quarta-feira, 22 de julho de 2015

RIO EM GUERRA CXIV

Qual é a realidade?

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


É esta?...

Do G1 Rio - 22/07/2015 06h14 - Atualizado em 22/07/2015 06h14 - Janaína Carvalho

Policial abandona o fuzil para tentar levar a 'paz' a escolas do RJ

'Papo de Responsa' leva um diálogo descontraído para os colégios.

Professor de Vigário Geral cria memorial que visa a valorização dos alunos.




No lugar do fuzil, um microfone. Em vez da voz de prisão, um “Papo de Responsa”. Foi dessa forma que o policial civil Beto Chaves trocou as ruas por salas de aula, onde promove, há seis anos, um diálogo descontraído com os adolescentes sobre prevenção às drogas e violência, em escolas do Rio de Janeiro.

“Cometemos um erro gigantesco quando criminalizamos a juventude. Não existe resposta rápida para um problema complexo. Se o problema é difícil, as respostas são difíceis, são complexas. Juventude não é problema, juventude é a solução. Ela é o futuro desse país, o futuro da nossa sociedade”, diz Beto.

Segundo o policial, que está há 12 anos na polícia, o momento crucial para a mudança de rumo aconteceu na sua segunda operação na rua, onde três meninos morreram. Depois de ver jovens de 16, 18 e 19 anos mortos, resolveu fazer alguma coisa diferente.

“No 'Papo' a gente fala sobre a vida, sobre a possibilidade de convivermos de uma maneira melhor. Trazemos nossos exemplos e, no final, não queremos convencê-los, queremos fazê-los pensar. Somos ferramenta para eles tomarem essa decisão. Quando eu fiquei intranquilo lá naquela operação e visualizei a possibilidade do 'Papo', eu estava com essa intranquilidade e pensando o que dava para fazer diferente daquilo”, lembra o policial.

Para Beto, introduzir a ideia de que não é apenas com arma que se resolve a questão da violência foi difícil.

“Nossa instituição é uma das mais antigas. É uma lógica de repetição pela rotina tão dura que você vive todo dia, que você nem pensa mais, passa para o automático, é como andar ou respirar. Mas, naquele momento, resolvemos abaixar as armas e aumentar a voz. Enquanto as armas falarem mais alto do que todos nós, nós vamos perder e não vamos resolver o problema. Se fosse isso, já teria resolvido o problema no mundo. As armas fazem parte, mas estão longe de ser a solução. É impossível estabelecer justiça verdadeira, sem justiça social”, garante o policial, que dá palestras em escolas públicas e privadas em todo o Estado do Rio.


Sede do Papo de Responsa fica na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio
(Foto: Janaína Carvalho / G1)

Apesar de várias escolas ficarem em áreas consideradas “de risco”, os policiais que fazem parte do projeto dão as palestras usando roupa da Polícia Civil. Só no ano de 2014, 26.359 estudantes debateram com policiais civis questões importantes e de situação de risco no seu dia a dia. No total geral, 29.223 pessoas foram atingidas pelo Programa Papo de Responsa, incluindo professores e educadores, que têm papel fundamental no processo, já que fazem parte da rotina dos jovens.

Horta ajuda escola a reduzir violência entre alunos

Através da auto-valorização, um professor da Escola Municipal Hebert Moses, criou o memorial “Qual é a Graça”, que esclarece e combate o racismo, o preconceito e a discriminação com os negros ou outras formas de intolerância contra qualquer pessoa. Com esses fundamentos, o professor de ciências Luiz Henrique de Melo Rosa fez um jardim temático com a participação dos alunos, onde eles aprendem mais sobre a própria cultura.

Quando surgiu a ideia do projeto, o professor identificou, de imediato, os apelidos pejorativos com os quais os jovens se chamavam. “Eu ouvia ‘macaco’, ‘preto de macumba’, ‘carvãozinho’, ‘neguinho da marola’. Então, resolvi listar e colhi cerca de 300 apelidos relacionados à questão racial negra entre os alunos de 6° e 9° ano”, contou o professor.


Horta na escola Hebert Moses tem mensagens que combatem o racismo e o preconceito (Foto: Janaína Carvalho / G1)

O projeto, que existe há cinco anos, se sustenta através de doações de professores e quermesses realizadas na escola.

“Isso é um trabalho de formiguinha, que todo ano se renova. Como o colégio é do 6° ao 9° ano, todo ano entra aluno novo e a gente precisa renovar. Hoje, praticamente, não temos registros policiais como existia antigamente. Se é possível aprender a odiar, é possível aprender a amar. Não precisamos de detector de metal aqui na entrada. A mensagem passada de outra forma é mais eficaz”, garante o professor.

Ou esta?...

Do G1 Rio - 22/07/2015 08h29 - Atualizado em 22/07/2015 08h29

 

PM é recebida a tiros no Chapadão, Subúrbio do Rio

 

Traficantes atearam fogo em barricadas para impedir passagem da PM.


Até as 8h não havia informações sobre confrontos, presos e apreensões.



Agentes do 41º BPM (Irajá) foram recebidos a tiros no Conjunto de Favelas do Chapadão, em Costa Barros, no Subúrbio do Rio, ao iniciarem uma operação para coibir o tráfico de drogas na região na manhã desta quarta-feira (22).

De acordo com a corporação, os traficantes atearam fogo em barricadas na entrada da localidade conhecida como Himalaia para impedirem a passagem dos blindados da PM. Até as 8h não havia informações sobre confrontos, presos e apreensões.


MEU COMENTÁRIO

De um lado, o esforço pela paz. Do outro, os confrontos de sempre entre a PMERJ e traficantes, nos cenários de sempre (favelas do Rio). De um lado, o ato isolado de um policial civil que, segundo o título da matéria, “abandona o fuzil para tentar levar a ‘paz’ a escolas do RJ”. (a ‘paz’ está grifada pelo autor da matéria, já significando ser um conceito estreito e irreal).

É lógico que esta ‘paz’ não é real, o que não desmerece a iniciativa isolada do policial civil enquanto cidadão e professor. Também é certo que outras iniciativas isoladas podem servir de exemplo às autoridades, despertando-as para a execução de programas amplos e reais de mudança de atitude entre os jovens nascidos em comunidades carentes, assim tentando afastá-los de comportamentos criminosos. Isto não se consegue só com discursos, operetas e outras abobrinhas que aplaudimos de longe das favelas...

Também não se pode usar o contraponto da bela iniciativa do policial civil para exaltar a PCERJ e menoscabar a PMERJ, pois ambas, na verdade, costumam externar gestos individuais semelhantes, mas como instituições estatais cumprem mal sua missão constitucional. Sim, ambas deixam a desejar no contexto geral do que fazem, valendo a sublinha da crítica desferida pelo policial civil à repórter, talvez mais importante que seu gesto isolado:

“Nossa instituição é uma das mais antigas. É uma lógica de repetição pela rotina tão dura que você vive todo dia, que você nem pensa mais, passa para o automático, é como andar ou respirar. Mas, naquele momento, resolvemos abaixar as armas e aumentar a voz. Enquanto as armas falarem mais alto do que todos nós, nós vamos perder e não vamos resolver o problema. Se fosse isso, já teria resolvido o problema no mundo. As armas fazem parte, mas estão longe de ser a solução. É impossível estabelecer justiça verdadeira, sem justiça social”, garante o policial, que dá palestras em escolas públicas e privadas em todo o Estado do Rio.

Perfeito! Pena que seja utopia!... Sim, o policial civil é perfeito no pronunciamento quando se reporta à inútil rotina da polícia no enfrentamento do tráfico em favelas! É verdade, sim!... São polícias automatizadas, sim, mas em burrice, com todo respeito aos burros, sempre lembrando que fui um deles, afirmo-o em eterna penitência...

Mas, de volta à realidade, se é que existe alguma neste universo complexo e ininteligível, a que sentimos na pele é a dos confrontos entre policiais e marginais da lei, com mortes de lado a lado, mais parecendo vingança respondida com vingança.

Sim, talvez falte uma corajosa parada no tempo para pensar ou repensar esses métodos já insanos de tão repetitivos. Sim, sim, lembra o louco amarrando ininterruptamente o cordão do seu sapato, que, porém, não existe...

Perda de tempo e de vidas humanas, nada mais...

Por isso, uma parada no tempo para um “Papo de Responsa” entre policiais civis e militares não alteraria o contexto, mas o tornaria mais racional e menos cruel. Para tanto, porém, esse “Papo de Responsa” deve começar questionando a humilhante subserviência policial a políticos sem responsabilidade e a instituições que gostam de cavalgar em costado de burro, sendo certo que dedico o papel de burro às duas polícias em destaque neste comentário. E quem as cavalga... Bem, que cada um conclua por si mesmo...


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