11 de maio de 2016
Por um lado:
(1) “No Rio,
35 policiais mortos neste ano: [...] e 128 foram feridos à bala no Estado do
Rio”(primeira página de O Globo de ontem ,10/05/2016); – (2) “No
primeiro trimestre do ano, 156 PMs são baleados no Rio”. (
noticias.band.uol.com.br, 09 de Maio de 2016); – (3) “PMs do Rio morrem 35 vezes mais do que policiais americanos“.
(oglobo.globo.com, 12/01/2015); – (4) “Rio é o estado onde mais PMs
são mortos no país”. (odia.ig.com.br, 14/10/2015).
Por outro lado:
(5) “Rio de Janeiro tem a polícia mais letal do país”.
(noticias.uol.com.br, 01/12/2015); – (6) “Polícia do Rio de Janeiro é a
que mais mata no mundo”. (www.estadao.com.br, 09/07/2008); – (7) “Polícia
do Rio mata 39% a mais e segue impune, diz anistia”. (www.bbc.com, em
03/08/2015, mostrando aumento entre 2013 e 2014 no estado). Referência:
Relatório da Anistia Internacional Brasil 2015, segundo o qual “entre
2005 e 2014 foram registrados no estado 8.446‘homicídios
decorrentes de intervenção policial”.
Ainda:
(8) “Brasil
tem o maior número absoluto de homicídios do mundo, diz OMS”.
(globo.com/globo-news, em 10/12/2014). Referência: relatório de 2014 da
Organização Mundial de Saúde (OMS), relativo a dados de 2012; – (9) “Em
2015, 95 pessoas foram vítimas de balas perdidas no RJ”.
(Rádio BandNews Fluminense (11/08/2015).
Bem, são dados que
carecem de verificação mais acurada. Alguns me parecem exagerados. De qualquer
forma, refletem uma triste realidade. Em resumo, temos: (a) – a maior matança
do mundo (64 mil homicídios em 2012, de acordo com o relatório da OMS, referido
acima, número superior ao da Índia (52 mil), país com 1 bilhão e 200 milhões de
habitantes); (b) – os policiais brasileiros, em particular os do Rio de
Janeiro, seriam os que mais morrem e que mais matam; e (c) – possivelmente,
temos o maior número de vítimas de balas perdidas do planeta.
A pergunta a fazer
é a seguinte: como conseguimos isso? Preocupante é a naturalização desse
flagelo, ouvindo-se, amiúde, o incitamento a mais violência estatal para conter
a violência dos bandidos, legitimando a matança: “Tem que matar mais!”
É compreensível a
revolta diante da audácia dos bandidos, dos assaltos, latrocínios, tiroteios,
arrastões, mortes, e de tanta insegurança e medo, o que leva os cidadãos
a não refletir sobre as causas do que está acontecendo entre nós.
Uma coisa é certa:
se o caminho um dia trilhado deu resultado, é evidente que hoje não dá mais. Os
meios utilizados para conter a violência do crime só têm feito aumentá-la.
Maquiavel justificava os meios sob a condição de que atingissem os fins.
No fundo, independentemente de medidas racionais de
médio prazo, é como se o Brasil estivesse sofrendo para conciliar-se com o seu
passado. Como pôr fim à matança? Matando?…
MEU COMENTÁRIO
Caro mestre, excelente cotejo! Leva-nos a pensar,
porém, que as guerras de todas as formas assolam a humanidade desde que os
seres humanos se tornaram gregários. A guerra é, sem embargo, a mais importante
de todas as calamidades sociais, superando as epidemias. Neste mundo das
guerras, mudam-se as motivações, mas o resultado são os confrontos e os
vencedores costumam ser os mais fortes. Por isso os povos fracos e despreparados
para a guerra foram escravizados ou dizimados. Dispensam-se os exemplos. Desta
inelutável situação que representa a maior deformação espiritual do ser humano,
conclui-se que somente o poder de dissuasão de um dos lados poderá conter o
ímpeto do outro em guerrear. O ideal, claro, seria sempre e sempre a paz. Mas o
real é a guerra, o que se torna necessário vencê-la ou evitá-la demonstrando
mais força. Neste reduzido aspecto, as forças estatais são mais fracas que as
forças criminosas. Por conta desta inferioridade, não inibem os criminosos. Em
contrário, estimulam-nos a guerrear. E suas ações sistemáticas resultam no
quadro aterrador que você resume com a sabedoria de sempre, permitindo-nos
especular como agora faço. Parabéns e obrigado pela oportunidade!
Eu queria saber sua opinião sobre qual o grau de responsabilidade moral e jurídica dos usuários de drogas, principalmente das classes mais abastadas do Rio de Janeiro?
ResponderExcluirEmir disse:
ResponderExcluircaro anônimo, creio que o grau de responsabilidade de usuários pertencentes à elite não é diferente do grau de responsabilidade dos pés de chinelo que vão longe em quantidade nas filas do pó em favelas. Provei isto em 1989, numa operação na Favela de Acari com a observação direta da imprensa. Em apenas uma hora, numa só rua da favela, numa sexta-feira, de 19h a 20h, detive 250 viciados assumidos, todos com drogas no bolso, todos pobres. A imprensa fotografou, foram levados à DP e liberados. Naquela época, o traficante Cy de Acari vendia mais de um milhão de dólares de cocaína em "esticas" destinadas à Zona Sul, mas o consumo por pessoas simples era estupendo. Deve ser assim ainda hoje. A verdade é que o vício não escolhe classe social, donde se conclui que os pobres consomem mais porque representam mais de 77% da população brasileira, no mais ou no menos. É uma lógica cruel, mas é assim que funciona. Pior é que por não ser liberado o uso de drogas muita gente vai para as prisões como "traficante", embora não passe de usuário, ou seja, doente. Não defendo nem condeno a ideia da liberação do uso. Apenas constato. Ah, o Cy da Acari correspondia em prestígio ao Fernandinho Beira-Mar de hoje. Eu o prendi, mas os negócios dele jamais pararam de funcionar. Vou tentar postar aqui no blog a reportagem sobre "a fila do pó".
Emir disse:
ResponderExcluirAo anônimo:
Postei a reportagem.
ResponderExcluirCARO AMIGO EMIR LARANGEIRA,
Concordo plenamente:
VIS PACEM, PARABELLUM!!