quinta-feira, 12 de abril de 2012
Sobre as UPPs e o acirramento da criminalidade em Niterói
Com a palavra o leitor...
Em vista da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o olho do planeta está focado no Brasil e, especialmente, no Rio de Janeiro. Supondo que esses eventos sejam cruciais à sobrevivência do país enquanto nação, e sejam exponencialmente benéficos ao povo brasileiro, claro que algo necessitava ser feito para mudar a cara de um Rio de Janeiro onde as favelas proliferaram e os traficantes as transformaram em cidadelas inexpugnáveis, pelo menos aparentemente...
Ora bem, as UPPs surgiram como salvação da terrível aparência dos tiroteios nas zonas mais nobres da Cidade Maravilhosa. As imagens de bandidos portando fuzis sem qualquer preocupação com polícia ou imprensa eram desmoralizantes no que sabemos ser o “tambor do Brasil”: o Rio de Janeiro e mais especificamente a Zona Sul, espaço elegante no qual, e neste aspecto, se inclui a Barra da Tijuca. Demais desses locais, aflorava como problema imediato o entorno do maior estádio do mundo: o Maracanã.
Eis o cinturão de segurança traçado e executado por meio das UPPs, que mudaram a feiíssima aparência anterior, cuidando a mídia interessada nos grandes eventos de fazer a apologia do modelo, generalizando-o brilhantemente como única solução policial, tal como fez com o BOPE, “tropa de elite” que hoje é contraponto da tropa comum pejorativamente considerada “corrupta”, “tropa de celulite”, “barriga azul” etc. Mais que isso, a tropa antiga passou a representar um “mal sem solução” e os novos PMs, “com cultura profissional inovadora”, foram às UPPs como “salvadores da pátria”. Essa distinção só fez abalar o moral de uma tropa hoje dividida por causa de preconceitos midiáticos abanados inclusive por políticos e autoridades públicas.
Do outro lado estão os bandidos, formando um bloco subdividido em duas grandes facções (há outras que nem merecem a citação se comparadas com o CV e o TC), cujos homizios-sede são, respectivamente, o Complexo do Alemão e a Rocinha. Nesses dois lugares, a conquista e a ocupação ainda não se consolidaram nem mesmo com a ajuda das Forças Armadas. Paira no ar a aparência de que os traficantes recuaram em sua ostentação de poder armado, mas mantêm o controle da população a medo de um dia retornarem ou saírem das tocas onde se ocultam dentro das próprias comunidades. Tal se vê nesta semana com o “toque de recolher” na Mangueira ocupada por UPP, e dias atrás com a morte de um PM na Rocinha já conquistada e ocupada. Retorna assim, ao olho do mundo, a velha aparência de dominação velada das localidades “pacificadas”.
Não digo que não estejam. As UPPs aparentam ainda a libertação das comunidades agraciadas, porém não as transformaram na “ilha Utopia” do santo Thomaz Morus. Vale insistir, porém, e para tornar a atual aparência uma realidade insofismável, para que todos assumam que o tráfico rola no asfalto e continuará a rolar nas favelas com UPPs enquanto houver demanda maior que oferta, e é o que ocorre no mundo e não apenas aqui. A verdade é que o modelo repressivo jamais acabou ou acabará com o tráfico no mundo nem no Brasil. Apenas faz aumentar o preço da droga, o que também não diminui a demanda, eis por que nenhum modelo de intervenção estatal e/ou societária logrou sucesso contra o tráfico multinacional de drogas. Claro que, num contexto assim, nenhuma UPP logrará sucesso absoluto contra o tráfico, mas apenas controlará seus abusos armados, o que é em si muito bom. Mas restrito aos núcleos comunitários agraciados e quiçá em sua periferia asfaltada...
Muito bem, pior ainda seria a inação ou a transferência dos eventos desportivos para outro país por falta de segurança. O reflexo desse desastre seria mortal à indústria do turismo, esta que no Rio de Janeiro se concentra na Zona Sul. Enfim, o Brasil (TODO) depende do sucesso do Rio de Janeiro e das UPPs, nem que seja somente na aparência. Desta parte a mídia vem cuidando com zelo, porém agora adotando uma posição perigosa ao reduzir o problema da criminalidade aparentemente crescente em Niterói à migração de bandidos do Rio em virturde das UPPs.
Ora, isto não procede, e basta acordar para o fato de que são apenas duas dezenas de UPP instaladas num universo carioca de mais de 600 favelas, para onde, sem dúvida, muitos traficantes igualmente migraram. E aqui, por derradeiro, ponho uma indagação que mais aparenta ser mordida de cobra coral (será ela falsa ou verdadeira?): “Não estaria a grande mídia carioca tentando instituir a falsa aparência de que no Rio de Janeiro está tudo bem, pois os bandidos estão em Niterói e algures, e, portanto, não há riscos para os turistas, exceto quanto aos que se arriscarem a atravessar a baía de Guanabara?”
Com a palavra o leitor...
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4 comentários:
Confesso que nos meus quase sessenta anos de vida já presenciei coisas inimagináveis e as maiores falácias que vi, vieram da classe política. Com raras excessões, eles são mestres na arte de enganar o povo.
Na minha humilde opinião, repito o que já disse aqui; UPP tem sido muito bom para a comunidade agraciada; para as demais, assim como para as cidades do interior, não tem sido tão bom assim.
Respondendo a pergunta, não creio em farsa midiática e ainda dou um voto de confiança sobre as intenções desse governo na área de segurança pública, porém a verdade mesmo só saberemos após a Copa do Mundo de 2014.
misoquinha,misoquinha,xaviersinho,xaviersinho, deixem de uma vez por todas de serem puuuuxxxxaaassss-sssaaacccooss, a UPPeidou,entenderam bem, não precisa monografia , dissertação de mestrado ou doutorado, simplesmente, a UPPeidooooouuu.
Ao anônimo chatinho, chatinho
Desta vez você não foi ofensivo, embora continue com péssimo humor e mui limitado na escrita. Seja mais inteligente e mande suas críticas sem ofensas, que eu publico. Não perca seu tempo enviando ofensas, que o moderador do blog sou eu e mando para o lixo. A não ser que seu tempo seja vazio como a sua verve crítica...
Caro anônimo.
O seu comentário não contribuiu para nada; ele é vazio como deve ser a sua vida.
Não o conheço, mas imagino como você seja, ou tenha sido como policial na atividade; um arauto da discórdia, ou um verme anelídio que chamamos comumente de sanguessuga.
Reveja seus conceitos e seja feliz. Paulo Xavier
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