MAIS AÇÃO NO COMPLEXO DO ALEMÃO
“O mundo está perigoso para se viver!
Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de
conta de que não viram.” (Albert Einstein)
Obs.: texto jornalístico sem as fotos por conta deste articulista.
“Do G1 Rio
2/07/2015 08h28 - Atualizado
em 02/07/2015 12h37
Tiroteio
no Alemão deixa mulher em estado grave e menino ferido no Rio
Fátima
Aparecida Gomes, de 27 anos, estava em casa quando foi atingida.
Garoto de 11 anos brincava quando foi alvejado, mas não corre risco de morte.
Uma mulher de 27 anos e um menino de 11 foram baleados durante um intenso
tiroteio que acontecia no
conjunto de favelas do Alemão na manhã desta quinta-feira (2). Ela foi
identificada como Fátima Aparecida Gomes de Oliveira e tem estado grave,
segundo o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde foi hospitalizada. Ele, David
Soares, passou por cirurgia e não corre risco de morrer.
O tiroteio começou depois que os policiais foram atacados por
traficantes armados enquanto faziam patrulhamento de rotina às 23h desta quarta
(1°), segundo a UPP. Pelo menos dez policiais militares teriam sido
encurralados por criminosos na região durante cerca de sete horas, de acordo
com a 22ª DP; o batalhão negou a informação.
"Nem relatos de que os policiais foram encurralados e nem relatos
de que os policiais chegaram atirando são cabíveis neste momento. Nós estamos
falando de um policiamento de proximidade que é realizado naquela área, que é
densamente povoada, e que foram gratuitamente atacados. O policiamento
continuará naquela região e continuaremos com as ações com o objetivo de inibir
o trânsito livre de criminosos naquela localidade", afirmou o Major Ivan
Bláz, coordenador do Comando de Polícia Pacificadora.
Fátima estava na varanda de casa quando levou um tiro no peito. David
Soares estava brincando com a irmã quando foi baleado. Os dois foram socorridos
e levados para a mesma unidade. Segundo moradores, o resgate não chegou e
Fátima precisou ser carregada pela escadaria pelos vizinhos e só chegou ao
pronto socorro uma hora depois de ser baleada.
“Muita tristeza, muita revolta.
Eu estava dentro do meu quarto quando eu escutei muitos tiros, muito tiro
mesmo, e de repente eu ouvi minha irmã gritando. Ela gritava muito, ela gritava
o meu nome e eu não podia sair para socorrer ela, porque ela mora do meu lado.
Quando parou um pouco os tiros, foi quando eu saí correndo para ver ela, e ela
estava na varanda caída com um tiro no peito”, afirmou a irmã da vítima.
Nesta manhã, o Jornal Voz das Comunidades mostrou as marcas deixadas
pelos tiros. Um carro foi metralhado e uma parede, com xingamentos contra a
Unidade de Polícia Pacificadora, também tinha marcas de balas.
Uma feira de trabalho que aconteceria no sábado (6) foi cancelada por
conta da violência. De acordo com os organizadores, nas duas edições anteriores
do projeto 1,5 mil pessoas foram encaminhadas para o mercado de trabalho.
ESCOLAS FECHADAS E TELEFÉRICO
Cerca de 2 mil alunos da rede municipal de ensino tiveram as aulas suspensas na manhã desta quinta-feira. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), duas escolas e três Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) foram afetadas pela operação policial na região. A SME disse ainda que o conteúdo perdido vai ser reposto.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informou que suas unidades funcionavam normalmente nesta manhã. A Supervia informou que o teleférico operava sem restrições.
SAIBA MAIS
Ainda durante a madrugada, a polícia esteve no hospital para conversar
com os parentes das vítimas e iniciou a investigação. Esse é o terceiro
tiroteio intenso no conjunto de favelas do Alemão somente essa semana. No
início da semana, uma outra criança
de três anos foi vítima de uma bala perdida.
De acordo com o delegado Carlos Eduardo Rangel, a comunicação com
os policiais foi difícil durante toda a madrugada. “Os policiais militares mal
conseguem falar ainda com as nossas equipes aqui na base. Eles estão com uma
dificuldade muito grande. Eles estão próximos à base. Eles estavam retornando
para sua base, quando foram atacados”, afirmou o delegado Carlos Eduardo
Rangel.” (Grifos do G1)
MEU
COMENTÁRIO
Há momentos em que me sinto exausto, como se estivesse remando contra
uma turbulenta correnteza sem o barco sair do lugar, ou sendo por ela levado ao
abismo da queda d’água. Parece até pesadelo, no qual me vejo num labirinto sem
saída. Creio que a PMERJ vivencia pesadelo semelhante no Complexo do Alemão e
em outros lugares onde as UPPs talvez não se devessem enfiar. Mas se enfiaram...
Como insinuou o Jornal O Globo outro dia, a ganância de votos nas
últimas eleições fez com que alguns políticos ignorassem o sombrio futuro da
PMERJ em virtude de suas inconsequências. E assim a instalação de UPPs
tornou-se paranoia, claro que jamais assumida por quem quer que seja. Mas o
resultado aí está a infernizar a vida de uma corporação que paga o preço de sua
máxima submissão nesses últimos dez anos. Mas isto não é novidade; na verdade,
trata-se de cultura antiga das PPMM pátrias. Na condição de forças reservas do
Exército Brasileiro, elas sempre foram submissas; jamais foram independentes no
exercício da sua missão de mantenedora da ordem pública segundo as leis, a
doutrina e as técnicas referentes a esta específica missão. Ah, as PPMM já
nasceram de quatro lá nos idos monárquicos ou imperiais...
Demais disso, e talvez por isso, não são poucos os críticos de dentro e
de fora a insinuarem com razão que a PMERJ é como a esponja de “Bombril”, ou
seja, possui “mil e uma utilidades”. Já outros reclamam que a PMERJ é a “Geni” também
não sem razão. Eu diria, sendo igualmente repetitivo, que a PMERJ é “saco de
pancadas” desde que o próprio Estado do Rio de Janeiro se pôs assim no contexto
da ditadura, tal como aconteceu com o Estado da Guanabara, que já nasceu morto.
E o enterro de ambos, RJ e GB, fez-se num só vai-volta, em 1975, sem direito a
choro ou lágrima. A PMERJ é primeiramente consequência desta teratogênese...
Que mais dizer aqui ante a singeleza do major coordenador do Comando de
Polícia Pacificadora, este, que não pode mudar seu discurso e admitir
publicamente que a briosa se vê em local e hora errados? Como admitir a
desproporção de forças diante do adverso? Como assumir para si o ônus da
verdade a ser dita? Ora, impossível!
Daí é que a PMERJ continuará a remar contra a correnteza e a dirigir na
contramão de uma realidade que lhe dá trombadas a todo instante, e em tal
velocidade que nem nós, pobres comentaristas amantes da briosa, conseguimos
respirar. Enquanto isso, mais inocentes são vitimados por tiroteios sem lógica
ou técnica. Apenas reações...
Pior é que está assim e continuará assim, até que desça a trovoada e os
raios acertem alguma cabeça coroada, o que é difícil, senão impossível, é mais
fácil achar a cabeça de um novato PM, pois são muitos os novatos mantidos debaixo
de trovões e raios que não param de se derramar sobre a tropa em locais nos quais
não há espaço para a paz. No fim de contas, os bandidos entrincheirados em
favelas querem é guerra, e não há como lhes oferecer nada além do BOPE em exaustivo
“acerto de contas”...
Mas, até quando o BOPE suportará carga tão pesada sobre seus
ombros?...
Nenhum comentário:
Postar um comentário