“O mundo está perigoso para se viver! Não por
causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta
de que não viram.” (Albert Einstein)
A violência no RJ
No
país dos “especialistas” o maior tempo da mídia é ocupado por notícias
sensacionalistas e acaloradas discussões sobre a violência e a criminalidade
que assolam o Estado do Rio de Janeiro. A Região Metropolitana apresenta o
quadro mais alarmante, fato que não exclui do problema outros recantos
fluminenses antes caracterizados como refúgios de paz e tranquilidade.
Enquanto
um precioso tempo é perdido em elucubrações, a síndrome da insegurança
instala-se e se amplia como um vírus resistente. Os crimes episódicos e
isolados são coisas do passado, pois há muito deram lugar à proliferação da
criminalidade organizada, cuja violência está cada vez mais intolerável,
destacando-se os crimes de sangue.
A
organização empresarial e a sofisticação do crime, além de garantirem mais
lucros, agradam aos marginais em virtude do menor risco e da comprovada
impunidade. Seu principal elemento propulsor é o tráfico de drogas, que já
absorveu a cultura internacional do narcotráfico.
A desvalorização da vida humana –
resultado de inúmeros crimes de morte que ocorrem atualmente no estado – associa-se
à indiferença popular; a sociedade, passiva e conformada, não reage em aversão à
aflitiva e insustentável situação. E o que é pior: por absoluta
irresponsabilidade da mídia, e em razão dos seus preconceitos político-ideológicos
– que já se tornaram moda no Brasil –, o foco das discussões restringe-se à
crítica ao aparelho policial, por ser ele mais visível e facilmente vinculado à
ditadura.
Enquanto isso, a sociedade assiste ou é
coadjuvante direta do dantesco espetáculo, que tem como enredo principal a
violência e o crime: é bandido matando bandido; é bandido matando polícia; é
polícia matando bandido; são grupos de polícia mineira ou de extermínio matando
indistintamente bandidos, cidadãos e policiais; são quadrilhas sequestrando,
assaltando e matando pessoas inocentes etc. Para completar esse nefasto e
calamitoso espetáculo, tem-se a violência no trânsito, que fere e mata homens,
mulheres e crianças numa absurda anormalidade que parece não mais estarrecer os
sofridos cidadãos, pois tudo isto se tornou lugar comum no cotidiano da vida
coletiva.
É hora de repensar esse drama – com
total isenção, sem subterfúgios ou deturpações da realidade – e apontar
alternativas pragmáticas para minimizá-lo e torná-lo pelo menos tolerável. É
momento urgente de rediscutir esta aflitiva questão social, sem preocupação com
o precioso tempo do rádio e da televisão ou com o espaço exclusivo da mídia
impressa. Para tanto, é necessário que a sociedade se mobilize, através da
universidade, da igreja, dos núcleos comunitários, das entidades de classe, das
instituições públicas e privadas etc., para aprofundar a reflexão com
seriedade.
Não adianta mais a manutenção da
discussão no continente da mídia e do seu inevitável sensacionalismo, mas sim
aprofundá-la para atingir seu verdadeiro conteúdo. É hora de convocar
especialistas comprovados para que ocupem o espaço que lhes pertence, e,
juntamente com a sociedade, busquem reencontrar os rumos norteadores da melhor
providência. Caso contrário, ultrapassaremos o limite histórico da inércia e
assistiremos, num futuro bem próximo, a prevalência e definitiva do crime
organizado sobre a sociedade.
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