do embaixador americano, o que acabou provocando o agravamento brutal da repressão, que chegou a partir do Ato Institucional nº 5.

 
Antes da assinatura do AI-5, já estavam no currículo desses terroristas o assassinato de pessoas como o Major do Exército da então Alemanha Ocidental, Edward Von Westernhagen, no primeiro dia de julho de 1968, e do Capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em São Paulo, no dia 12 de outubro de 1968.

 
Um dos grupos que defendia essa guinada violenta era o Agrupamento Revolucionário de São Paulo, inspirada em Carlos Marighela, que havia redigido o Manual do Guerrilheiro Urbano.  Em 21 de junho de 1968na chamada Sexta-feira Sangrentaocorreu um confronto ininterrupto que resultaria em centenas de feridos23 pessoas baleadas e quatro mortosincluindo um Soldado da PM atingido por um tijolo.

 
Tentaram arrombar também as portas da agência do Citibank, símbolo do imperialismo ianque, e jogaram vários coquetéis Molotov na sede do jornal O Estado de São Paulo.  O AI-5 foi assinado apenas em 13 de dezembro de 1968, como resposta aos crimes bárbaros cometidos pelos comunistas.  O povo inocente pagou o preço.

 
Não obstante esse contexto envolvendo os acontecimentos da década de 1960, a esquerda que lutava pelo modelo comunista ainda tenta monopolizar a moralse colocando como vítima indefesa de autoritários opressores.  Qualquer ditadura merece ser criticada.  Mas criticar nossa ditadura não é o mesmo que inocentar os comunistas, que brigavam por outra ditadura muito pior.

 
Roberto Campos concluiu:  Comparados ao carniceiro profissional do Caribeos militares brasileiros parecem escoteiros destreinados apartando um conflito de subúrbio…  O mais revoltante mesmo, é ver esses defensores de Fidel Castro condenando a nossa ditadura e ganhando rios de dinheiro, extraídos na marra do povo, somente por terem sofrido num combate onde representavam o pior lado do ponto de vista moral: o lado comunista.
 
Meu comentário:

Vivenciei aos 18 anos (nasci em 1946) o conturbado momento pátrio narrado pelo economista e escritor Rodrigo Constantino, respeitável cronista por sua impressionante lucidez e por sua habilidade em lidar com o vernáculo. O seu texto consegue a proeza de resumir o que deveria preencher um compêndio de muitas páginas. E emerge num cruciante momento de incerteza do jovem que vai às ruas se manifestar sem perceber que o faz movido por manipulações midiáticas inconfessas.
Em Niterói, terra em que eu morava com mãe viúva e quatro irmãos, pude ver como se comportavam, por exemplo, os operários navais, cuja sede do sindicato distava não mais que 500 metros do colégio em que eu estudava, no Largo do Barradas. Lembro-me bem de ver esses operários se gabando nas ruas do seu poder e da emissora de rádio que havia no sindicato, presente da Rússia. Ouvi muitas vezes, envergonhado, operários navais, alguns semianalfabetos, jactando-se de ganharem muito mais que médicos, numa arrogância difícil de retratar aqui, com todo respeito pela importante categoria que hoje labuta em benefício do progresso do país. Mas não posso deixar de comentar sobre o que vi em espanto e muito medo. Pois o discurso deles, em uníssono, era o da destruição do capitalismo por meio do "paredón" para quem se intrometesse no avanço dos seus passos rumo à implantação do comunismo ao modo chinês, cubano e russo no meu torrão natal.
Vejo hoje, já avelhantado, o mesmo panorama situacional. Vejo a sociedade de quatro para verdadeiros terroristas hoje afagados como "heróis da democracia", quando, na verdade, agiram com armas e truculência visando ao contrário. Queriam aqui o comunismo. Não lograram êxito e hoje insistem na mesma ideologia, só que com métodos diferentes, até que num determinado momento, terão de tomar posição, mas assim o farão com o povo já circunflexo, eis que iludido por comportamentos como este, da Infolglobo, que se poderia resumir numa só palavra: COVARDIA!
 
 
 

2 comentários:

Anônimo disse...

O Cel PM Renato Hottz disse:

Primeiro, minhas desculpas por ser um péssimo navegante pelos mares do facebook. Li o seu comentário a respeito da postura de um juiz, e a impessoalidade é proposital, concordando com tudo e tentando acrescentar algumas considerações que me parecem pertinentes. Existe no TJ uma coordenadoria militar, e a letra minúscula tb é proposital, aparentemente integradas por PPMM, encarregada de prestar segurança a TODOS os Magistrados, creio eu, esse senhor inclusive. Por que não se manifestaram? Será que perderam a "pele" ou o dever de se indignar?
Um outro aspecto diz respeito á representatividade desejada pelo artista, quando quer demonstrar a violência praticada contra as minorias periféricas e, diga-se de passagem, não tão minoria assim, fazendo emergir a violência policial como se ela fizesse parte do cotidiano da periferia como faz, por exemplo, diariamente, todas as horas, a AUSÊNCIA ABSOLUTA do Poder público, através de sua inação nas diversas atividades que deveria executar. Ausência de saneamento básico, inexistência de atendimento médico, enfraquecimento da rede pública de ensino e muito mais, senhor juiz, é presença diária na vida das pessoas que vivem na periferia e nos bairros mais pobres da cidade. Quem seria responsável por tal violência? Curiosamente é o mesmo governante que paga os salários deste senhor.
Logicamente, sou forçado a concluir que o artista, se não fosse tão radical e pobre na sua visão, deveria colocar o Cristo sendo atingido por canetas ou mesmo garrafas de champanhe francesa. A este ameaçador juiz o sentimento da pena, não do perdão, pela falta de senso de justiça. Finalmente, lembra-lo que, na visão bíbllca, foram os juízes que condenaram o Cristo à morte pela crucificação.
Abçs

Anônimo disse...

Parabéns Coronel Emir,sempre coerente com os fatos !

ótima colocação .