quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ainda sobre as UPPs







De quando em quando sou pressionado por cidadãos para falar sobre UPPs e fico ter o que dizer. Não que as pessoas questionem a validade das UPPs. Na verdade elogiam, mas querem saber quando outras serão instaladas nessa ou naquela comunidade carente próxima de suas casas situadas em bairros distantes dos locais privilegiados pela maquinaria de segurança pública.
Ma verdade as primeiras UPPs objetivaram formar um sistema específico de segurança com vistas à Copa do Mundo e às Olimpíadas, espécie de cinturão protetor do ir e vir nessas ocasiões. Em vista desta inegável intenção governamental, as UPPs aparentam ser uma política de tempo limitado, quiçá tendente à extinção. Tal possibilidade é real, por mais que as autoridades a contestem. No fim de contas, o otimismo oficial esbarra numa dura realidade: não é possível nem mesmo acenar para a criação de UPPs em todas as favelas dominadas pelo tráfico no RJ: são mais de mil. Privilégio para alguns cidadãos favelados (minoria), discriminação de muitos outros (maioria), o que a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, no seu Art. 9º, Parágrafo 1º, proíbe literalmente.
Não digo que as UPPs sejam engodo. Esta ação operativa de conquista do território favelado, seguida dum permanente policiamento preventivo, é efetivamente útil à favela e ao asfalto do seu entorno, as estatísticas de diminuição da criminalidade assim o demonstram. Mas o alcance do benefício é reduzido, se comparado ao todo das necessidades prementes da população fluminense no tocante à segurança individual e comunitária. Por outro lado, não nos devemos também esquecer de que no início da implantação desse programa o discurso das autoridades era obscuro. Não assumiam que a localização das UPPs atendia menos às comunidades carentes e bem mais a vultosos interesses econômicos. Afinal, todos sabem que os patrocinadores dos supracitados eventos, incluindo a grande mídia nacional e internacional, sempre investem e recebem retorno lucrativo de bilhões de dólares nessas ocasiões. Independentemente disso e de outros óbices, porém, as UPPs são vitoriosas. Por enquanto...
Não ponho em dúvida o futuro das UPPs gratuitamente. Faço-o por mera precaução, pois sei que governos mudam e no Brasil as políticas não são públicas, mas “governamentais” ou “pessoais”. Por conseguinte, as UPPs arriscam-se à efemeridade, bastando para tanto assumir um governante interessado em sepultar seu anterior concorrente e tudo findar como bolha de sabão: nem precisa de espeto; estoura sozinha... Na verdade, o que temos visto constantemente no RJ é o predomínio de idiossincrasias políticas com o objetivo único e exclusivo de conquistar e manter o poder. Cá pra nós, quantas vezes vimos em convenções de partidos políticos as mesmas pessoas, atualmente desafetas, de mãos dadas e levantadas para o alto em gesto de união perene?...
As UPPs não fogem a esta regra de conveniência política. Demais disso, elas sintetizam uma brutal contradição em relação à atividade rotineira da PMERJ. A contradição, no entanto, não se prende aos contratempos já enfrentados pelas UPPs (desvios de conduta, morte de inocentes em tiroteios, atentados letais contra PMs etc.). Tais situações fazem parte da rotina corporativa. Refiro-me ao fato de que a operacionalidade da corporação baseia-se na máxima frequência do policiamento. A PMERJ atua de diversas maneiras no ambiente social: no mar, nos rios e mananciais, nas florestas, no ar e na terra firme de regiões urbanas e rurais. É evidente que para abraçar tarefa tão diversificada a instituição depende de fracionar maximamente seu efetivo, evitando aglutiná-lo, e só assim o fazendo sob a forma de policiamento complementar. São complementares aqueles agrupamentos de PMs que vemos esporadicamente nas passeatas populares, nos grandes eventos artísticos ao ar livre, nos estádios em dia de jogo, no Carnaval etc. Enfim, reunir a tropa complementarmente significa cumprir missão de policiamento extraordinário.
A UPP não é forma de policiamento normal. É forma complementar (concentradora de efetivos). Só que esse policiamento, como ocorre no Sambódromo, por exemplo, também é normal no tocante a sua execução, mas é complementar (extraordinário) se se considerar sua permanência no tempo (acontece somente durante o Carnaval). Daí a PMERJ obrigar-se a momentaneamente mobilizar tropa de diversas unidades operacionais. Finda a necessidade extraordinária, esses efetivos retornam às atividades normais em seus ambientes de tarefa. Isto não ocorre com as UPPs, que resultam, afinal, em diminuição dos efetivos fracionados, não importando se os da UPPs são novos, ou seja, oriundos diretamente do CEFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças). Porque, se não houvesse UPP, esses recrutas seriam distribuídos por dezenas de batalhões e fragmentados nos microambientes operacionais diuturnamente. Ora, o “cobertor PMERJ” é curto: na friagem, não aquece simultaneamente todos os pés e cabeças. Ele até se estica como se fosse de borracha para tentar exercitar esta simultaneidade. Mas a borracha costuma perder a elasticidade por fadiga; ou então arrebenta ao ser demasiadamente esticada...

Um comentário:

Anônimo disse...

Comunicado urgente

UNIÃO NACIONAL

PELA PEC 300 - BOMBEIROS, POLICIAIS CIVIS E MILITARES

DIA 12 DE JULHO TODOS OS ESTADOS DEVERÃO IR A BRASILIA

MIL HOMENS POR ESTADO

NÃO SE ESQUEÇAM QUE "O NOSSO GENERAL É CRISTO"

Acessem os links abaixo

http://www.sosguardavidas.com/2011/07/comunicado-urgente.html

http://www.sosguardavidas.com/2011/07/mensagem-urgente.html