quinta-feira, 2 de julho de 2015

RIO EM GUERRA XCV

MAIS AÇÃO NO COMPLEXO DO ALEMÃO

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

Obs.: texto jornalístico sem as fotos por conta deste articulista.

“Do G1 Rio

2/07/2015 08h28 - Atualizado em 02/07/2015 12h37

Tiroteio no Alemão deixa mulher em estado grave e menino ferido no Rio

Fátima Aparecida Gomes, de 27 anos, estava em casa quando foi atingida.

Garoto de 11 anos brincava quando foi alvejado, mas não corre risco de morte.

Uma mulher de 27 anos e um menino de 11 foram baleados durante um intenso tiroteio que acontecia no conjunto de favelas do Alemão na manhã desta quinta-feira (2). Ela foi identificada como Fátima Aparecida Gomes de Oliveira e tem estado grave, segundo o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde foi hospitalizada. Ele, David Soares, passou por cirurgia e não corre risco de morrer.

O tiroteio começou depois que os policiais foram atacados por traficantes armados enquanto faziam patrulhamento de rotina às 23h desta quarta (1°), segundo a UPP. Pelo menos dez policiais militares teriam sido encurralados por criminosos na região durante cerca de sete horas, de acordo com a 22ª DP; o batalhão negou a informação.

"Nem relatos de que os policiais foram encurralados e nem relatos de que os policiais chegaram atirando são cabíveis neste momento. Nós estamos falando de um policiamento de proximidade que é realizado naquela área, que é densamente povoada, e que foram gratuitamente atacados. O policiamento continuará naquela região e continuaremos com as ações com o objetivo de inibir o trânsito livre de criminosos naquela localidade", afirmou o Major Ivan Bláz, coordenador do Comando de Polícia Pacificadora.

Fátima estava na varanda de casa quando levou um tiro no peito. David Soares estava brincando com a irmã quando foi baleado. Os dois foram socorridos e levados para a mesma unidade. Segundo moradores, o resgate não chegou e Fátima precisou ser carregada pela escadaria pelos vizinhos e só chegou ao pronto socorro uma hora depois de ser baleada.

 “Muita tristeza, muita revolta. Eu estava dentro do meu quarto quando eu escutei muitos tiros, muito tiro mesmo, e de repente eu ouvi minha irmã gritando. Ela gritava muito, ela gritava o meu nome e eu não podia sair para socorrer ela, porque ela mora do meu lado. Quando parou um pouco os tiros, foi quando eu saí correndo para ver ela, e ela estava na varanda caída com um tiro no peito”, afirmou a irmã da vítima.

Nesta manhã, o Jornal Voz das Comunidades mostrou as marcas deixadas pelos tiros. Um carro foi metralhado e uma parede, com xingamentos contra a Unidade de Polícia Pacificadora, também tinha marcas de balas.

Uma feira de trabalho que aconteceria no sábado (6) foi cancelada por conta da violência. De acordo com os organizadores, nas duas edições anteriores do projeto 1,5 mil pessoas foram encaminhadas para o mercado de trabalho.


ESCOLAS FECHADAS E TELEFÉRICO

Cerca de 2 mil alunos da rede municipal de ensino tiveram as aulas suspensas na manhã desta quinta-feira. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), duas escolas e três Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) foram afetadas pela operação policial na região. A SME disse ainda que o conteúdo perdido vai ser reposto.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informou que suas unidades funcionavam normalmente nesta manhã. A Supervia informou que o teleférico operava sem restrições.

SAIBA MAIS

Ainda durante a madrugada, a polícia esteve no hospital para conversar com os parentes das vítimas e iniciou a investigação. Esse é o terceiro tiroteio intenso no conjunto de favelas do Alemão somente essa semana. No início da semana, uma outra criança de três anos foi vítima de uma bala perdida.

De acordo com o delegado Carlos Eduardo Rangel, a  comunicação com os policiais foi difícil durante toda a madrugada. “Os policiais militares mal conseguem falar ainda com as nossas equipes aqui na base. Eles estão com uma dificuldade muito grande. Eles estão próximos à base. Eles estavam retornando para sua base, quando foram atacados”, afirmou o delegado Carlos Eduardo Rangel.” (Grifos do G1)

MEU COMENTÁRIO

Há momentos em que me sinto exausto, como se estivesse remando contra uma turbulenta correnteza sem o barco sair do lugar, ou sendo por ela levado ao abismo da queda d’água. Parece até pesadelo, no qual me vejo num labirinto sem saída. Creio que a PMERJ vivencia pesadelo semelhante no Complexo do Alemão e em outros lugares onde as UPPs talvez não se devessem enfiar. Mas se enfiaram...

Como insinuou o Jornal O Globo outro dia, a ganância de votos nas últimas eleições fez com que alguns políticos ignorassem o sombrio futuro da PMERJ em virtude de suas inconsequências. E assim a instalação de UPPs tornou-se paranoia, claro que jamais assumida por quem quer que seja. Mas o resultado aí está a infernizar a vida de uma corporação que paga o preço de sua máxima submissão nesses últimos dez anos. Mas isto não é novidade; na verdade, trata-se de cultura antiga das PPMM pátrias. Na condição de forças reservas do Exército Brasileiro, elas sempre foram submissas; jamais foram independentes no exercício da sua missão de mantenedora da ordem pública segundo as leis, a doutrina e as técnicas referentes a esta específica missão. Ah, as PPMM já nasceram de quatro lá nos idos monárquicos ou imperiais...

Demais disso, e talvez por isso, não são poucos os críticos de dentro e de fora a insinuarem com razão que a PMERJ é como a esponja de “Bombril”, ou seja, possui “mil e uma utilidades”. Já outros reclamam que a PMERJ é a “Geni” também não sem razão. Eu diria, sendo igualmente repetitivo, que a PMERJ é “saco de pancadas” desde que o próprio Estado do Rio de Janeiro se pôs assim no contexto da ditadura, tal como aconteceu com o Estado da Guanabara, que já nasceu morto. E o enterro de ambos, RJ e GB, fez-se num só vai-volta, em 1975, sem direito a choro ou lágrima. A PMERJ é primeiramente consequência desta teratogênese...

Que mais dizer aqui ante a singeleza do major coordenador do Comando de Polícia Pacificadora, este, que não pode mudar seu discurso e admitir publicamente que a briosa se vê em local e hora errados? Como admitir a desproporção de forças diante do adverso? Como assumir para si o ônus da verdade a ser dita? Ora, impossível!

Daí é que a PMERJ continuará a remar contra a correnteza e a dirigir na contramão de uma realidade que lhe dá trombadas a todo instante, e em tal velocidade que nem nós, pobres comentaristas amantes da briosa, conseguimos respirar. Enquanto isso, mais inocentes são vitimados por tiroteios sem lógica ou técnica. Apenas reações...

Pior é que está assim e continuará assim, até que desça a trovoada e os raios acertem alguma cabeça coroada, o que é difícil, senão impossível, é mais fácil achar a cabeça de um novato PM, pois são muitos os novatos mantidos debaixo de trovões e raios que não param de se derramar sobre a tropa em locais nos quais não há espaço para a paz. No fim de contas, os bandidos entrincheirados em favelas querem é guerra, e não há como lhes oferecer nada além do BOPE em exaustivo “acerto de contas”...

Mas, até quando o BOPE suportará carga tão pesada sobre seus ombros?...





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