sábado, 21 de novembro de 2009

Sobre o anonimato na blogosfera policial





“Nomeia-te, velhaco! Pois quem é honesto não ataca sob máscara e capuz pessoas que passeiam com a face descoberta. Atacar anonimamente pessoas que não escrevem de forma anônima é evidentemente uma infâmia.” (Arthur Schopenhauer)


Movo alguns processos criminais e cíveis contra autores de ofensas anônimas publicadas em alguns blogs cujos moderadores se escudam na profissão jornalística para acolher ofensas contra mim direcionadas por anônimos. Como moderadores, eles poderiam tê-las evitado; em não o fazendo, acolhem como suas as ofensas feitas anonimamente. Pagam o preço, portanto, os moderadores.
Não faço uso do anonimato. Por isso, não visito o tal blog Boca de Sabão. Sei dele pela mídia, e, para ser coerente comigo mesmo, devo dizer que não comungo com anônimos ofensivos, embora aceite críticas construtivas, – mesmo que veementes, – lançadas por anônimos que assim se protegem, alguns até por timidez.
O pseudônimo é uma prática literária universal e eterna. Não deixa de ser uma forma de anonimato e nem por isso é inaceitável. Mas promover a desonra alheia sob o manto da ocultação do mentor nas trevas do anonimato, isto é deplorável. Por isso recorro a Arthur Schopenhauer e sugiro a leitura de sua obra O Ofício do Escritor, da qual extraí a citação em sublinha.
O filósofo não poupa anônimo nem perdoa quem não defende ideias próprias. Ele entende, – e com ele concordamos, – que os autores devam ser identificados, assumindo o que escrevem. Na mesma linha, o mestre condena a linguagem empolada, aliás, muito comum na comunicação escrita até em muitos blogs:

“(...) Assim como se reconhece o plebeu por um certo luxo no modo de vestir (...), reconhece-se a cabeça comum pelo estilo precioso [ou preciosista]... Não há nada mais fácil do que escrever de maneira que ninguém entenda.”

Mas é contra o anonimato que o mestre desfere suas críticas mais indignadas, destacando a perniciosidade dos que “escrevem por dinheiro”, sendo fácil concluir a quem se refere... Para ele, o escritor remunerado procura viver “tão-somente da tolice do público (...), que não quer ler nada além do que foi impresso no dia. Eis aqui a síntese do comentarista anônimo de blogs fofoqueiros e destrutivos. Daí, para encerrar e concordar com a autoridade da PMERJ que se manifestou contra o anonimato destrutivo (o construtivo é válido), destaco mais um trecho de O Ofício do Escritor, dando vivas ao filósofo Arthur Schopenhauer:

“O que acontece na literatura não é diferente do que acontece na vida: para onde quer que se volte, depara-se imediatamente com a incorrigível plebe da humanidade, que se encontra por toda parte em legiões, preenchendo todos os espaços e sujando tudo, como as moscas no verão.”

2 comentários:

Rose Mary M. Prado disse...

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

Mário Quintana


O comandante-geral sabe muito bem que se os policiais forem falar em público acabarão recebendo punição, porque parece que na PM só se pode falar BEM. Já apontar os problemas, isso não pode.O tenente-coronel Roberto Alves que o diga! Um total absurdo exonerá-lo do comando só por estar lutando por seus direitos.

Emir Larangeira disse...

Querida amiga

Seu comentário inspirado em Mário Quintana fez-me lembrar outro poeta não menos profundo: Fernando Pessoa. Dele, destaco os versos de um poema que sintetiza um inconformismo sem o qual a vida não tem graça:

"Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz
Ter por vida a sepultura."

Obrigado pelo comentário.