terça-feira, 11 de setembro de 2012

FIM DA LINHA



"Morte de José Jorge Saldanha, também conhecido como Zé Bigode, no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1981. Ele foi um dos fundadores do grupo criminoso conhecido como Comando Vermelho. Em 3 de abril de 1981, Zé Bigode sustentou sozinho uma intensa troca de tiros com policiais, que formavam um efetivo de 400 homens. Dois mil tiros foram disparados no tiroteio que matou e feriu policiais e só acabou com a morte de Zé Bigode (que dispunha de grande arsenal) na manhã do dia seguinte." (Adaptação de texto da Wikpédia)

O massacre de seis jovens, de um pastor evangélico e de um cadete da PMERJ na Baixada Fluminense, todos barbaramente torturados, bem demonstra a insanidade dos bandidos e, mais ainda, a insanidade desta sociedade que apoia ONGs rechedas de facínoras e de dinheiro público. O nome disso é anomia (ausência de leis), ou, pior, é excesso de leis protetoras de marginais dentro e fora da cadeia. Ora, essa justificativa de que o facínora cumpre apenas o “papel social” dele, – ideologizada ao longo dos últimos anos, – está a mais e mais afundando no lodo a sociedade brasileira. Pior é que ela não se incomoda com o crescente banditismo. Contenta-se apenas em entrar na onda do “combate à corrupção de políticos” em vista dos últimos acontecimentos no STF, o que, aliás, ocorre em boa hora. Entretanto, não se afeta com a crueldade dos bandidos e geralmente vai às ruas para pedir “paz”. Que “paz” é esta além de covardia?...
Agora a onda é descriminar o uso de drogas em movimento cheirando mal. É de bom alvitre atentar para o blog do jornalista da Revista VEJA, Reinaldo Azevedo, para aprofundar o entendimento desta nova trapaçaria a serviço do crime que avança sob os auspícios da ONG VIVA RIO, esta que, por sua vez, goza de apoio global irrestrito. Como dizia o Marquês de Maricá: “A ordem pública periga onde não se castiga.” E está perigando no Brasil, com o serviço policial cada vez mais desmoralizado, mal remunerado, e sem poder instrumental mínimo para vencer a onda do crime que se torna um tsunâmi de proporções devastadoras.
Esse fenômeno de justificação do crime e dos criminosos emergiu lá pela década de 60 para se eternizar no Rio de Janeiro e no Brasil. A formação do Comando Vermelho no Presídio da Ilha Grande desdobrou-se em diversas facções Brasil afora. São tantas as siglas criminosas que não há como computá-las. Mas a cultura do crime organizado é única e se resume na disposição do bandido em eliminar policiais como se fossem inimigos. Ora, isto é guerra! É revolução dissimulada em criminalidade impune! E guerra se combate com guerra! Revolução se combate com revolução! Daí ser hora de a sociedade brasileira sair do marasmo e reagir com veemência ao banditismo dando-lhe uma lição única e definitiva, a começar por exigir dos governantes a melhoria do aparelho policial. Claro que o combate (É combate, mesmo!) não pode ocorrer sem sangue; mas é preferível ver escorrer o sangue do bandido do que o sangue de seis jovens cujo pecado foi o de saírem em grupo para se divertir, o sangue de um cadete da PMERJ que apenas desfrutava de sua alegria de viver, e o sangue de um pastor evangélico que tentou ajudar o infeliz cadete. Cá entre nós, basta apenas aprisionar essas bestas-feras?...
Esta situação de desordem social e pública me lembra o fundador do Comando Vermelho, William da Silva Lima, em sua clássica declaração feita ao policial civil joão Pereira Neto, da Divisão Antissequestro da Polícia Civil do RJ, reportada pelo jornalista Carlos Amorim no seu clássico “COMANDO VERMELHO – A História Secreta do Crime Organizado”:

“William comenta que alguns intelectuais pretendiam usar o Comando Vermelho na luta política. (...). Alguns deles, pequenos-burgueses, pretendiam usar nossas comunidades e nossa organização com finalidades políticas. À medida que não deixamos usar, comprovamos, sem soberba, que conseguimos aquilo que a guerrilha não conseguiu, o apoio da população carente. Vou aos morros e vejo crianças com disposição, fumando e vendendo baseado. Futuramente elas serão três milhões de adolescentes que matarão vocês (a polícia) nas esquinas. Já pensou o que serão três milhões de adolescentes e dez milhões de desempregados em armas? Quantos BANGU I, II, III, IV, V... terão que ser construídos para encarcerar essa massa?”

Esse mesmo bandido lançaria, em 1991, um livro intitulado “QUATROCENTOS CONTRA UM – UMA HISTÓRIA DO COMANDO VERMELHO, pela Editora Vozes. Carlos Amorim, em seu supracitado livro, assim se reporta ao CV:

“Quando os presos políticos se beneficiaram da anistia, que marcou o fim do Estado Novo, deixaram na cadeia presos comuns politizados, questionadores das causas de delinquência e conhecedores dos ideais do socialismo. Essas pessoas, por sua vez, de alguma forma permaneceram estudando e passando suas informações adiante (...). Na década de 60 ainda se encontrava presos assim, que passavam de mão em mão, entre si, artigos e livros que falavam de revolução (...). O entrosamento já era grande, e 1968 batia às portas. Repercutiam fortemente na prisão os movimentos de massa contra a ditadura, e chegavam notícias da preparação da luta armada. Agora, Che Guevara e Régis Debray eram lidos. Não tardaria contatos com grupos guerrilheiros em vias de criação.”

Não por coincidência, o livro do bandido, – cujo título é uma descarada homenagem ao perigoso membro do CV “Zé Bigode”, – o livro do bandido foi prefaciado pelo presidente da ONG VIVA RIO, Rubens Cesar Fernandes, que atualmente lidera o movimento pela descriminação do uso de drogas. Ora, como pode a sociedade brasileira ignorar história tão contundente? Será que ninguém percebe que urge uma reação à altura do grave problema de desordem pública que tem nos crimes de sangue atingindo inocentes seu paradigma? Até quando a sociedade brasileira, - por meio de seus segmentos sociais despidos de ideologias, - ficará inerte e inerme enquanto o crime avança como câncer em metástase?



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