O Jornal O GLOBO de hoje, domingo, dia 27 de maio, em extensa e detalhada matéria assinada pela jornalista Vera Araújo (CADERNO RIO, pág.19), finalmente esclarece os pontos até então obscuros sobre a venda do QG da PMERJ e indica qual será a destinação do dinheiro: será reaplicado na modernização da própria PMERJ, como detalha a matéria. Ora bem, não há mais como desespatifar um ovo espatifado nem desderramar o leite derramado, a venda do QG da PMERJ, salvo algum entrave jurídico-judicial, são favas contadas. Lamento, porém, que um dos intentos seja o de informatizar o Hospital Central da corporação e não mais que isso: a construção de um novo hospital, que, claro, precisa ser informatizado, tanto como urge modernizá-lo no seu todo. Quem frequenta por necessidade imperiosa o HCPM-Rio sabe do que reclamo, em especial da inadequação do espaço físico ao seu propósito de bem atender a milhares de pessoas, diariamente, o que os profissionais de saúde fazem como louvável sacerdócio ante as gigantescas carências que assolam como um todo o sistema de saúde da PMERJ, para o qual a tropa contribui com parte do seu salário, e dizem que o estado contribui com outra parte para dar conta do volumoso atendimento médico-hospitalar. É possível...
Mas, como eu disse, não há como desderramar o leite ou desespatifar o ovo, o QG da PMERJ será demolido e vendido, assim como outros quartéis históricos da corporação foram ou serão igualmente alienados. E no contexto da esclarecedora matéria jornalística emerge a explicação da frase que mais causou polêmica, talvez mais que a decisão da venda dos quartéis em si, eis que proferida pelo governante em pleno Carnaval: “vamos acabar com o conceito de aquartelamento na PMERJ”. Ora, muitos significados se encerram na frase. Deixá-la no ar, sem maiores explicações, representou uma espécie de sandice, maldade típica da criança que oculta seu pirulito para não ceder ao irmão uma só lambida. Dissesse o governante que o objetivo de mudar o conceito de aquartelamento se resumia ao que a jornalista ora expõe, não haveria tanta apreensão na tropa da PMERJ. Porque a nova obra a ser feita com o dinheiro arrecadado (agora sim, sabemos que os 336.000.000,00 serão aplicados em obras físicas e tecnologia para tornar mais eficiente a PMERJ no seu labor), segundo esclarece a jornalista, destina-se a uma política de proximidade pela construção de um aquartelamento sem muros, para que os destinatários dos serviços policiais militares não mais se sintam inibidos ante a necessidade de adentrar quartéis para cuidar de seus lídimos interesses que digam respeito à corporação. E a política de proximidade alegada pela jornalista não é invencionice nem dos dirigentes da corporação nem de ninguém, é modelo consagrado no mundo afora por meio de muitos trabalhos acadêmicos confirmando o sucesso dessa prática policial.
A política de proximidade, portanto, é vencedora tese acadêmica, e ainda percorre o mundo por meio do empenho de muitos pesquisadores das relações polícia-público. Aqui mesmo no Brasil já houve muitas dissertações de mestrado e doutorado sobre o tema, e podemos dizer que a Delegacia Legal nasceu para atender a esse princípio de proximidade policial, inclusive pelo formato do prédio e pela terceirização do atendimento por pessoas não policiais. Pois o primeiro contato do cidadão com o serviço policial deve ser, efetivamente, sem traumas. Daí ser indispensável a modernização da estrutura para atender aos seus fins, seguindo a máxima arquitetural de Louis Sullivan (1988) de que “o formato segue a função”. Em outras palavras, é cediço na Teoria da Administração que a estrutura deva atender aos objetivos traçados. Hoje, considerando-se as incertezas e as turbulências ambientais, a Teoria Contingencial da Administração vai ao extremo de admitir que, em vez de estruturas rígidas, as empresas (públicas ou privadas) devem se apoiar bem mais em desenhos organizacionais, de modo a flexibilizar estruturas em vista de objetivos dinâmicos a serem alcançados otimamente, gerando deste modo os resultados esperados.
Em vista da matéria da ilustre jornalista Vera Araújo, que deveria ser difundida para toda a oficialidade e discutida sobre a ótica por ela abordada, devo dizer que me rendo aos argumentos, ressalvando, porém, que o dinheiro, hoje, seria exponencialmente bem-vindo se investido in totum no sistema médico-hospitalar da PMERJ, área estratégica da corporação, pois ali são cuidadas as famílias policiais militares e eles próprios, de modo que o objetivo da mens sana in corpore sano seja tornado realidade, o que refletirá positivamente na ponta da linha do contato entre a PM e o povo. Não que a aplicação do dinheiro como está traçada seja questionável. É também necessário modernizar a operacionalidade corporativa. Mas a minha ótica, que não é minha, é a de que qualquer estrutura só vinga se cuidada por pessoas realizando tarefas com vistas a fins adrede traçados como objetivos. E se essas pessoas não atenderem a um padrão motivacional compatível com o seu labor cotidiano, em especial, se não forem permanentemente incentivadas mediante todas as técnicas disponíveis e por meio de um tratamento condigno que lhes assegure coletivamente o que denominamos “moral da tropa”, nenhum aquartelamento sem muro propiciará a almejada “proximidade policial”, eis que será bloqueada por um ente invisível denominado desmotivação. Isto no mínimo produzirá o desleixo funcional ou a truculência no trato entre o policial e o cidadão, deste modo prejudicando o alcance dos objetivos mais gerais e voltados para a prestação de um ótimo serviço policial à população.
10 comentários:
Misoca, por favor, não sabia que voce era tão ingenuo..
1.Vera Araujo é uma das mais fidagais inimigas da Policia Militar,
2. Policia de proximidade é um termo inventado em Portugal,na década de 90, para reinventar a policia comunitaria,
3.Bastariam derrubar os muros e reformar as fachadas e acessos dos quarteis e não passa-los nos cobres,
4. Está mais do que na cara que é mais um golpe dos delegados federais e estaduais para enfraquecerem a PM, quiçã exterminá-la,
5. e afinal, em que voce se transformou após tantos anos para defender esses atos de canalhice atroz contra a Corporação.
6. Lamentavel, extremamente lamentável.
7 "por que non te calas"
Belzeba
Caro Belzeba
Eu não me calo porque, se o fizer, você não terá como destilar seus venenos, sendo certo que alguns venenos seus, em vez de matar, até curam. Agradeço o elogio da ingenuidade, embora eu escreva também de modo invisível, dando algum nas entrelinhas... Mas quero aproveitar seu comentário, sem dúvida útil, para dizer que o maior absurdo é o silêncio da oficialidade, como se tudo na corporação dependesse do comandante dela. Fcam todos aguardando algum "gesto heróico" dele, como ingenuamento fez o querido amigo Cel Ubiratan Ângelo, que continua fazendo falta, mas tomou para si o que deveria ser responsabilidade de todos e tombou sozinho. Talvez até ninguém se lembre dele, pois a fila anda...
Ademais, se você observar com atenção meus artigos sobre a destruição do QG da PMERJ, verá que não concordo tanto com o fato. Mas, diante da constatação de que, chiadeiras à parte, o prédio ruirá, mesmo, penso pelo menos alertar sobre as necessidades do sistema de saúde, e me ufano por ver que, em meio a tantas medidas adotadas para gastar os milhões, sobrou um pedacinho de dinheiro para o Hospital Central. Quem sabe não tenha sido em virtude das lembranças que aqui fiz? Vamos em frente discordando das coisas, você e eu, mas por caminhos diferentes porque somos diferentes, né?... Mas reconheço que você é um artista, pois não consigo descobrir se você é treme-terra ou azulão. No bom sentido, claro!
Sou tremelão, ou seria azulerra??Eh,Eh,Eh,Eh.
Belzeba
Tá certo! Mas isto me cheira a híbrido, que geralmente não procria. Ainda bem... Afinal, já imaginou se o Belzeba procriasse? Cruz-credo! Esconjuro!(risos)
FOSSEM, por que não o são, fossem os coronéis desta PM menos sabujos frouxos do poder político, corrupto, e lesa-pátria, como aliás basta olhar para SP e lá buscar inspiração, fossem gente de melhor VALOR, esse quadrilheiro e qualquer outro eleito ou nomeado na política sequer ousaria sonhar na liquidação da História, tradições etc., da Briosa ... no Rio.
Ok ?
F-R-O-U-X-O-S.
Desde quando oficial a soldo dos capos do jogo do bicho(sambodromo)tem moral para vender Quarteis da PM ??????????
Calma, Belzeba! Agora você bateu pesado! Para mim, quem está vendendo quartéis é o governante. O restante cumpre ordens. Portanto, creio que você está sendo injusto não sei com quem. Não sei, honestamente,contra quem você mirou a sua seta venenífera. Bem, se a caprapuça encaixar em alguma cabeça...
O nome de guerra dele começa com R.O fato é notorio na PM.
Ah, outra coisa , o futuro é dos híbridos.No futuro, todos nós seremos híbridos. A procriação será por ações mentais. Aliás,há mais de 100 anos atrás, o velho Darwin, já havia chegado a essa conclusão eh,eh,eh.
Belzeba
É... Não decifro, mas lembrei de um animal que, tal como o urso de Shaskepeare, deixa-se conduzir pelo nariz, e não é urso: “Embora a autoridade seja um urso teimoso, muitas vezes, à vista de ouro, deixa-se conduzir pelo nariz” (Shakespeare)
Não sobrariam umas migalhas para o definhado HPM/NIT ?
Que pena .... no esquecimento. Quantos transtornos...
Abçs, Wagner.
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