segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eia! Eia!... Viva o Brasil!

O Brasil é um país tropical abençoado por Deus; maravilha igual não há. Aqui, na plaga tupiniquim, sem-teto ganha eleição e logo se torna um com-mansões-fazendas-apartamentos-carrões-boiadas-amantes etc. Que torrão natal bacana!... Há garçom de luvas brancas servindo uísque Royal Salute, champanhe Cristal e vinhos franceses: é assim a disputa em rodízio entre comensais para saber quem é o líder da esperteza. Mordomias e mordomias, tudo chique, nada brega... E a RF, preocupada em abocanhar um pedaço do salário do todo-poderoso, não percebe ou finge não perceber sua mudança de hábito: de pobre-pobre-pobretão a rico-rico-ricaço. A RF também não verifica os títeres paupérrimos que, de repente, ficam milionários e adquirem bens-bens-bens a torto e a torto, jamais a direito... A RF ignora a mudança de fachada da família: os novos ricos de rolex e jóias semelhantes; ignora os bajuladores que enricam da noite para o dia; não investiga nenhuma materialidade além do que é declarado em artifícios contábeis “on line”...
E a grana se transforma em gado e embriões livres de tributos, em diamantes contrabandeados e contas do exterior, em viagens constantes sem quaisquer razões maiores que gastar a res furtiva em Las Vegas ou conferir contas fantasmas em paraísos fiscais; todas decorrentes de estranhas res inter alios... Eta país-paisão! E não é difícil verificar, por exemplo, um político sem nada possuir além de prestações atrasadas, mas depois de alguns anos recebendo só o salário, nunca mais comprar a prazo; sim, nada gasta para viver milionariamente e acumula fortuna sem jamais ter tido outros negócios antes de ganhar a eleição. Mas depois de vencer a primeira e arrepanhar propinas várias, fatura as demais na base do caixa-dois e vai duplicando, triplicando, quadruplicando e quintuplicando a grana e os bens sem sair do mandato e restrito ao limitado contracheque. Torna-se próspero empresário por conta somente do salário oficial. Que maravilha de país tropical! Eia! Eia!... Viva o Brasil!... Sem dúvida, um país miraculoso. Aqui o peixe e o pão multiplicam-se num estalar de dedos do político, como o fez o Cristo Redentor há dois mil e nove anos...









Imaginem se decido dar nomes a esses bois e cavalos de raça?... Hum, haja tremedeira em muitos que aí estão desfrutando das delícias da corrupção desbragada e independente de ideologias. Ou melhor, dependente de uma única ideologia: a da corrupção, que apazigua acirradas divergências num país em que político é honesto até ser apanhado com a mão na botija. Aí a frágil honestidade desaba; desfaz-se a persona dos caras-de-pau que nem contam dinheiro de subsídio, não precisam se preocupar com isto. Deixa-o na continha bancária, sem uso nem para pagar prestações. Curioso... Políticos, salvo raríssimas exceções, só compram à vista. Eta, país-paisão! Não darei nomes, claro. Se o fizer, terminarei meus dias no xilindró. E, cá pra nós, nem é preciso dar nomes: todos sabem!


E o povo?... Ah, o povo segue na procissão dos otários que pagam impostos e taxas até para respirar. Afinal, alguém tem de sustentar a corrutela municipal, estadual e federal. E assim seguirá o rebanho de contribuintes motivados pelos floreios eloquentes desses novos ricos que um dia ganharam uma eleição e dela fizeram a vida em prostituição inimputável. Era assim antes da Revolução Francesa, e o Terror cuidou de decapitar nobres, ricos e até gênios da química que não resistiram ao poder do vil metal e a ele se entregaram de corpo e alma. Mas (pasmem!) o povo continuou refém de burgueses e reduzido à menos-valia do seu suor onerado por tributos a sustentar os verdadeiros mandatários: os capitalistas de todos os naipes e seus prepostos políticos.
Eta mal resistente! Dizem que, se houver uma hecatombe a atingir o planeta Terra, só as baratas e talvez os ratos sobrevivam. Não creio. Os corruptos, estes sim, resistirão e reiniciarão uma nova era de... corrupção. E por fim me indago: como acabar com isso sem fazer eclodir outra Revolução Francesa, mas em território tupiniquim?... Ah, que revolução que nada! Não será preciso, a autodestruição caminha a passos largos no corte das florestas, no tal “desenvolvimento sustentável”, sob a alegação que no lugar da árvore cortada brotará outra mais pujante e a floresta renascerá no futuro. Não renascerá! Permanecerá nos cofres bancários transformada no verde dos dólares que se multiplicam mais rapidamente que as árvores, os peixes e os pães do milagre que não mais virá. A não ser que a hecatombe globalizada seja o milagre esperado... Pior é que morreremos juntos com os maus, eis o preço que pagaremos por não expurgá-los antes. Para tanto, porém, devemos ser maus como eles, um dilema difícil senão impossível de ser vencido. Esperemos, pois, a intervenção divina, em resignação de “gado de rebanho”. Oremos!...

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