domingo, 6 de maio de 2012

Pequeno desabafo



"E principalmente a ordem atual não durará para sempre; não só os condenados serão libertados e recobrarão seus direitos, mas seus acusadores virão tomar-lhes o lugar. Entre os criminosos e os juizes, virá o dia do grande julgamento às avessas." (Michel Foucault in Vigiar e Punir)

Hoje, 06 de maio de 2012, li ainda em jejum o mestre João Ubaldo no O Globo. E imediatamente atentei para a “lógica” dele (com ressalva de verificação no Google) no sentido de que “a arte é importante demais para ser deixada na mão dos artistas. E o pensamento, mais ainda, é importante demais para ser deixado na mão dos que pensam”. Ah, tem ele absoluta razão, quem sou eu para lhe contrariar alguma penada?...
Na verdade, amanheci o domingo pensando escrever sobre UPPs, assunto quase que morto em razão de Demóstenes, não importante político grego, orador exímio, mas o hodierno. Enfim, e como reclama João Ubaldo, também não consigo centrar meu raciocínio na UPP para relembrar quanto falta para ela dar certo, sem, entretanto, insisto, me posicionar contra ela como método, talvez único e último, de afastar traficantes de favelas, ou, pelo menos, de fazê-los se enfiar em tocas tais como ratos apavorados na iminência da derradeira pancada de vassoura doméstica.
Lembrar ratos e vassouras, porém, me põe na Novacap e no estranho desenrolar do episódio que tem como foco um senador da República (Demóstenes Torres), sem jamais esquecer que se trata de ex-Procurador-Geral de Justiça, ou seja, membro do Ministério Público antes atuante na acusação de pessoas, famoso no Congresso Nacional por seu poderoso estilo acusador, espécie rara de unanimidade nacional. E assim se mantém, só que às avessas: apanhado na ratoeira, gordo como ele só, logo se descobre que ele vem imerecidamente blindado da vassourada faz tempo.
Hum!... Não posso deixar de reproduzir outra sutileza do mestre João Ubaldo, confessando minha estupidez ao não avaliá-la em profundidade, o que me impõe pedir ajuda ao leitor (E não duvido nada que já exista alguém do Ministério Público tocaiando o primeiro infeliz que entre nessa esparrela.”). Qual terá sido a real intenção do mestre ao se referir à “tocaia”?... Sou o segundo a estranhar o poder do Ministério Público, o primeiro talvez seja Michel Foucault, e o segundo, que eu saiba, é João Ubaldo Ribeiro. Digo-o para que não me insiram no conceito da “mulher de acaia” (Acaia é a antiga Grécia – reino de Ahhiyawa – Wikipedia).
Com efeito, seria melhor escrever sobre UPPs, principalmente porque é tema simpático e falar bem dela deixa feliz o governante, embora pouco me adiante, já me posicionei contra ele de todos os modos diante de sua deliberada intenção em desmoralizar a PMERJ, a ponto de destruir suas bases históricas (demissão sumária de muitos comandantes-gerais como carne de gado em rodízio de churrascaria popular, venda dos principais quartéis sem explicação do que será feito do dinheiro, ofensas várias contra militares estaduais desferidas pela grande mídia ao longo desses últimos anos etc.). Sim, o “parisiense” vem de longe com sua dele tese de destruir o “conceito de aquartelamento” na PMERJ, ou seja, destruir sua cultura secular e desmerecer o labor de uma corporação que necessita, sim, de transformações, mas não desta forma grosseira e abrupta com que o governante, – apenas para dar asas à sua ideologia “esquerdista”, já capenga ante tantas denúncias de roubalheira e de festas faraônicas (sem exagero), – o governante insiste em atacar a instituição PMERJ. Pior é que a oficialidade se mantém num assustador silêncio, que de eloquente nada tem, mas caracteriza um vergonhoso conformismo. Esse “rabo entre as pernas” é incompreensível; a “buropatia” reinante é de doer os brios de quem assiste ao “tudo que o mestre mandar faremos todos”. Indago, enfim: “Até quando?”

4 comentários:

Anônimo disse...

Morte a Padrone....

Helio disse...

Ingresso único para PM não é inovar e sim retroceder

Tomando por base essa estapafúrdia teoria, estaríamos afirmando que, antes de ser médico o profissional precisaria ser auxiliar de enfermagem, antes de ser engenheiro o profissional precisaria ser peão, antes de ser juiz o profissional precisaria ser serventuário , antes de ser

delegado o profissional precisaria ser agente etc...

Estão querendo dar outra conotação aos dizeres existentes no prédio da AMAN “ Cadetes! Ides comandar aprendei a obedecer” , talvez seja preciso desenhar para explicar , fico devendo não sou bom neste mister.

Em 1920 foi criada a EP, está já promoveu uma evolução enorme na formação dos oficiais , posteriormente veio a EsFo e mais recente a Academia D. João VI, todas elas deram a sua contribuição para melhor formação dos que por ali passaram.

A informação de que a nova forma “inovadora” , influenciaria as

Polícias brasileiras e quiçá o EB, é no mínimo uma piada !!!!!!!!!!!

Como uma polícia que se encontra de joelhos totalmente submissa, aos desígnios de um mandatário de plantão quer servir de parâmetro.

O autor desta pilhéria, deveria integrar a equipe do Pânico na TV, ou a da Zorra Total, programas que não assisto, mas pelos flashes mostrados nos intervalos da programação pode-se ver a péssima qualidade dos mesmos.

A falha não se encontra no ingresso distinto, para oficiais um, para praças outro. Os erros encontram-se na formação açodada que passou a vigorar nos dias de hoje, principalmente no referente as praças de UPP,ingressam hoje e depois de amanhã já estão formadas.

Anteriormente para formar um soldado era necessário um ano letivo.

A redução da permanência também nos bancos escolares, daqueles que freqüentam o CAO e o Superior de Polícia, bem como na formação de cabos e sargentos.

Economizar em formação, acarreta prejuízos irreparáveis no exercício da função ao longo da carreira.

Na realidade falta é brio aos oficiais, na luta pelos direitos e melhoria das condições gerais de trabalho, assistência médica, escalas, salários

dignos e não se apavorar com qualquer grito do governante de plantão e sair em desabalada carreira, a fim de cumprir qualquer ordem dada pelo mesmo, por mais absurda que seja.

Outra falácia é querer exigir formação superior para ingresso como praça, com esse salário miserável, só se o indivíduo tiver cursado a faculdade no botequim da esquina , ou seja continuaremos com a raspa do prato.

Por derradeiro, quem, tendo uma boa formação superior vai se submeter a ser praça na PM, se pode ingressar direto como oficial num quadro complementar de força armada.

Até mesmo a burrice tem seus limites.

Helio
PS Caro companheiro postei aqui
porque quando envio para seu e-mail
retorna. Abraços.

Emir Larangeira disse...

Caro Hélio

Seu comentário é verdadeiro da primeira letra ao ponto final. Para não deixá-lo passar batido, eu acrescentaria apenas uma lógica que se contrapõe à controvertida ideia: o Inciso XI do Art. 22 da CRFB e leis federais referentes. É o que bastam para frear a inovação em comento que, por seu açodamento, mais parece tiro no pé. Creio até que devemos rever muita coisa na formação de oficiais e praças tendo em vista a necessidade de se criar instrumentos de competição à altura das investidas que fazem contra a PMERJ, como, por exemplo, a proibição de lavratura de TC, o que já ocorre em muitos Estados-membros. Temos de buscar o reconhecimento dos nossos cursos de formação e de pós-graduação no mundo acadêmico, o que implica planejar a grade curricular nos parâmetros exigidos pelo Ministério da Educação para garantir graduação simultânea em Direito, tal como os oficiais bombeiros logram alcançar em Engenharia. O resto é balela inconstitucional e fim.

Helio disse...

Caro Emir.

Concordo em gênero, número e grau.
Abraço.
Helio.