“Nada de novo sob o sol”... A curiosa afirmação do título foi proferida lá pelos anos de 1991 ou 1992. Saiu da boca de altíssima autoridade gestora da segurança pública, que a complementou com outro não menos curioso neologismo: “O Comando Vermelho é um besteirol!” As motivações da autoridade eram de fácil interpretação, um recado, e logo seus efeitos se fariam sentir em todas as localidades dominadas pelo que a autoridade afirmava “não existir”: o poderoso CV deixou de ser combatido pela polícia! E, se o CV já era poderoso, mais ainda ficaria porque os policiais não podiam combater o que “não existia”; não deviam, enfim, se preocupar com um “besteirol”... A impudente desautorização estatal não foi inócua: produziu uma sucessão de assassinatos de policiais encetados por facínoras do CV que “não existiam”.
Foi nessa esteira de impunidade que traficantes do CV, homiziados em Vigário Geral, trucidaram quatro PMs, do nono batalhão, fardados e embarcados em viatura caracterizada, na Praça Catolé do Rocha situada no bairro em referência. Mesmo assim, como o CV “não existia”, não houve reação oficial a não ser monitorar os sepultamentos para detectar o ânimo dos PMs presentes, que era de pura indignação. Poucas horas depois, a indignação tornar-se-ia revolta sob os olhos e narizes oficiais que nada enxergavam ou cheiraram de errado, e assim ocorreu a tenebrosa chacina de Vigário Geral, em 29/30 de agosto de 1993.
Os afagos do brizolismo ao banditismo no RJ foram gritantes, sempre, claro, com o mote da defesa dos direitos humanos dos favelados, como se bandidos e favelados se equiparassem tal e qual farinha do mesmo saco. Mas para efeito de registro histórico (que desde aquela época e até hoje cabe à esquerda ocupante do poder consignar) nada parece ter acontecido além da chacina em si e de seus autores e culpados fabricados pelo sistema situacional e depois inocentados por absoluta prova de inocência. Enfim, além da chacina nada existia, e, portanto, não haveria de existir o CV, exatamente este que hoje afronta o Exército Brasileiro no Complexo do Alemão há mais de um ano, sendo certo que aquele ambiente não está inteiramente pacificado. Pior é que a mídia não se interessa em denunciar a verdade de que o CV cresceu e se ideologizou sob o manto protetor de um intocável “estado esquerdista”, cabendo boa parcela de responsabilidade ao Poder Central, que agora sente na carne algumas poucas dores decorrentes de seus escusos amores com o crime organizado em troca do voto favelado, e por isso finge estar tudo bem...
Tamanha é a promiscuidade entre um lado (política) e outro (banditismo) que vai às raias da afronta o exemplo atual de um famigerado “líder comunitário” da Rocinha interagindo com o traficante Nem e concomitantemente afinado com políticos de alta envergadura. Ora, será que nenhum deles sabia ou pelo menos desconfiava da ligação do tal “líder comunitário” com o crime organizado do tráfico naquela comunidade, que, por sinal, não pertence à facção CV? Ou será que o Terceiro Comando também “não existe”?... Enfim, até quando essas variadas hordas de traficantes, assaltantes, sequestradores etc. (CV, CVJ, TC, TCP, ADA, Milícias etc.), que crescem proporcionalmente à explosão demográfica, serão solenemente ignoradas, embora elas a mais e mais se evidenciem nas ruas e nos cárceres estatais com símbolos e cores diferentes? Até quando os “especialistas em segurança pública” fingirão não ver o que lhes salta aos olhos? Por que o engodo societário do “está tudo ótimo!” predomina no discurso fragmentado dos “notáveis” que possuem voz na mídia? E a própria voz da mídia, quando ecoará com as necessárias cristalinidade e globalidade?... Ah, não sei!... Vou acabar aceitando a ideia de que as facções criminosas do RJ e de outros Estados Federados são, mesmo, um “besteirol”, embora as fotos e os filmes recolhidos pela polícia na Rocinha mais uma vez confirmem a promiscuidade entre esses lados antagônicos, mas que no RJ se abraçam em harmonia político-eleitoral não é de hoje.
Nem cabe sublinhar exemplos, pois se pode dar a falsa impressão de que são exceções, quando, na verdade, refletem a regra da convivência promíscua entre aqueles que se dizem “líderes comunitários” (sempre colados em políticos influentes) e os marginais de diversas cores em vista de suas facções e símbolos disseminados nas favelas. Porque é tão comum vermos jovens reproduzindo com as mãos as siglas criminosas dominadoras de suas comunidades durante eventos populares que negar esta nefasta influência é estupidez.
Por outro lado, não se pode deixar de considerar o apoio simbólico aos bandidos por comunidades indignadas com o descaso do poder público. Enfim, existe e perdura o crime organizado em facções com marcas registradas e assumidas por favelas dominadas faz tempo pelo banditismo urbano. Associando-se tudo isto ao voto obrigatório, e adrede conhecidos os locais de votação dos favelados, é fácil concluir que o controle desses milhões de votos se dá do modo mais corriqueiro: basta listar os eleitores por Seções e Zonas Eleitorais e lhes cobrar desempenho ameaçando indistintamente os eleitores favelados. Fossem estes liberados do voto, ou não houvesse tantos piquetes controláveis (o voto poderia ser concretizado em qualquer lugar e a informática faria o resto), o cidadão favelado teria sua liberdade de escolha garantida pelo anonimato. Mas os currais eleitorais são imprescindíveis, e o modelo de piquete jamais mudará, pois é de interesse nacional essa falcatrua mantenedora das caras de sempre no poder político municipal, estadual e nacional. Sim, as caras políticas são as de sempre, e, tais como as facções criminosas, defendem ardorosamente suas siglas (partidos), concluindo-se, pois, que permanecerá tudo igual debaixo do atônito firmamento que cobre o Brasil...
Eis uma digressão feita de lugares-comuns, sem dúvida. Mas, como evitá-la, se no Brasil o crime é lugar-comum, o voto de cabresto é lugar-comum, a mídia paga com publicidade estatal é lugar-comum, e o engodo societário é lugar-comum?... Como evitar dizer que a segurança pública no Brasil vai de mal a pior, se isto é lugar-comum conscientemente dissimulado pela natural fragmentação pós-moderna das notícias que só repercutem onde ocorrem os fatos criminosos, exceto quando fere ideologias?... Refiro-me, por exemplo, ao caso dos índios em Mato Grosso do Sul, que vivem na extrema miséria e ainda são mortos por tentarem sobreviver abatendo reses pertencentes a pecuaristas que não se conformam em sofrer prejuízos constantes e consequentes do descaso estatal com as tribos indígenas abandonadas à sorte por essa amamentada esquerda. Antes era culpa da ditadura. Agora é culpa de quem?... Ah, dos matadores de índios e dos latifundiários mandantes do crime! E basta apontá-los através da Grande Imprensa (é fácil investigar e singularizar os culpados, geralmente prejudicados no entorno de onde vivem miseravelmente os índios) para todo o mundo aplaudir a “eficiente esquerda estatal” sem penetrar no âmago da miséria indígena ou da miséria favelada, que dão na mesma miséria institucionalizada Brasil afora. Ora bem, Mato Grosso do Sul que se cuide! Pois, a continuar morrendo índio, vão instalar uma “UPP Nacional do Índio” ("UPPNI") lá em Dourados, Ponta Porã e algures. Pois agora é moda tal como a famosa esponja de aço de mil e uma utilidades...
Foi nessa esteira de impunidade que traficantes do CV, homiziados em Vigário Geral, trucidaram quatro PMs, do nono batalhão, fardados e embarcados em viatura caracterizada, na Praça Catolé do Rocha situada no bairro em referência. Mesmo assim, como o CV “não existia”, não houve reação oficial a não ser monitorar os sepultamentos para detectar o ânimo dos PMs presentes, que era de pura indignação. Poucas horas depois, a indignação tornar-se-ia revolta sob os olhos e narizes oficiais que nada enxergavam ou cheiraram de errado, e assim ocorreu a tenebrosa chacina de Vigário Geral, em 29/30 de agosto de 1993.
Os afagos do brizolismo ao banditismo no RJ foram gritantes, sempre, claro, com o mote da defesa dos direitos humanos dos favelados, como se bandidos e favelados se equiparassem tal e qual farinha do mesmo saco. Mas para efeito de registro histórico (que desde aquela época e até hoje cabe à esquerda ocupante do poder consignar) nada parece ter acontecido além da chacina em si e de seus autores e culpados fabricados pelo sistema situacional e depois inocentados por absoluta prova de inocência. Enfim, além da chacina nada existia, e, portanto, não haveria de existir o CV, exatamente este que hoje afronta o Exército Brasileiro no Complexo do Alemão há mais de um ano, sendo certo que aquele ambiente não está inteiramente pacificado. Pior é que a mídia não se interessa em denunciar a verdade de que o CV cresceu e se ideologizou sob o manto protetor de um intocável “estado esquerdista”, cabendo boa parcela de responsabilidade ao Poder Central, que agora sente na carne algumas poucas dores decorrentes de seus escusos amores com o crime organizado em troca do voto favelado, e por isso finge estar tudo bem...
Tamanha é a promiscuidade entre um lado (política) e outro (banditismo) que vai às raias da afronta o exemplo atual de um famigerado “líder comunitário” da Rocinha interagindo com o traficante Nem e concomitantemente afinado com políticos de alta envergadura. Ora, será que nenhum deles sabia ou pelo menos desconfiava da ligação do tal “líder comunitário” com o crime organizado do tráfico naquela comunidade, que, por sinal, não pertence à facção CV? Ou será que o Terceiro Comando também “não existe”?... Enfim, até quando essas variadas hordas de traficantes, assaltantes, sequestradores etc. (CV, CVJ, TC, TCP, ADA, Milícias etc.), que crescem proporcionalmente à explosão demográfica, serão solenemente ignoradas, embora elas a mais e mais se evidenciem nas ruas e nos cárceres estatais com símbolos e cores diferentes? Até quando os “especialistas em segurança pública” fingirão não ver o que lhes salta aos olhos? Por que o engodo societário do “está tudo ótimo!” predomina no discurso fragmentado dos “notáveis” que possuem voz na mídia? E a própria voz da mídia, quando ecoará com as necessárias cristalinidade e globalidade?... Ah, não sei!... Vou acabar aceitando a ideia de que as facções criminosas do RJ e de outros Estados Federados são, mesmo, um “besteirol”, embora as fotos e os filmes recolhidos pela polícia na Rocinha mais uma vez confirmem a promiscuidade entre esses lados antagônicos, mas que no RJ se abraçam em harmonia político-eleitoral não é de hoje.
Nem cabe sublinhar exemplos, pois se pode dar a falsa impressão de que são exceções, quando, na verdade, refletem a regra da convivência promíscua entre aqueles que se dizem “líderes comunitários” (sempre colados em políticos influentes) e os marginais de diversas cores em vista de suas facções e símbolos disseminados nas favelas. Porque é tão comum vermos jovens reproduzindo com as mãos as siglas criminosas dominadoras de suas comunidades durante eventos populares que negar esta nefasta influência é estupidez.
Por outro lado, não se pode deixar de considerar o apoio simbólico aos bandidos por comunidades indignadas com o descaso do poder público. Enfim, existe e perdura o crime organizado em facções com marcas registradas e assumidas por favelas dominadas faz tempo pelo banditismo urbano. Associando-se tudo isto ao voto obrigatório, e adrede conhecidos os locais de votação dos favelados, é fácil concluir que o controle desses milhões de votos se dá do modo mais corriqueiro: basta listar os eleitores por Seções e Zonas Eleitorais e lhes cobrar desempenho ameaçando indistintamente os eleitores favelados. Fossem estes liberados do voto, ou não houvesse tantos piquetes controláveis (o voto poderia ser concretizado em qualquer lugar e a informática faria o resto), o cidadão favelado teria sua liberdade de escolha garantida pelo anonimato. Mas os currais eleitorais são imprescindíveis, e o modelo de piquete jamais mudará, pois é de interesse nacional essa falcatrua mantenedora das caras de sempre no poder político municipal, estadual e nacional. Sim, as caras políticas são as de sempre, e, tais como as facções criminosas, defendem ardorosamente suas siglas (partidos), concluindo-se, pois, que permanecerá tudo igual debaixo do atônito firmamento que cobre o Brasil...
Eis uma digressão feita de lugares-comuns, sem dúvida. Mas, como evitá-la, se no Brasil o crime é lugar-comum, o voto de cabresto é lugar-comum, a mídia paga com publicidade estatal é lugar-comum, e o engodo societário é lugar-comum?... Como evitar dizer que a segurança pública no Brasil vai de mal a pior, se isto é lugar-comum conscientemente dissimulado pela natural fragmentação pós-moderna das notícias que só repercutem onde ocorrem os fatos criminosos, exceto quando fere ideologias?... Refiro-me, por exemplo, ao caso dos índios em Mato Grosso do Sul, que vivem na extrema miséria e ainda são mortos por tentarem sobreviver abatendo reses pertencentes a pecuaristas que não se conformam em sofrer prejuízos constantes e consequentes do descaso estatal com as tribos indígenas abandonadas à sorte por essa amamentada esquerda. Antes era culpa da ditadura. Agora é culpa de quem?... Ah, dos matadores de índios e dos latifundiários mandantes do crime! E basta apontá-los através da Grande Imprensa (é fácil investigar e singularizar os culpados, geralmente prejudicados no entorno de onde vivem miseravelmente os índios) para todo o mundo aplaudir a “eficiente esquerda estatal” sem penetrar no âmago da miséria indígena ou da miséria favelada, que dão na mesma miséria institucionalizada Brasil afora. Ora bem, Mato Grosso do Sul que se cuide! Pois, a continuar morrendo índio, vão instalar uma “UPP Nacional do Índio” ("UPPNI") lá em Dourados, Ponta Porã e algures. Pois agora é moda tal como a famosa esponja de aço de mil e uma utilidades...
Nenhum comentário:
Postar um comentário