"Ser-Outro é mandamento, é apelo à responsabilidade. É minha responsabilidade perante a face que me olha.” (Monsenhor Juvenal Arduini)
Aos 65 anos de idade, habituado a caminhar entre ideologias multivariadas exercitando o mesmo poder estatal, pude concluir que muitas situações lhe são comuns. Por exemplo, um tirano só se eterniza em sua tirania se dispuser de força subserviente a sustentá-la. Sem os apegados ao poder o tirano jamais existiria. Mas, infelizmente, o poder é piramidal por natureza e ditatorial por vocação, não importando sua ideologia. E pior, tende a se escudar na subalternidade dos seus agentes, sejam públicos ou privados. E quanto mais servil é o povo, mais tirano é o Estado e seus burocratas. Não importa se eleitos democraticamente, pois aqui o prefixo “demo” tem o sentido predominante de demoníaco e não de demografia ou povo livre. Porque, alçado ao poder pelo voto majoritário ou proporcional, os políticos tendem a não respeitar nada e ninguém, apoiados no servilismo dos servidores públicos a venderem a alma em troca duma lasquinha de poder. E os servidores públicos, em vez de servirem ao Outro, tornam-se igualmente despóticos e se servem a si mesmos...
Este sistema de pressão de cima para baixo, ou de opressão, que melhor fica, tornou-se moda no RJ em razão do atual governante. Acresce ao seu linguajar imoderado, ofensivo e indefectivelmente chulo a gravitação de abominável subalternidade no seu entorno, tal como um sistema planetário em que ele é o “Rei-sol”... Por sua vez, esses servis agentes públicos, arraigados ao poder que temporariamente exercem e querem eternizar, tornam-se tiranos ainda piores. Usam e abusam da força bruta, apelam para o muque contido na subjetividade das leis tacanhas para silenciar a maioria e fazê-la sofrer como o boi na fila do matadouro, demonstrando assim total desrespeito ao Outro.
Impressionante a insensibilidade desses servidores de si próprios e não do Outro; incrível a caradura deles, a ponto de entenderem que o resto do mundo é covarde e submisso. E com este ignominioso pensamento eles seguem atropelando virtudes em favor de suas vaidades e de outros interesses menos nobres. E, nesse torvelinho de arrogância, não se preocupam nem mesmo com o destino de jovens e crianças (o “Outro”). Estão, sim, mais preocupados em rapinar tudo e todos em nome duma impudente subserviência a qualquer maníaco porventura vencedor de eleição “democrática”, entre aspas porque o “demo” do vocábulo, reitero, só pode ser parte do demônio.
Onde esses subservientes pensam que estão? Pensam que manterão encostados na parede todos os afligidos por seus deslizes e desmandos? Acham que todos os rabos se enfiarão por entre as pernas diante da arrogância deles, sempre e sempre?... Não! Não será assim! Alguma coisa há de acontecer para despertar a imensa maioria massacrada por decisões absurdas e/ou intimidadas por armas apontadas ao peito.
Às vezes a morte é preferível a aceitar passivamente o absurdo, especialmente se decretado contra crianças. Ora, crianças têm refúgio na ética, têm escudo na lei, na moral e nos costumes! Não podem ser menoscabadas por adultos irresponsáveis ao máximo despudor. Não! Desta vez não! Os subservientes que se preparem, pois nenhuma ameaça nem arma calará a voz daqueles que são livres e almejam o melhor para as crianças! Sim, sim! Eles existem, não morreram, amam a liberdade e estão prontos para defender o “Outro-indefeso” (as crianças). Porque eles, embora alquebrados fisicamente, estão fortes em espírito e muito ainda percorrerão em altivez a trilha da esperança: “Caminhar é assumir a vida, e crescer historicamente. [...] Enquanto o homem estiver caminhando, há sempre esperança. Pois, a grandeza do homem não está em partir ou chegar, mas em manter-se na estrada.” (Arduini, Juvenal, 1977, p. 177)
2 comentários:
Há horas que dá vontade de gritar, de botar "a boca no trombone" como diz uma gíria antiga, mas outro ditado antigo diz que "seguro morreu de velho" e na dúvida é melhor ir com cautela, pois não sabemos até onde vai a audácia e a covardia dessa gente.
As denúncias de corrupção partem e chegam de tudo que é lado e parece que há uma tendência ao conformismo por parte do povo, que uns chamam de "boiada" outros de "rebanho".
Esta semana vimos uma senhora pobre, moradora da periferia, dar à luz um bebê no meio da rua. No mesmo jornal mostrava dezenas de ambulâncias seminovas paradas, quebradas, aguardando conserto. Percebe-se que tem muita coisa errada, mas parece que o pior delas, ou o mais difícil é o conserto de caráter.
Creio em Deus e também na sua justiça, que se fará no seu devido tempo; creio também que muita gente vai pagar alto preço, cada tostão tirado, meu, seu, do povo.
A história nos conta que determinados Faraós mandavam construir cofres nos seus sarcófagos, onde depositavam todas as riquezas e tesouros para usufruirem na eternidade.
Pelo que se ouve falar por aí, para muita gente vai faltar espaço para esconder aquilo que foi surrupiado do povo.
" Trouxeram-lhe, então ,algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam.
Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.
E tendo-lhes imposto as mãos,retirou-se dali".
( Mateus 19.13-15 )
Não é de hoje que os direitos das crianças são violados. Parece que para alguns o "impor as mãos" é literal.
Parabéns pela indignação!
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