Qual é a
realidade?
“O mundo está
perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa
dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
É esta?...
“Do G1 Rio - 22/07/2015 06h14 -
Atualizado em 22/07/2015 06h14 - Janaína
Carvalho
Policial abandona o fuzil para tentar levar a 'paz' a escolas do RJ
'Papo de Responsa' leva um
diálogo descontraído para os colégios.
Professor de Vigário Geral
cria memorial que visa a valorização dos alunos.
No
lugar do fuzil, um microfone. Em vez da voz de prisão, um “Papo de Responsa”.
Foi dessa forma que o policial civil Beto Chaves trocou as ruas por salas de
aula, onde promove, há seis anos, um diálogo descontraído com os adolescentes
sobre prevenção às drogas e violência, em escolas do Rio de
Janeiro.
“Cometemos
um erro gigantesco quando criminalizamos a juventude. Não existe resposta
rápida para um problema complexo. Se o problema é difícil, as respostas são
difíceis, são complexas. Juventude não é problema, juventude é a solução. Ela é o futuro desse país, o futuro da nossa
sociedade”, diz Beto.
Segundo
o policial, que está há 12 anos na polícia, o momento crucial para a mudança de
rumo aconteceu na sua segunda operação na rua, onde três meninos morreram.
Depois de ver jovens de 16, 18 e 19 anos mortos, resolveu fazer alguma coisa
diferente.
“No 'Papo'
a gente fala sobre a vida, sobre a possibilidade de convivermos de uma maneira
melhor. Trazemos nossos exemplos e, no final, não queremos convencê-los,
queremos fazê-los pensar. Somos ferramenta para eles tomarem essa decisão.
Quando eu fiquei intranquilo lá naquela operação e visualizei a possibilidade
do 'Papo', eu estava com essa intranquilidade e pensando o que dava para fazer
diferente daquilo”, lembra o policial.
Para Beto, introduzir a ideia de que não é apenas com arma que se resolve a questão da violência foi difícil.
“Nossa
instituição é uma das mais antigas. É uma lógica de repetição pela rotina tão
dura que você vive todo dia, que você nem pensa mais, passa para o automático,
é como andar ou respirar. Mas, naquele momento, resolvemos abaixar as armas e
aumentar a voz. Enquanto as armas falarem mais alto do que todos nós, nós vamos
perder e não vamos resolver o problema. Se fosse isso, já teria resolvido o
problema no mundo. As armas fazem parte, mas estão longe de ser a solução. É
impossível estabelecer justiça verdadeira, sem justiça social”, garante o
policial, que dá palestras em escolas públicas e privadas em todo o Estado do
Rio.
Sede do
Papo de Responsa fica na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio
(Foto:
Janaína Carvalho / G1)
Apesar de várias escolas ficarem em áreas consideradas “de risco”, os
policiais que fazem parte do projeto dão as palestras usando roupa da Polícia
Civil. Só no ano de 2014, 26.359 estudantes debateram com policiais civis
questões importantes e de situação de risco no seu dia a dia. No total geral,
29.223 pessoas foram atingidas pelo Programa Papo de Responsa, incluindo
professores e educadores, que têm papel fundamental no processo, já que fazem
parte da rotina dos jovens.
Horta ajuda escola a reduzir violência entre alunos
Horta ajuda escola a reduzir violência entre alunos
Através da auto-valorização, um professor da Escola Municipal Hebert Moses, criou o memorial “Qual é a Graça”, que esclarece e combate o racismo, o preconceito e a discriminação com os negros ou outras formas de intolerância contra qualquer pessoa. Com esses fundamentos, o professor de ciências Luiz Henrique de Melo Rosa fez um jardim temático com a participação dos alunos, onde eles aprendem mais sobre a própria cultura.
Quando surgiu a ideia do projeto, o professor identificou, de imediato, os apelidos pejorativos com os quais os jovens se chamavam. “Eu ouvia ‘macaco’, ‘preto de macumba’, ‘carvãozinho’, ‘neguinho da marola’. Então, resolvi listar e colhi cerca de 300 apelidos relacionados à questão racial negra entre os alunos de 6° e 9° ano”, contou o professor.
Horta na
escola Hebert Moses tem mensagens que combatem o racismo e o preconceito (Foto:
Janaína Carvalho / G1)
O projeto, que existe há cinco anos, se sustenta através de doações de
professores e quermesses realizadas na escola.
“Isso é um trabalho de formiguinha, que todo ano se renova. Como o
colégio é do 6° ao 9° ano, todo ano entra aluno novo e a gente precisa renovar.
Hoje, praticamente, não temos registros policiais como existia antigamente. Se
é possível aprender a odiar, é possível aprender a amar. Não precisamos de
detector de metal aqui na entrada. A mensagem passada de outra forma é mais
eficaz”, garante o professor.”
Ou esta?...
“Do G1 Rio - 22/07/2015 08h29 -
Atualizado em 22/07/2015 08h29
PM
é recebida a tiros no Chapadão, Subúrbio do Rio
Traficantes atearam fogo em barricadas para
impedir passagem da PM.
Até as 8h não havia informações sobre confrontos, presos e apreensões.
Agentes do 41º BPM (Irajá) foram recebidos a tiros no
Conjunto de Favelas do Chapadão, em Costa Barros, no Subúrbio do Rio, ao
iniciarem uma operação para coibir o tráfico de drogas na região na manhã desta
quarta-feira (22).
De acordo com a corporação, os traficantes atearam fogo
em barricadas na entrada da localidade conhecida como Himalaia para impedirem a
passagem dos blindados da PM. Até as 8h não havia informações sobre confrontos,
presos e apreensões.”
MEU
COMENTÁRIO
De um lado, o esforço pela paz. Do outro, os
confrontos de sempre entre a PMERJ e traficantes, nos cenários de sempre
(favelas do Rio). De um lado, o ato isolado de um policial civil que, segundo o
título da matéria, “abandona o fuzil para tentar levar a ‘paz’ a escolas do RJ”.
(a ‘paz’ está grifada pelo autor da matéria, já significando ser um conceito
estreito e irreal).
É lógico que esta ‘paz’ não é real, o que não
desmerece a iniciativa isolada do policial civil enquanto cidadão e professor.
Também é certo que outras iniciativas isoladas podem servir de exemplo às autoridades, despertando-as para a execução de programas amplos e reais de
mudança de atitude entre os jovens nascidos em comunidades carentes, assim tentando afastá-los de comportamentos criminosos. Isto não se consegue só com
discursos, operetas e outras abobrinhas que aplaudimos de longe das favelas...
Também não se pode usar o contraponto da bela
iniciativa do policial civil para exaltar a PCERJ e menoscabar a PMERJ, pois
ambas, na verdade, costumam externar gestos individuais semelhantes, mas como
instituições estatais cumprem mal sua missão constitucional. Sim, ambas deixam
a desejar no contexto geral do que fazem, valendo a sublinha da crítica
desferida pelo policial civil à repórter, talvez mais importante que seu gesto
isolado:
“Nossa instituição é uma das mais antigas. É
uma lógica de repetição pela rotina tão dura que você vive todo dia, que você
nem pensa mais, passa para o automático, é como andar ou respirar. Mas, naquele
momento, resolvemos abaixar as armas e aumentar a voz. Enquanto as armas
falarem mais alto do que todos nós, nós vamos perder e não vamos resolver o
problema. Se fosse isso, já teria resolvido o problema no mundo. As armas fazem
parte, mas estão longe de ser a solução. É impossível estabelecer justiça
verdadeira, sem justiça social”, garante o policial, que dá palestras em
escolas públicas e privadas em todo o Estado do Rio.
Perfeito! Pena que seja utopia!... Sim, o policial civil é perfeito no pronunciamento quando se reporta à inútil rotina da polícia
no enfrentamento do tráfico em favelas! É verdade, sim!... São polícias automatizadas, sim, mas em
burrice, com todo respeito aos burros, sempre lembrando que fui um deles, afirmo-o em eterna penitência...
Mas, de volta à realidade, se é que existe
alguma neste universo complexo e ininteligível, a que sentimos na pele é a dos
confrontos entre policiais e marginais da lei, com mortes de lado a lado, mais parecendo
vingança respondida com vingança.
Sim, talvez falte uma corajosa parada no
tempo para pensar ou repensar esses métodos já insanos de tão repetitivos. Sim,
sim, lembra o louco amarrando ininterruptamente o cordão do seu sapato, que,
porém, não existe...
Perda de tempo e de vidas humanas, nada
mais...
Por isso, uma parada no tempo para um “Papo
de Responsa” entre policiais civis e militares não alteraria o contexto, mas o tornaria
mais racional e menos cruel. Para tanto, porém, esse “Papo de Responsa” deve
começar questionando a humilhante subserviência policial a políticos sem
responsabilidade e a instituições que gostam de cavalgar em costado de burro,
sendo certo que dedico o papel de burro às duas polícias em destaque neste
comentário. E quem as cavalga... Bem, que cada um conclua por si mesmo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário