No nosso Brasil capitalista a propriedade é mais valiosa que a honra. Esta cultura é predominante na prática das decisões judiciais, que costumam negar valor ideal ao sentimento afetado, embora esses bens (materiais e imateriais) aparentem igualdade de peso constitucional e malgrado os julgadores também se sujeitarem aos dissabores morais, tais como os acusadores ministeriais, porém com a ressalva de que eles, enquanto cidadãos, raramente são atingidos: estão muito além desta possibilidade, em especial porque são eles que decidem entre si como levar a melhor ou não levar a pior em suas contendas pessoais.
A indiferença quanto ao sentimento alheio é traço cultural que vem de longe, da própria formação das sociedades a partir do privilégio da riqueza e do poder de alguns abastados se contrapondo ao sofrimento físico e moral de muitos socialmente excluídos. Daí o cidadão comum, lídimo representante da arraia-miúda, ter pouca ou nenhuma chance de se ressarcir material e moralmente, e, quando consegue, a valoração do seu sentimento vilipendiado é contada em moedas insignificantes ou nenhuma moeda.
Com efeito, no Brasil da casa-grande e da senzala a insensibilidade da justiça na salvaguarda da honra das pessoas não corresponde ao seu zelo com o patrimônio, sempre protegido como se fosse a própria honra dos proprietários. E é em meio a essa cultura materialista terrível que reputações são destruídas por mero capricho de burocratas concursados que, via de regra, conquistaram a partir do berço de ouro e de sobrenomes aristocráticos o direito de se situar, em nome de um estado despótico-esquerdista se fingindo democrata, acima do bem e do mal. Ou despótico-direitista, tanto faz, o que manda é o capital!
O jogo de interesses político-ideológicos e as conveniências imediatas dos semideuses pátrios são postos em prática sem o menor pudor. Em nome do Estado, esses semideuses (alguns se acham deuses) disparam do Olimpo suas flechas veneníferas contra desavisados cidadãos sem tempo ou meio de se protegerem. Fazem-no em tocaia, à surda, nos gabinetes de silenciosas paredes, tais como os animais selvagens surpreendem suas presas, com a diferença de que estes se limitam à sobrevivência e os semideuses vão à destruição pura e simples de quem quer que se lhes oponha de algum modo.
Juntam-se a esses semideuses outros que igualmente assim se consideram em nome de uma “liberdade de expressão” que vai às raias da libertinagem. Desse compadrio perigoso emergem os ataques sem lógica, injustos, imerecidos, contra alvos preferenciais. Forma-se assim um detetivismo em desserviço da honra, como se não lhe houvesse freio possível. Agem, os semideuses e seus compadres, na obscuridade da troca de favores: um põe uma desonra ali, outro a transforma em desonra ampliada ao público, e assim ambos transferem suas irresponsabilidades em reprovável concerto de vontades.
Lembro aqui o ilustre jornalista Gilberto Dimenstein criticando certa feita esse comportamento detetivesco dos seus colegas da imprensa, que, em vez de investigar um fato, sugere-o a quem pode torná-lo realidade, despudoradamente, para depois noticiá-lo como “verdade”. Uma teia de mentiras assim se vai formando e se avolumando rumo ao alvo como um míssil de ogiva atômica. Também outro importante jornalista, Fred Suter, certa vez criticou esse compadrio da mídia com os semideuses. Cá entre nós, muito pouca reação se se considerar a quantidade de semideuses e compadres midiáticos. Fred Suter desligou-se do mundo por conta do Mal de Alzheimer. Está recolhido a uma clínica geriátrica em Campo Grande, MS, como nos informa em seu blog a jornalista Lu Lacerda (http://lulacerda.ig.com.br/onde-anda-o-jornalista-fred-suter/).
Será que é preciso identificar os semideuses?... Não! Creio firmemente que não! São eles que nos podem chamar de feios e quebrar nossos espelhos de modo a nem podermos conferir se efetivamente o somos. E quando conseguimos provar nossa boniteza à custa de muito esforço, nada acontece com esses mentores da desgraça alheia: são medalhões intangíveis e irresponsáveis na essência da própria cultura que os envolve: a da arrogância e do desrespeito à honra daqueles que eventualmente os desagradam. Agem desonesta e impunemente, e vão em frente como se nada houvesse a reparar, e se entenderem de reparar pecuniariamente algum valor subjetivo, como a honra ou a moral de alguém, dão-lhe preço irrisório. E ganham bem para isso, claro! Afinal, onde já se viu semideus viver pobremente ou zé-povinho viver ricamente?... Esta “igualdade” no capitalismo é impossível. No máximo o que se pode admitir aqui é a sátira de Anatole França: “A lei garantia igualmente ao rico e ao pobre o direito de dormir debaixo da ponte.” (Tácito, Caio – Direito Administrativo da Ordem Pública – Forense, Rio de Janeiro, 1986, p.99). Jamais o contrário...
A indiferença quanto ao sentimento alheio é traço cultural que vem de longe, da própria formação das sociedades a partir do privilégio da riqueza e do poder de alguns abastados se contrapondo ao sofrimento físico e moral de muitos socialmente excluídos. Daí o cidadão comum, lídimo representante da arraia-miúda, ter pouca ou nenhuma chance de se ressarcir material e moralmente, e, quando consegue, a valoração do seu sentimento vilipendiado é contada em moedas insignificantes ou nenhuma moeda.
Com efeito, no Brasil da casa-grande e da senzala a insensibilidade da justiça na salvaguarda da honra das pessoas não corresponde ao seu zelo com o patrimônio, sempre protegido como se fosse a própria honra dos proprietários. E é em meio a essa cultura materialista terrível que reputações são destruídas por mero capricho de burocratas concursados que, via de regra, conquistaram a partir do berço de ouro e de sobrenomes aristocráticos o direito de se situar, em nome de um estado despótico-esquerdista se fingindo democrata, acima do bem e do mal. Ou despótico-direitista, tanto faz, o que manda é o capital!
O jogo de interesses político-ideológicos e as conveniências imediatas dos semideuses pátrios são postos em prática sem o menor pudor. Em nome do Estado, esses semideuses (alguns se acham deuses) disparam do Olimpo suas flechas veneníferas contra desavisados cidadãos sem tempo ou meio de se protegerem. Fazem-no em tocaia, à surda, nos gabinetes de silenciosas paredes, tais como os animais selvagens surpreendem suas presas, com a diferença de que estes se limitam à sobrevivência e os semideuses vão à destruição pura e simples de quem quer que se lhes oponha de algum modo.
Juntam-se a esses semideuses outros que igualmente assim se consideram em nome de uma “liberdade de expressão” que vai às raias da libertinagem. Desse compadrio perigoso emergem os ataques sem lógica, injustos, imerecidos, contra alvos preferenciais. Forma-se assim um detetivismo em desserviço da honra, como se não lhe houvesse freio possível. Agem, os semideuses e seus compadres, na obscuridade da troca de favores: um põe uma desonra ali, outro a transforma em desonra ampliada ao público, e assim ambos transferem suas irresponsabilidades em reprovável concerto de vontades.
Lembro aqui o ilustre jornalista Gilberto Dimenstein criticando certa feita esse comportamento detetivesco dos seus colegas da imprensa, que, em vez de investigar um fato, sugere-o a quem pode torná-lo realidade, despudoradamente, para depois noticiá-lo como “verdade”. Uma teia de mentiras assim se vai formando e se avolumando rumo ao alvo como um míssil de ogiva atômica. Também outro importante jornalista, Fred Suter, certa vez criticou esse compadrio da mídia com os semideuses. Cá entre nós, muito pouca reação se se considerar a quantidade de semideuses e compadres midiáticos. Fred Suter desligou-se do mundo por conta do Mal de Alzheimer. Está recolhido a uma clínica geriátrica em Campo Grande, MS, como nos informa em seu blog a jornalista Lu Lacerda (http://lulacerda.ig.com.br/onde-anda-o-jornalista-fred-suter/).
Será que é preciso identificar os semideuses?... Não! Creio firmemente que não! São eles que nos podem chamar de feios e quebrar nossos espelhos de modo a nem podermos conferir se efetivamente o somos. E quando conseguimos provar nossa boniteza à custa de muito esforço, nada acontece com esses mentores da desgraça alheia: são medalhões intangíveis e irresponsáveis na essência da própria cultura que os envolve: a da arrogância e do desrespeito à honra daqueles que eventualmente os desagradam. Agem desonesta e impunemente, e vão em frente como se nada houvesse a reparar, e se entenderem de reparar pecuniariamente algum valor subjetivo, como a honra ou a moral de alguém, dão-lhe preço irrisório. E ganham bem para isso, claro! Afinal, onde já se viu semideus viver pobremente ou zé-povinho viver ricamente?... Esta “igualdade” no capitalismo é impossível. No máximo o que se pode admitir aqui é a sátira de Anatole França: “A lei garantia igualmente ao rico e ao pobre o direito de dormir debaixo da ponte.” (Tácito, Caio – Direito Administrativo da Ordem Pública – Forense, Rio de Janeiro, 1986, p.99). Jamais o contrário...
5 comentários:
Sr TC
Acredito que a reparação sempre ocorrerá, mesmo que por mecanismos ainda incompreensíveis à nossa natureza terrena.
No final das contas, o mal causado acaba retornando, a título de aprendizado, ao seu próprio causador.
Minha continência.
Sr Cel...por favor, com a experiência do Sr na vida e na profissão Policial Militar, escreva-nos algo sobre a prisão provisória em desfavor do Cmt do BPM de São Gonçalo e a consequente liberdade concedida pelo Desembargador.
Muito importante considerações equilibradas e aprofundadas para os oficiais mais novos, inclusive de Polícias Militares de outros Estados da Federação.
Obrigado.
Prezado companheiro Anderson Caldeira
Vou fazer isto brevemente. Estou rabiscando algo sobre o incidente, que não é isolado, mas integra um movimento de raízes mais profundas no sentido da destruição das instituições militares estaduais no Brasil. Aqui no Rio de Janeiro o reflexo disso talvez seja maior. De qualquer modo, sugiro ao companheiro que leia o artigo do Coronel PMERJ Jorge da Silva, cujo link está com a foto dele no meu blog. Igualmente sugiro que leia a abordagem do Coronel PMSC Jorge Teza, presidente da FENEME, que pode ser acessado também por foto lateral no meu blog. Ambos abordam o tema de modo muito interessante.
Obrigado pela intervenção.
Sou Praça a 23 anos na PMERJ, fico pensando o que seria se tal arbitratiedade, ocorrida com o TCEL Beltrami que tem visibilidade por sua conduta correta e junto a midia atraves de seu desempenho no futebol, estivesse um praça ou mesmo um oficial de menor patente???
Jorge Alves
O pior de tudo é saber que quem herda o lugar do corrupto é outro corrupto como se fosse uma herança genética ou até mesmo material. Se aquele que está no poder não se importa com o povo, por que o seu sucessor, assistindo a sua vitória, agirá diferente? Tudo continua da mesma forma: o grande manda e o menor obedece.
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