segunda-feira, 6 de julho de 2015

RIO EM GUERRA XCVII



 COMPLEXO DO ALEMÃO E DA MARÉ

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

"3 jul 2015 – Jornal Extra
Tiroteio no Alemão deixa quatro mil sem aula
Um dia após 7 mil ficarem fora da escola na Maré, ontem foi a vez de alunos da favela na Zona Norte.
A situação no Alemão piorou nos últimos dois anos – Aparecida de Oliveira irmã da copeira baleada

Um dia após um tiroteio que deixou dois moradores da comunidade Nova Brasília feridos — a copeira Fátima Aparecida Gomes de Oliveira, de 27 anos, e o estudante João Vitor, de 11 — 3.967 alunos ficaram sem aulas, ontem, em duas escolas municipais e três Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) da região do Complexo do Alemão.

FABIANO ROCHA



Marcas de tiros num carro no Alemão: depois do tiroteio, quase 4 mil alunos ficaram sem aula

Fátima foi baleada no peito pouco depois do início de um confronto entre PMs e traficantes: assustada com os estampidos, ela acabou sendo atingida quando saiu de sua residência para buscar os dois filhos, que jogavam bola em um campinho. João Vitor, por sua vez, levou um tiro na perna esquerda enquanto voltava para casa, após um treino de futebol. Os dois estão internados no Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
— A violência está demais, a situação no Alemão piorou nos últimos dois anos. Fátima sempre teve muito medo de tiroteios. Um dos filhos dela, que tem apenas 12 anos, passou a noite em claro, em estado de choque. Ele e o irmão foram hoje (ontem) para a casa do pai, em Maricá, mas ligam o tempo todo perguntando pela mãe — disse Aparecida de Oliveira, irmã da vítima.
João Vitor, que sofreu uma fratura exposta, falou ontem, por telefone, ao “G1”. Apesar de ainda não ter previsão de alta, ele esbanjou otimismo e disse que espera se recuperar logo para voltar a jogar futebol.
Durante o tiroteio, que começou na noite de quarta-feira, traficantes abriram fogo contra uma equipe da UPP da favela Nova Brasília que passava pela localidade conhecida como Praça do Terço.
O patrulhamento foi reforçado com homens do 16º BPM (Olaria). A 22ª DP (Penha) tenta descobrir de onde partiram as balas perdidas.

Outra matéria do Jornal Extra

3 jul 2015 - Extra

Rio teve um fuzil apreendido por dia

Um fuzil foi apreendido por dia, em média, entre janeiro e maio deste ano no Estado do Rio. A informação foi divulgada, ontem, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), que lançou o primeiro relatório mensal “Apreensão de armas de fogo”. De acordo com o balanço, elaborado com base em registros de delegacias e da Coordenadoria de Inteligência da PM, foram recolhidos 174 fuzis no período, um aumento de 51% em relação aos cinco primeiros meses de 2014, quando o número ficou em 115.

Outra matéria do Jornal Extra

3 jul 2015 Extra Marcos Nunes jnunes@extra.inf.br COLABORARAM Ana Cláudia Costa e Antônio Werneck

 

Militares dizem que ocupação fez o lucro do tráfico cair 79%

Segundo levantamento de Exército e Marinha, valor foi de R$ 1,2 milhão para R$ 250 mil

A ocupação feita por militares do Exército e da Marinha, entre abril de 2014 e 30 de junho de 2015, no Complexo da Maré, teria reduzido em até 79% o lucro obtido pelo tráfico com a venda de drogas no conjunto de favelas da Zona Norte. Dados de um trabalho de inteligência feito pela Força de Pacificação revelam que, antes do início da ocupação militar, os traficantes vendiam mensalmente cerca de R$ 1, 2 milhão em drogas como cocaína, maconha e crack. Com a presença dos militares, os números teriam despencado para cerca de R$ 250 mil por mês.
Um dossiê foi repassado para as forças de segurança estaduais, que assumiram o policiamento da Maré na última terça-feira. Entre as informações repassadas, estão os nomes e apelidos dos responsáveis pelo tráfico no conglomerado de favelas.
O principal alvo apontado no relatório é Thiago da Silva, Folly, o TH. Sucessor do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, que foi preso em março de 2014, TH é acusado de ser o maior representante da facção criminosa, que controla a venda de drogas em 11 das 16 comunidades da Maré.
Também aparecem no relatório os nomes de outros três traficantes. Um deles é Alexandre Ramos Nascimento, o pescador, segundo na hierarquia da quadrilha de TH.
Os outros dois nomes são de traficantes de uma facção rival ao bando de TH.
Jorge Luiz Moura Barbosa. o Alvarenga, é acusado de controlar o tráfico na favela Parque União. Já Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, é o responsável pelo tráfico na comunidade Nova Holanda.
O dossiê também conta com imagens , algumas gravadas com auxílio de um drone (avião não tripulado), de áreas do Complexo da Maré.
No tempo em que atuou na Maré, a Força de Pacificação contou com 2.700 militares na região. Um deles foi morto em um ataque de traficantes.
Durante a ocupação, os militares realização mais de 83 mil ações. No total, foram 674 prisões e 1.356 apreensões de drogas, armas, munição e veículos, entre outros itens.

MEU COMENTÁRIO

Não sei como as Forças Armadas conseguiram tanta precisão estatística para difundir tal prejuízo do tráfico durante a ocupação do Complexo da Maré. Por outro lado, sei que os serviços de inteligência das forças militares federais funcionam de fato, sabem diagnosticar e traçar cenários reais. São excelentes profissionais, sem dúvida! Tenho então a informação como verdadeira, em especial porque muitos usuários devem ter sido afugentados e o comércio deve ter naturalmente diminuído no período.

Mas, se a notícia é alvissareira por um lado, é preocupante por outro, pois a PMERJ, com apenas 400 homens destacados em substituição aos 3000 integrantes das FFAA, talvez não consiga inibir os usuários com a mesma intensidade, o que também naturalmente fará aumentar o tráfico e seus lucros. Sim, não será fácil à briosa manter o mesmo nível de excelência no patrulhamento ostensivo porque peca pela quantidade. Por outro lado, a índole do PM é mais de buscar o prejuízo dos traficantes aproximando-se deles e esmiuçando lugares que podem ter passado ao largo das FFAA por falta de maior vivência, o que é natural.

São, com efeito, duas tropas extremamente diferentes no modo de atuar, o que nos permite supor, sem ufanismo, mas com otimismo, que os 400 PMs saberão se desdobrar no seu cotidiano de atuação na Maré, em especial por ser ali terreno plano. A verdade é que a Favela da Maré, mesmo emblemática, tal como a Rocinha e o Complexo do Alemão, leva desvantagem em virtude do fácil acesso a pé, o que torna o patrulhamento da PMERJ mais eficiente e eficaz. Demais disso, há o 22º BPM na porta da Maré, o que permitirá a cobertura imediata do patrulhamento ostensivo por efetivo adrede aquartelado nas imediações. Por isso vou apostar no sucesso da PMERJ na substituição às Forças Armadas, embora não possa negar que a corporação faz milagre ao multiplicar seu efetivo...



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